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Para sobreviver, videolocadoras vendem até bicho de pelúcia

Empresas investem em filmes de melhor qualidade, parcerias com grandes varejistas e venda deartigos sem relação direta com cinema

8 mai 2015 - 07h00
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Há muito tempo, numa galáxia distante, para assistir a um filme recém-saído dos cinemas era preciso ir até uma videolocadora. Na década de 1990, quando esses estabelecimentos atingiram o auge de sua popularidade, eles estavam presentes em mais de 60% dos municípios brasileiros, ao passo que, em pleno ano de 2010, apenas 7% das cidades do país contavam com salas de cinema, de acordo com um estudo da Agência Nacional de Cinema. Não é exagero, portanto, dizer que boa parte dos brasileiros teve o seu primeiro contato com a sétima arte ao alugar fitas de vídeo ou DVDs.

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Os números mostram, no entanto, que alugar um filme está se tornando algo do passado. Entre 2007 e 2014, dois terços de todas as videolocadoras que existiam no Brasil fecharam as portas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estas empresas, que estavam presentes em 63,9% das cidades em 1999, em 2012 foram localizadas em apenas 43,2% dos municípios. 

Em 1999, havia videolocadoras em 64% dos municípios do Brasil, segundo o IBGE. Em 2012, eram 43%
Em 1999, havia videolocadoras em 64% dos municípios do Brasil, segundo o IBGE. Em 2012, eram 43%
Foto: 2001 Vídeo / Divulgação

A diminuição do uso de DVDs, a popularização da TV a cabo, o acesso a filmes e seriados pela internet e, principalmente, a pirataria, atacaram este mercado de todos os lados. Mas é possível sobreviver e enxergar perspectivas para o futuro. É o que vem fazendo a rede de franquias 100% Vídeo, a maior do gênero do Brasil. A companhia tem 49 unidades em oito diferentes estados. É bem menos do que no auge, em 2008, quando eram 98 lojas.

“Apostamos na qualidade. Só na videolocadora você tem a tecnologia Blu-ray e conta com áudio de até 7.1 e uma maior variedade de filmes 3D”, afirma o diretor de marketing da empresa, Pedro Alexandre. Além disso, as fusões e as formações de grandes redes, em parceria com supermercados e videolocadoras independentes, permitem alcançar capilaridade e levar as lojas para o comércio de bairro. Os franqueados são estimulados a vender também de pipocas a sorvetes italianos, além de livros. Algumas unidades da rede oferecem itens de decoração (como canecas estilizadas) e bichos de pelúcia.

Disseminação de TV a cabo, acesso via internet e pirataria enfraqueceram o setor. A maior rede de franquias do Brasil, a 100% vídeo, chegou a ter 98 lojas; hoje, são 49
Disseminação de TV a cabo, acesso via internet e pirataria enfraqueceram o setor. A maior rede de franquias do Brasil, a 100% vídeo, chegou a ter 98 lojas; hoje, são 49
Foto: 100% Vídeo / Divulgação

Já a 2001 Vídeo, de São Paulo, redimensionou a rede e reduziu o número de lojas, para manter o foco em sua clientela mais antiga e cativa. “As primeiras lojas inauguradas permanecem até hoje, Paulista e Pinheiros”, afirma a proprietária, Sonia Abreu. “Em relação às que fechamos, tiveram um aumento expressivo no número de clientes em um determinado período, porém foi este mesmo público que deixou de frequentar.” A empresa aposta em uma clientela fiel, de aficionados por cinema, e mantém um site de comercialização que recebe 15 acessos por minuto. Também passou a fornecer filme para três grandes varejistas, e pretende ampliar esse tipo de parceria.

Várias locadoras também apostam na diversificação, oferecendo outros produtos e serviços, como alimentos, itens de papelaria, informática e serviços de fotografia e lan house. Para a diretora executiva da União Brasileira de Vídeo e Games (UBV&G), Tânia Lima, oferecer diferenciação de produtos e serviços é um caminho. “As exigências dos consumidores são bastante específicas e avaliar região, tipo de público, até nicho de mercado, pode fazer toda a diferença”, afirma. “Outra oportunidade a ser avaliada pelos empresários é a inclusão de games na disponibilidade do acervo de produtos. É surpreendente a rejeição dos gamers à pirataria.”

“Os desafios são grandes. Hoje se exige muito mais trabalho e criatividade para convencer uma pessoa a economizar suas horas nas redes sociais para assistir a um filme”, diz Sonia Abreu, da 2001.

Fonte: PrimaPagina
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