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Da vida de CEO para empreendor social 'em série'

Fábio Silva, fundador da Transforma Brasil, vai inaugurar em agosto a 'Casa Zero' em Recife, espécie de 'shopping do bem' que reunirá centenas de projetos sociais

2 ago 2022 - 05h11
(atualizado às 10h58)
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Formado em administração de empresas com MBA em gestão empresarial e ex-presidente de uma rede de odontologia fundada por sua família, Fábio Silva tem um currículo que poderia ser confundido com o de um gestor da Avenida Faria Lima, o principal corredor financeiro do Brasil. Mas foi no empreendedorismo social que ele fincou suas raízes há mais de uma década. O evento que levou ao início de uma mudança de carreira foi uma enchente de grandes proporções que arrasou Recife (PE), sua cidade natal, afetando de forma muito mais grave as comunidades carentes. Isso foi em 2010. "Depois disso, não consegui mais parar", conta.

Foi três anos depois, quando ainda equilibrava na bandeja o empreendedorismo social com a vida de presidente do Centro Ortodônticos do Brasil, rede que se consolidou como um dos maiores do Nordeste, que uma bolsa, concedida pelo Departamento de Estado dos EUA para estudar empreendedorismo social, o ajudou a tomar a decisão de vez. Foi o que faltava para que em 2014 decidisse em abandonar a vida corporativa para se dedicar integralmente aos projetos sociais.

Desde então, seus projetos foram acelerados e ganharam escala. Logo depois de deixar a empresa da família, fundou o Transforma Brasil, rede de voluntários hoje com 1,8 milhão de pessoas cadastradas e com presença internacional. E outros projetos de cunho social vieram na esteira. Agora, Fabio, por meio do Transforma Brasil, vai lançar em agosto uma espécie de "Shopping do Bem" em Recife, já batizado de Casa Zero. Pela primeira vez será inaugurado um espaço de coworking de 4 mil metros quadrados e que vai abrigar quase 400 projetos sociais, que não pagarão pelo espaço. "O Brasil voltou ao mapa da fome, há 120 milhões de pessoas em segurança alimentar", afirma, lembrando sobre o pano de fundo do lançamento do projeto.

Fábio Silva inaugura no Recife a Casa Zero, 'shopping do bem' que reunirá centenas de projetos sociais Foto: Caio Alencastro/ Divulgação

O novo espaço, na região metropolitana de Recife, tem como uma das missões mudar a vida de uma das comunidades com o mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região, a Comunidade do Pilar, onde moram 1,5 mil pessoas. O projeto possui hoje cerca de 50 grandes patrocinadoras, além de pessoas físicas ligadas à filantropia.

O shopping está sendo instalado em um prédio público, sem uso há dez anos. Para colocar o projeto em pé, a iniciativa privada foi atraída para fazer o investimento de reforma e preparação do local. Haverá por lá, por exemplo, uma cafeteria, com mão de obra da comunidade do Pilar, com atenção ao fluxo de turistas no local. Estão sendo preparadas oficinas, cursos de atividades que poderão ajudar na geração de renda, como culinária, com diversas salas de aula e atividades de cursos técnicos, sendo que alguns espaços serão bancados por empresas.

Casa Zero, em Recife, trará impacto para os 1,5 mil moradores da Comunidade Pilar, um dos mais baixos IDHs da cidade Foto: Divulgação

Nos planos está a replicação do projeto pelo Brasil por meio de franquias. Em Belo Horizonte e São Paulo, onde o Transforma Brasil tem uma presença forte, já há interesse de empresas para copiar o modelo. A ideia é de que cada shopping seja, ao contrário do que se pensa, lucrativo. "Mas o lucro será para o reinvestimento social", diz. Além de incorporar o 'S', de Social, nas empresas, Fábio lembra que existe ainda incentivo fiscal.

Atento ao modelo de franquia, que ajuda a rápida expansão de muitas empresas no Brasil, especialmente do varejo, foi desenvolvido dois tipos de shoppings que podem ser levados para outras regiões. Além do modelo tradicional, como o montado em Recife, será ofertado um menor, que poderia ser instalado dentro de uma universidade, por exemplo.

Os interessados no projetos serão levados a calcular qual o impacto social do projeto na sua região e o seu modelo econômico. "Isso para a empresa saber quanto vai investir e saber qual o impacto social. E que haverá lucratividade, para mostrar em quanto tempo o projeto se paga. E esse lucro ser utilizado para gerar mais impacto", afirma.

Estadão
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