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Devolução de mais R$200 bi ao Tesouro é inviável e vai acabar com BNDES, diz representante de funcionários

3 jan 2019 - 18h55
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A devolução pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de mais 200 bilhões de reais ao Tesouro Nacional, como sugerido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, pode achatar os investimentos no país e reduzir o papel do banco na economia, disse um representante dos funcionários da instituição.

 11/01/ 2017. REUTERS/Nacho Doce
11/01/ 2017. REUTERS/Nacho Doce
Foto: Reuters

Em seu discurso primeiro discurso após empossado como ministro da Economia, Guedes defendeu na véspera a devolução dos recursos ao Tesouro e o que ele chamou de desestatização do mercado de crédito no país.

"É inviável, é equivalente a falar que vai acabar com o BNDES", afirmou o vice-presidente da Associação de Funcionários da instituição, Arthur Koblitz.

"Está todo mundo muito preocupado, a gente não quer acreditar que quem vai assumir a diretoria do banco vai assumir com essa agenda", continuou. "Se esses 200 bilhões acontecerem é para liquidar o BNDES."

O banco de fomento ainda deve 270 bilhões de reais à União, por empréstimos que recebeu de governos petistas para sustentar seus programas. Desde 2015, contudo, o BNDES vem antecipando esses pagamentos. A liquidação já soma 310 bilhões de reais, sendo que 130 bilhões de reais foram devolvidos no ano passado.

O novo presidente do BNDES, Joaquim Levy, tomará posse na segunda-feira. Indicado ao posto por Guedes, Levy é conhecido pelo alinhamento intelectual com o novo ministro. Ambos têm doutorado na Universidade de Chicago, considerada o templo mundial do liberalismo econômico.

O ministro da Economia disse que o encolhimento do banco fará com que a vida fique um pouco mais difícil para quem vivia à sombra do Estado. Também apontou que, ainda que menor, o banco será "muito mais importante qualitativamente".

"Do BNDES, por exemplo, queremos o dinheiro da União de volta, queremos despedalar. Queremos os 500 e poucos bilhões (de reais) que foram dados. 300 já voltaram? Só faltam 200", afirmou Guedes em seu discurso.

Quando Levy foi indicado ao comando do BNDES, uma fonte da equipe de transição disse à Reuters que, entre as suas principais missões estariam ampliar os investimentos em logística e infraestrutura, apoiar privatizações e venda de ativos públicos, desenvolver inovação e novas tecnologias e liderar a reestruração financeira de Estados e municípios.

Koblitz, da Associação de Funcionários do BNDES, afirmou que a entidade já procurou intermediários de Levy para conversar a respeito do tema, mas que um encontro ainda não foi marcado.

Ele defendeu que sem uma atuação robusta do banco de fomento a alternativa de financiamento seria os bancos estrangeiros, com captações em dólares sujeitas às variações cambiais. Em relação aos bancos nacionais, disse que eles "nem capital de giro fazem direito".

Se há equívocos em políticas de apoio do BNDES, disse Koblitz, isso pode e deve ser debatido sob um viés técnico, e não político.

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