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Credores da Saraiva aprovam plano de recuperação judicial com troca de comando

Rede concordou em tirar Jorge Saraiva Neto da presidência e em formar novo conselho; editora que continuar a fornecer livro receberá 60% dos créditos

29 ago 2019 - 15h50
(atualizado em 30/8/2019 às 12h35)
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A rede de livrarias Saraiva fechou acordo com seus credores no âmbito de sua recuperação judicial, em assembleia realizada nesta quinta-feira, 29. A empresa, que tinha dívidas de R$ 674 milhões em novembro de 2018, quando solicitou a proteção da Justiça para renegociar seus débitos, concordou com a pressão das editoras para mudar sua gestão. Assim, conseguiu fechar a questão depois de vários adiamentos.

O mercado de livrarias sofreu dois baques seguidos no ano passado, quando duas das principais forças deste mercado - a Cultura e a Saraiva - pediram recuperação judicial. A Saraiva, que hoje tem menos de 80 lojas (no passado, chegou a ter mais de 110), é a empresa líder do setor. A Cultura conseguiu aprovar o plano de recuperação mais rapidamente, em abril.

Para garantir o fluxo de novos livros, a Saraiva vai reduzir em 40% os valores das dívidas com as editoras - desde que essas empresas continuem a fornecer produtos mediante crédito. Os 60% dos débitos serão pagos, nesse caso, em até 15 anos. Para os credores quirografários, que não têm garantia real (que inclui as editoras), o desconto aplicado será de 95%, com 15 anos para receber os 5%.

A empresa também concordou em mudar o comando da empresa, hoje nas mãos de Jorge Saraiva Neto. Agora, será formado um novo conselho de administração, com cinco membros, sendo dois da família que dá nome à rede de livrarias. As partes também concordaram que vão buscar um executivo de mercado para comandar a companhia.

Dificuldades em várias frentes

Apesar de a venda de livros ter apresentado uma pequena alta em 2018 - de cerca de 5% em valores, segundo o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) -, a Saraiva lembrou, em seu pedido de recuperação judicial, que o preço do produto tem subido bem menos do que a inflação. Segundo a companhia, enquanto o IPCA - índice oficial de inflação - subiu 53,8% de 2000 a 2017, o valor unitário do livro avançou 8%, na mesma comparação.

As dificuldades da companhia não estão, no entanto, restritas ao varejo de livros. A Saraiva também saiu de categorias em que a rentabilidade é mais baixa - como a venda de produtos de tecnologia, na qual precisa bater de frente com pesos pesados como a Via Varejo (dona de marcas como Casas Bahia e Ponto Frio) e FastShop.

A entrada no segmento foi decidida há alguns anos, como uma tentativa de "proteção" à perspectiva de queda nas vendas de livros. No ano passado, a companhia encerrou as atividades de 19 pontos de venda, sendo oito lojas tradicionais e 8 unidades iTown, que vendiam produtos de tecnologia da marca Apple. Neste processo, cortou 700 funcionários.

Estadão
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