PUBLICIDADE

Corte de produção da Vale deve abater 10% do crescimento do PIB em 2019

Redução de 92,8 milhões de toneladas na produção de minério pode prejudicar a indústria extrativa e tirar 0,2 ponto porcentual do PIB este ano, segundo cálculo da FGV; efeito pode ser em parte compensado por alta de produção esperada na Petrobrás

13 abr 2019 - 22h11
Compartilhar
Exibir comentários

A redução da produção de minério de ferro da Vale deve ter um impacto devastador para Minas Gerais e, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o efeito para a economia brasileira também é considerável. Cálculo feito a partir do peso da indústria extrativa no Produto Interno Bruto (PIB) mostra que o corte estimado pela Vale de 92,8 milhões de toneladas de minério - 23% da produção do País - deve gerar um impacto de 0,2 ponto porcentual no PIB nacional em 2019. Ou seja: considerando a média das estimativas para o avanço da economia este ano (que é de quase 2%), 10% do crescimento deve se perder na esteira da tragédia de Brumadinho, que deixou 277 vítimas, entre mortos e desaparecidos.

Em Minas, a restrição da produção da Vale - seja em resposta a sentenças judiciais ou por decisões internas - terá um efeito brutal, segundo a Fiemg, federação das indústrias do Estado. Além de prever que, mantida a situação atual, 850 mil vagas podem ser fechadas, a entidade calcula que o PIB estadual só vá avançar 0,8% este ano - menos de um quarto da projeção anterior, de 3,3%. "Temos de aprender com os fatos (de Brumadinho e Mariana), mas os efeitos na economia são perversos", diz o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe. Para ele, após a tragédia de Brumadinho, a Vale adotou "posição conservadora".

Enquanto para Minas a saída do buraco financeiro depende da retomada da produção da Vale, a compensação para o Brasil pode vir de outra fonte, segundo a FGV. A Petrobrás anunciou que pretende elevar a produção de petróleo em 10% em 2019. Caso a previsão se confirme, diz a pesquisadora Luana Miranda, do Ibre/FGV, metade do efeito negativo no PIB seria eliminado, reduzindo a perda para 0,1 ponto porcentual, ou 5% do avanço estimado para 2019.

O reflexo da redução na extração da Vale é mais agudo para municípios como Itabira, Nova Lima, Ouro Preto e Mariana, que têm até 90% da arrecadação atrelada à mineradora. Diante dessa dependência, a Vale anunciou repasse de R$ 100 milhões, nos próximos três meses, para garantir que as cidades tenham como pagar funcionários e serviços essenciais.

Embora essa compensação para a perda de arrecadação resolva a questão de curto prazo, a Amig, associação dos municípios mineradores, diz que a ordem econômica só se restabelecerá com a retomada da produção. "Nas minas Timbopeba (Ouro Preto), Alegria (Mariana) e Brucutu (São Gonçalo do Rio Abaixo), a questão pode ser resolvida até o meio do ano", diz Waldir Salvador, consultor da Amig.

Procurada, a Vale diz que a estimativa de corte de 92,8 milhões de toneladas para o ano segue válida. Destaca que "a produção nessas localidades só será retomada quando a segurança das estruturas estiver assegurada".

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade