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Construção é como 'Ferrari com freio de mão puxado', diz representante do setor

Segundo José Carlos Martins, presidente da CBIC, aumento recorde nos preços de materiais impede que o setor amplie as contratações e atinja o nível de atividade esperado

26 jul 2021 - 11h54
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O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, afirmou nesta segunda-feira, 26, que a recuperação do setor está ocorrendo em ritmo abaixo do seu potencial. "O setor da construção é como uma Ferrari com freio de mão puxado", disse, durante entrevista coletiva à imprensa. "Poderíamos ter recorde de contratações e geração de empregos. Mas uma série de temores aos empresários fizeram com que não chegássemos ao nível de atividade ao qual poderíamos chegar."

O principal problema, segundo ele, foi o recorde de alta nos preços de materiais. De acordo com a Sondagem da Construção realizada pela CBIC, 55,5% dos empresários consultados no segundo trimestre relataram problemas como disparada nos custos ou até mesmo desabastecimento.

O presidente da CBIC voltou a defender a redução no Imposto de Importação do aço para favorecer a oferta do produto para o mercado local.

Outro problema, segundo Martins, foram os ruídos na proposta de reforma tributária, que apontavam para um potencial aumento da carga tributária do setor, tema que continua provocando incertezas.

Martins destacou ainda a queda nos financiamentos com recursos do FGTS para compra e construção de imóveis. "O financiamento com FGTS estancou", disse, referindo-se à queda nos empréstimos dessa modalidade no primeiro semestre. O crédito via FGTS atende a produção de imóveis para população da baixa renda, onde se concentra 90% do déficit habitacional. "Os recursos do FGTS estão sendo voltados para outros fins. E o aumento de custo inviabiliza projetos nessa categoria", complementou.

A economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, também alertou para a inflação acima da meta do governo e para a consequente elevação da taxa básica de juros, que tende a provocar aumentos nas taxas de juros do crédito imobiliário.

Pelo lado positivo, ela citou projeções mais satisfatórias para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional, uma melhora paulatina da confiança dos empresários e o recente avanço na vacinação contra a covid-19 no Brasil.

Mesmo com as dificuldades citadas, a CBIC projeta que o PIB do setor vai subir 4% este ano. Se confirmado, o resultado será o maior desde 2013, quando aumentou 4,5%. A economista ponderou, entretanto, que a melhora do PIB da construção não significa um forte crescimento. De 2014 a 2020, o setor acumula queda de 33,34% nas atividades.

Estadão
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