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Congresso pode não aprovar Previdência ideal, mas aprovará boa reforma, diz Maia em entrevista

25 abr 2019 - 07h58
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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse na noite de quarta-feira que o Congresso Nacional pode não aprovar uma reforma da Previdência "ideal", mas fez a avaliação de que o Parlamento será capaz de aprovar um bom texto para alterar as regras de acesso às aposentadorias.

Presidente da Câmara, Rodrigo Maia
05/02/2018
REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia 05/02/2018 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Em entrevista à GloboNews, o presidente da Câmara reconheceu que não tem uma boa relação pessoal com o presidente Jair Bolsonaro, mas afirmou que isso é irrelevante, uma vez que tem convergências com a agenda econômica defendida pelo governo, especialmente com as mudanças previdenciárias.

"A Previdência vai ser aprovada... Eu não trabalho com esse cenário (de não aprovar Previdência)", disse Maia. "Pode não ser a Previdência ideal, mas uma boa Previdência eu sei que o Parlamento vai aprovar", acrescentou.

Maia reiterou que as mudanças propostas no texto encaminhado pelo governo ao Congresso na aposentadoria rural e no Benefício de Prestação Continuada (BPC) deverão ser retiradas da reforma durante a discussão da proposta na comissão especial, que será instalada nesta quinta para discutir a matéria.

Ele disse ainda que a proposta de um regime previdenciário de capitalização precisará ser "muito bem explicada" para ter chance de prosperar.

O presidente da Câmara, que recentemente teve atritos e trocas de farpas públicas com Bolsonaro, negou que isso afete seu papel institucional como presidente da Câmara.

"Não é uma boa relação pessoal que eu tenho com ele, mas para mim isso não é relevante. Para mim o relevante é que ele tem uma agenda econômica que me estimula, que me dá energia para todo dia acordar cedo e ir dormir tarde para aprová-la. Isso para mim é que é o importante", garantiu Maia, que na entrevista também assegurou que Bolsonaro poderá contar com ele no apoio à Previdência e a outras reformas.

Maia fez ainda a avaliação de que o modelo de relação com os políticos adotado por Bolsonaro pode estar dando "a grande oportunidade" para a democracia brasileira.

"Acho que o que falta na relação dos partidos --não digo nem do Congresso-- com o governo, é a gente compreender qual a agenda, qual é o objetivo e como é que os partidos participam nisso. Ou não participam. Eu não sou contra não participar. Eu, ao contrário, acho que talvez seja a grande oportunidade da democracia brasileira que o presidente Bolsonaro está nos dando", disse.

"A gente conseguir implementar o Orçamento impositivo que existe em todos os países do mundo, menos no Brasil. A gente conseguir --do meu ponto de vista, eu sei que não é muito fácil-- acabar com as medidas provisórias, que é um instrumento autoritário, que tira poder do Parlamento que é onde as leis precisam ser aprovadas e depois sancionadas. Talvez seja o momento histórico de a gente reafirmar a nossa democracia restabelecendo o poder do Parlamento brasileiro."

PAPEL MODERADOR

Em um momento de crise entre o vice-presidente Hamilton Mourão e o entorno de Bolsonaro --mais especificamente o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente-- Maia elogiou alguns dos militares do primeiro escalão do governo Bolsonaro, como os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo), assim como Mourão, que é general da reserva do Exército.

Na avaliação do presidente da Câmara, os militares exercem um "papel moderador" dentro da gestão Bolsonaro, que avaliou como "importante".

Indagado sobre as críticas constantes que Carlos Bolsonaro vem fazendo contra o vice-presidente em suas redes sociais, também após Mourão responder a ataques feitos pelo escritor Olavo de Carvalho --apontado como um guru dos seguidores do presidente--, Maia avaliou que o episódio "dá a impressão" de estar tirando do governo a energia necessária para tratar de temas mais relevantes.

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