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Comércio global e inflação ao produtor dos EUA pesam e bolsas de NY caem

9 nov 2018 - 20h28
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Os mercados acionários americanos voltaram a mostrar perdas expressivas nesta sexta-feira, 9, o que limitou os ganhos semanais das bolsas de Nova York. O noticiário envolvendo o comércio global voltou a pregar cautela nos negócios, ao mesmo tempo em que temores quanto a futuras elevações nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) continuaram a se fazer presentes. As ações de empresas de tecnologia puxaram o movimento de recuo em Nova York, tendo sido acompanhadas de perto pelo setor financeiro, com papéis de bancos exercendo forte pressão.

O índice Dow Jones encerrou o pregão desta sexta-feira em queda de 0,77%, mas apresentou ganho semanal de 2,78%; já o S&P 500 caiu 0,92%, embora tenha apresentado alta de 2,01% na semana. O mesmo aconteceu com o índice Nasdaq, que chegou a cair mais de 2,3% durante o pregão, mas fechou em baixa de 1,65 e conseguiu apresentar avanço de 0,63% na semana.

Comentários do diretor do Conselho de Comércio da Casa Branca, Peter Navarro, pesaram nos negócios e fizeram com que as bolsas nova-iorquinas apresentassem perdas expressivas. Tanto o Dow Jones quanto o S&P 500 chegaram a cair mais de 1% durante a sessão, enquanto o Nasdaq, nas mínimas do dia, perdeu mais de 2,3%. Com os investidores aguardando a reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, no âmbito da cúpula de líderes do G-20, em Buenos Aires, no fim deste mês, os agentes não digeriram com otimismo afirmações de Navarro de que um acordo comercial sino-americano será moldado conforme o desejo de Trump, e não de acordo com o que Wall Street demanda.

"Se Wall Street estiver envolvida e continuar a se insinuar nessas negociações, haverá um cheiro podre em torno de qualquer acordo que seja consumado porque terá o aval do Goldman Sachs e de Wall Street", afirmou o assessor de comércio da Casa Branca. Ao citar o Goldman Sachs, Navarro afetou as ações do banco americano, que fecharam em baixa de 3,89% - um movimento bastante acentuado, principalmente quando comparado a papéis de outros bancos, que também apresentaram perdas, como o JPMorgan (-0,97%) e o Wells Fargo (-0,23%).

Ainda sobre o setor bancário, o diretor do Fed Randal Quarles comentou durante a manhã que o banco central está considerando revisões que poderiam tornar os cenários de testes de estresse mais consistentes a cada ano e dar aos bancos seus resultados antes da conclusão de planos de retorno aos acionistas.

"Esperamos que o conflito comercial entre EUA e China se mantenha, apesar de uma aparente reaproximação recente, e que a incerteza em torno dessas questões continuem elevadas", afirmou, em nota a clientes, a economista Susan Joho, do Julius Baer. Para ela, dados recentes da balança comercial chinesa sugerem que as exportações do gigante asiático se mantiveram fortes em outubro, apesar da desaceleração da atividade econômica no país. Não por acaso, papéis de empresas do setor industrial americano, que são mais sensíveis às tensões comerciais, apresentaram perdas consideráveis, com o subíndice do segmento no S&P 500 em queda de 1,00%. Entre elas, a ação da 3M perdeu 1,46% e a da Caterpillar cedeu 3,41%.

Quanto à política monetária, os agentes continuaram a monitorar indicadores da economia americana para encontrar pistas sobre o ritmo de aperto a ser empregado pelo Fed, após o banco central reiterar que pretende continuar com o processo de elevação gradual das taxas de juros. Durante a manhã, o Departamento do Trabalho dos EUA divulgou que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) do país subiu 0,6% na passagem de setembro para outubro, na maior alta mensal desde setembro de 2012 e acima das expectativas de analistas, que apontavam para avanço de 0,3%.

Estadão
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