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Com variação cambial, endividamento da Embraer sobe para R$ 16,106 bi no 3º tri

30 out 2018 - 10h15
(atualizado às 13h26)
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A Embraer encerrou o terceiro trimestre deste ano com um endividamento de R$ 16,106 bilhões, um aumento de R$ 442,8 milhões, ou 2,8%, em relação ao registrado no segundo trimestre. Conforme a empresa, isso decorre principalmente da variação cambial do período.

Já no terceiro trimestre do ano passado, o total de financiamentos da companhia era de R$ 13,644 bilhões, conforme os números reapresentados devido às novas regras contábeis (IFRS 15 e IFRS 9).

Ao final do terceiro trimestre de 2018, as dívidas de curto prazo somavam R$ 1,313 bilhão, enquanto o endividamento de longo prazo totalizava R$ 14,792 bilhões. Da dívida total, 11% é denominada em reais.

Considerando o perfil da dívida, o prazo médio do endividamento recuou de 5,6 anos no fim de junho para 5,5 anos em setembro. Nesse mesmo período, a relação do Ebitda nos últimos 12 meses ante as despesas sobre os juros caiu de 1,76 vez para 1,36 vez.

O custo da dívida em dólar ficou estável ao final do setembro, em 5,27% ao ano. O mesmo aconteceu para o custo da dívida em reais, que também permaneceu estável em 3,45% a.a.

A Embraer reforça que a estratégia de alocação de caixa da companhia continua sendo uma das principais ferramentas para a mitigação do risco cambial. Ajustando a alocação do caixa em ativos denominados em reais ou dólares, a empresa tenta neutralizar sua exposição cambial. Ao final do terceiro trimestre de 2018, o caixa alocado em ativos denominados em dólares era de 85%.

Para 2018, cerca de 45% da exposição em real está protegida caso o dólar se desvalorize abaixo de R$ 3,32. "Para taxas de câmbio acima deste nível, a empresa se beneficiará até um limite médio de R$ 3,75 por dólar", diz a Embraer.

Para 2019, a Embraer já levantou cerca de 90% do hedge zero cost collar, com um piso médio de R$ 3,42 e um teto médio de R$ 4,10.

Representatividade de segmentos

Principal segmento de atuação da Embraer, a aviação comercial diminuiu sua representatividade na receita líquida da companhia no terceiro trimestre de 2018, respondendo por 33,2% do total, contra os 53,7% anotados um ano antes, segundo os números reapresentados em função das novas regras contábeis (IFRS 15 e IFRS 9).

Esse movimento reflete o menor número de entregas de jatos comerciais no trimestre: 15, contra 25 entregues em igual período de 2017. A divisão mostrou redução de sua receita no período, de R$ 1,519 bilhão para R$ 2,211 bilhões (-31,3%).

A fabricante destaca que o crescimento de sua receita líquida consolidada na comparação anual (11,3%, para R$ 4,581 bilhões), apesar da queda das entregas em Aviação Comercial, reflete o melhor desempenho em outros segmentos de negócios - Executiva, Defesa & Segurança e Serviços & Suporte - e também a variação cambial ocorrida no período. Conforme a Embraer, o dólar norte-americano teve uma apreciação de 26% ante o real entre o terceiro trimestre de 2017 e o último trimestre, o que afetou positivamente diversas contas e o resultado divulgado nesta terça.

No sentido contrário, no segmento Executivo, a receita aumentou 82,0%, passando de R$ 685,2 milhões para R$ 1,247 bilhão. Com isso, a divisão ficou com 27,2% da receita total da Embraer no trimestre, contra 16,6% observados um ano antes. Entre julho e setembro deste ano, a brasileira entregou 17 jatos leves e sete jatos grandes, totalizando 24 aeronaves executivas.

A Embraer reiterou a previsão de entregar, em 2018, de 85 a 95 jatos comerciais e de 105 a 125 jatos executivos (70 a 80 jatos leves e 35 a 45 jatos grandes). "A companhia espera que as entregas dos segmentos de Aviação Comercial e Aviação Executiva aumentem significantemente ao longo do quarto trimestre de 2018", afirma.

Em Defesa & Segurança, a receita avançou 86% entre os períodos, para R$ 885,5 milhões. Com isso, a representatividade do segmento atingiu 19,3%, ante 11,6% observados um ano antes.

Já a unidade de Serviços & Suporte teve receita de R$ 919,8 milhões entre julho e setembro, um crescimento anual de 28,2%, representando participação de 20,1% na receita líquida da companhia, 2,7 p.p. acima na base anual.

Por fim, na linha "outros", a receita atingiu R$ 9,5 milhões no terceiro trimestre, correspondendo a 0,2% da receita total da Embraer no período - no mesmo intervalo de 2017, a linha era responsável por 0,7% da receita, com R$ 25,2 milhões.

Use de caixa ajustado

A Embraer registrou uso livre de caixa ajustado de R$ 669,4 milhões no terceiro trimestre de 2018, ante um uso livre de caixa ajustado de R$ 102,0 milhões verificado há um ano.

Esse desempenho decorre, principalmente, do caixa líquido usado pelas atividades operacionais (líquido de investimentos financeiros e ajustado pelos impactos não recorrentes no caixa), no total de R$ 306,7 milhões - ante R$ 334,7 milhões gerados no terceiro trimestre de 2017.

Conforme a fabricante brasileira, o prejuízo líquido do último trimestre e o impacto no capital de giro (devido aos estoques mais altos) são os principais fatores que explicam o maior uso livre de caixa.

Os estoques da Embraer atingiram R$ 11,174 bilhões ao final do último trimestre (ante R$ 7,740 bilhões observados um ano antes), devido ao maior número de entregas programadas para o quarto trimestre deste ano em comparação ao quarto trimestre de 2017.

Com o fluxo de caixa negativo, a Embraer encerrou o trimestre com uma posição total de caixa de R$ 12,580 bilhões. O endividamento da companhia foi a R$ 16,106 bilhões, resultando em uma posição de dívida líquida de R$ 3,525 bilhões.

A Embraer espera gerar um fluxo de caixa livre significativo nos últimos três meses deste ano, impulsionado pela perspectiva de crescimento das entregas de aeronaves. Assim, a empresa manteve a projeção de uso livre de caixa ajustado de US$ 100 milhões ou menos em 2018.

Estadão
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