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Com problema na safra dos EUA, ADM vende milho do Brasil à Smithfield, dizem fontes

4 jun 2019 - 13h32
(atualizado às 14h42)
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A unidade brasileira da Archer Daniels Midland e outros comerciantes de grãos não identificados estão vendendo milho para os Estados Unidos, disseram duas fontes com conhecimento do assunto, citando a Smithfield Foods como compradora do cereal sul-americano.

Milho importado do Brasil é descarregado em armazém no México 
21/02/2018
REUTERS/Henry Romero
Milho importado do Brasil é descarregado em armazém no México 21/02/2018 REUTERS/Henry Romero
Foto: Reuters

As compras feitas pela maior produtora de carne suína do mundo ocorrem em um momento em que os EUA registram um atraso histórico no plantio de milho, diante de enchentes que estão atrapalhando os trabalhos e ameaçam reduzir a colheita norte-americana, o que resultou em alta nos preços na bolsa de Chicago.

"Estamos apenas achando destino para o Brasil e abastecendo quem lá (nos EUA) já viu que vai faltar e não quer esperar para pagar mais caro. Apenas sendo mais rápido e nada mais", disse uma fonte na ADM, que não tem autorização para falar publicamente.

As fontes disseram que a Smithfield possui instalações portuárias na Costa Leste, o que facilita negócios com o milho estrangeiro, como já registrado anteriormente, quando a companhia preferiu importar a trazer grãos caros do Cinturão do Milho norte-americano.

De outro lado, o Brasil, segundo exportador global de milho atrás dos EUA, está colhendo uma safra recorde do cereal e tem registrado um câmbio favorável para exportações.

A ADM recusou-se a comentar. A Smithfield não retornou pedidos de comentários. As fontes não forneceram os nomes dos outros operadores que estão exportando.

Uma fonte disse que a Smithfield, subsidiária do grupo chinês WH, teria encomendado entre 5 e 10 remessas de milho do Brasil, com a mercadoria sendo carregada nos navios entre setembro e janeiro.

A outra fonte disse que o Paraguai e a Argentina também estão enviando milho para os EUA, com o total de compromissos envolvendo o produto sul-americano chegando a cerca de 1 milhão de toneladas.

As últimas ocasiões em que o Brasil vendeu quantidades significativas de milho para os EUA foram em 2012 e 2013, quando uma seca fez com que o país se voltasse para a América do Sul em busca de suprimentos.

As exportações brasileiras de milho para os EUA totalizaram 1,7 milhão de toneladas nos dois anos somados, de acordo com dados do governo brasileiro.

EXPORTAÇÃO BRASILEIRA

As vendas para os norte-americanos ilustram como o Brasil poderá tirar proveito de atraso histórico no plantio de milho dos EUA, também o maior produtor mundial.

Além de vender aos EUA, o Brasil também poderá abocanhar mercados tradicionalmente abastecidos pelos norte-americanos.

Os EUA tinham plantado até domingo 67% da área projetada para milho, versus 96% da média dos últimos cinco anos para o período, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) divulgados na segunda-feira.

O governo do Brasil previa que as exportações de milho cresceriam 25% nesta temporada, para 31 milhões de toneladas, mesmo antes que os problemas relacionados ao clima afetassem as plantações de milho dos EUA.

Segundo especialistas, o atraso nas lavouras norte-americanas poderá resultar em uma produção menor, abrindo espaço aos brasileiros.

Consultorias privadas, como a FCStone, já projetam um recorde de 33 milhões de toneladas de embarques do Brasil.

O aumento das exportações brasileiras também será fundamental para reduzir os estoques do país, em níveis próximos de recordes, apesar das históricas exportações.

"Começamos a temporada com a necessidade de exportar pelo menos 30 milhões de toneladas", disse a analista de mercado Céleres Daniely Santos, referindo-se aos altos estoques do Brasil.

Com a perspectiva de uma safra recorde de cerca de 100 milhões de toneladas de milho nesta temporada, o Brasil precisará exportar ainda mais para reduzir a oferta doméstica, disse ela.

O Brasil começou a colher recentemente a segunda safra de milho, que é plantada após a colheita da soja no maior exportador global da oleaginosa.

Com os problemas das chuvas excessivas nos EUA, os preços no Brasil subiram mais de 14% em maio, segundo indicador Esalq/BM&FBovespa, no embalo de uma alta de mais de mais de 15% na bolsa de Chicago, o que favoreceu vendas de produtores brasileiros.

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