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Com Previdência, compulsório e Caged, juros fecham de lado, com viés de baixa

27 jun 2019 - 18h38
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O mercado de juros até tentou engatar melhora durante a tarde desta quinta-feira, 27, com as taxas invertendo a alta da manhã e passando a cair a partir de um conjunto de eventos quase simultâneos, mas o movimento perdeu fôlego no fechamento da sessão regular. De maneira geral, fecharam perto dos ajustes de quarta-feira, preservando um viés de baixa em alguns contratos. Em dia de Relatório Trimestral de Inflação (RTI), foi o noticiário em torno da reforma da Previdência que mobilizou as atenções, na medida em que o mercado vê não só a política monetária, mas também a retomada da economia, dependente do avanço da proposta no Congresso. A taxa do DI para janeiro de 2021 fechou em 5,93%, de 5,969% quarta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 encerrou em 6,73%, de 6,750% quarta no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2025 ficou estável em 7,24%.

Helena Veronese, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, viu o mercado nesta quinta bastante concentrado na movimentação de Brasília, com todo o resto em segundo plano. "O mercado segue em compasso de espera pela Previdência, receoso sobre o provável atraso na votação", resumiu.

Pela manhã, o cancelamento da leitura do voto complementar do relator Samuel Moreira (PSDB-SP) na comissão especial, previsto para esta quinta mas que ficou para terça-feira, estressou a curva, indicando risco ao objetivo do presidente da Casa, Rodrigo Maia, de votar o texto antes do recesso. Até quarta, a previsão era de que o texto fosse já votado na comissão na segunda-feira (1º). Tudo isso em meio ainda aos temores sobre os impactos das críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao Congresso, ao qual chamou de "máquina de corrupção".

À tarde, houve alívio forte e repentino no mercado, mas também fugaz. As taxas inverteram a alta e passaram a cair, com o mercado repercutindo falas de Guedes ao lado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), defendendo a entrada dos governos regionais na reforma, além de declarações de Maia, que à tarde, garantiu a investidores que participavam de evento do banco Credit Suisse que votará a reforma no plenário da Casa antes do recesso parlamentar.

O mercado também viu motivo para vender DI depois que Guedes disse que o governo pretende liberar mais de R$ 100 bilhões em depósitos compulsórios no futuro para estimular o crédito privado, na esteira do anúncio de quarta do Banco Central de redução na alíquota de recolhimento de compulsório a prazo, que vai liberar R$ 16,1 bilhões ao sistema. Na verdade, muitos analistas duvidam que esses volumes vão se transformar em crédito para valer que possa estimular o consumo. O quadro desalentador do emprego não autoriza otimismo sobre a tomada do empréstimos e, com isso, a chance maior é de os bancos usarem os recursos para a compra de títulos.

De fato, os dados do Caged atestam a fraqueza do mercado de trabalho, com geração de 32,1 mil vagas em maio, o pior resultado para o mês desde 2016, contra mediana das estimativas de 70 mil postos, segundo pesquisa do Projeções Broadcast.

Destaques da agenda do dia, nem o RTI nem a entrevista de Campos Neto tiveram grande influência sobre as taxas. "Se não fosse a grande obsessão do mercado pela Previdência, até poderiam mexer, mas o fato é que o mercado já 'decidiu' que o BC vai cortar juros. A não ser que o discurso do BC fique mais dovish, eventos deste tipo não teriam muito potencial para afetar os ativos", disse Helena.

Estadão
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