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Com ajuda de Treasuries e câmbio, juros têm queda limitada por cenário fiscal

5 abr 2021 - 18h23
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Os juros fecharam com viés de queda, num dia de ajustes técnicos autorizados pelo apetite ao risco no exterior, que trouxe alívio ao mercado de Treasuries e favoreceu boa parte das moedas emergentes, incluindo o real. Sem novidades no noticiário do feriado prolongado nem destaques na agenda local, o mercado tentou reduzir prêmio de risco na curva, num movimento, contudo, limitado pelas incertezas do quadro fiscal. Como a questão do Orçamento de 2021 continua em aberto e os números da pandemia não dão trégua, não há espaço para grandes ordens de venda.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a sessão regular em 4,605%, de 4,636% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 8,206% para 8,16%. O DI para janeiro de 2027 encerrou em 8,78%, de 8,794%.

Como a curva se moveu, de maneira geral, em bloco, praticamente não houve mudança no nível de inclinação em relação ao fechamento da semana passada e o volume de contratos negociados ficou abaixo do padrão da média diária dos últimos 30 dias. Na quinta-feira, as taxas fecharam a etapa regular em alta e depois subiram mais na estendida, com aumento de posições de proteção antes do feriado, quando seria divulgado o payroll americano. Como o período não trouxe fatos negativos e com a curva já bem inclinada, houve espaço para algum respiro nesta segunda a partir da queda do dólar e do juro dos Treasuries.

"Vejo hoje como um movimento técnico e não com base em fundamentos, porque na semana passada houve grande estresse nas taxas. Mas não corrigiu tudo o que subiu, pois são muitas as incertezas fiscais", disse o operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos André Alírio.

Na Tendências Consultoria, o economista Silvio Campos Neto lembra que, de um lado, a situação ainda grave da pandemia leva à manutenção de medidas restritivas nas principais regiões, com impactos negativos na retomada da economia entre o primeiro e segundo trimestres. "De outro, o orçamento mal resolvido reforça a apreensão e mantém os investidores preparados para um desfecho adverso", escreveu.

A pesquisa Focus, com alterações apenas marginais nas medianas das principais variáveis, não foi capaz de ditar a dinâmica das taxas e a agenda mais aguardada do dia era a participação do ministro Paulo Guedes em evento da XP Investimentos, à tarde, e suas considerações sobre o imbróglio do Orçamento. O texto teve as despesas obrigatórias subestimadas para a inserção de emendas parlamentares, o que gerou muita polêmica nos últimos dias, com rumores de desentendimento entre equipe econômica e Congresso. Mas Guedes contemporizou negando haver "briga ou uma guerra" com os parlamentares e disse ver o problema mais como "de coordenação da elaboração".

Ele afirmou que "está todo mundo junto, querendo resolver" o impasse e "fazer a coisa certa", e que o governo está pedindo orientação ao Tribunal de Contas da União (TCU). Admitiu que vetar a subestimação de receitas no texto seria politicamente "desconfortável", mas também que não corrigir o problema agora pode levar a questionamentos futuros.

Estadão
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