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China cortará impostos e aumentará empréstimos para sustentar a economia

China deve ter meta de crescimento para 2019 a 6,0% a 6,5%, após um crescimento de cerca de 6,5% em 2018

5 mar 2019 - 13h49
(atualizado às 14h01)
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A China buscará sustentar sua economia em desaceleração através de bilhões de dólares em cortes planejados de impostos e gastos com infraestrutura, com o crescimento doméstico no ritmo mais fraco em quase 30 anos devido à demanda interna mais fraca e à guerra comercial com os Estados Unidos.

O governo determinou como objetivo um crescimento de 6,0% a 6,5% em 2019, disse o primeiro-ministro Li Keqiang na abertura da reunião anual do Parlamento da China nesta terça-feira, abaixo dos 6,6% registrados no ano passado.

Segundo fontes, a China deve cortar sua meta de crescimento para 2019 a 6,0% a 6,5% de cerca de 6,5% em 2018 uma vez que tanto a demanda global quanto a doméstica enfraqueceram e a guerra comercial com os EUA amplia os riscos econômicos.

Li alertou sobre os desafios para a segunda maior economia do mundo e prometeu manter a segurança com uma série de medidas de estímulo.

"O ambiente que o desenvolvimento da China enfrenta este ano é mais complicado e mais severo", disse ele. "Haverá mais riscos e desafios que são previsíveis ou imprevisíveis e precisamos estar totalmente preparados para uma dura batalha."

Li disse que a política fiscal da China se tornará "mais vigorosa" com cortes planejados de cerca de 2 trilhões de iuanes (US$ 298,3 bilhões) em impostos e taxas para empresas.

Para sustentar o crescimento, Li disse que a China vai monitorar de perto o emprego em empresas de exportação altamente expostas ao mercado dos EUA e reduzir o imposto sobre valor agregado para o setor manufatureiro a 13%, de 16%. O imposto para os setores de transporte e construção cairá a 9%, de 10%.

Crescimento. O "Made in China 2025", um programa industrial liderado pelo governo chinês que está no centro da disputa comercial entre Estados Unidos e China, está oficialmente desaparecido - mas só no nome. Durante um discurso de quase 100 minutos para a legislatura da China, o premiê Li Keqiang retirou qualquer referência ao plano que o presidente dos EUA, Donald Trump, havia criticado como um programa recheado de subsídios para fazer da China um líder tecnológico global às custas dos EUA. O projeto havia sido destaque do discurso sobre o estado-da-nação de Li durante três anos consecutivos.

Em vez disso, Li afirmou que o governo promoveria a manufatura avançada. Ele citou uma lista de indústrias emergentes para estimular - tecnologia da informação de última geração, equipamentos de ponta, biomedicina e automóveis de nova energia, setores que também estavam no "Made in China 2025". O objetivo citado também é similar: "Comprar da China".

O governo deve trabalhar "mais rápido para tornar a China forte na manufatura", disse Li aos cerca de 3 mil delegados dentro do Grande Salão do Povo. Pequim, disse ele, "encorajaria mais consumidores domésticos e estrangeiros a escolher mercadorias e serviços chineses".

À medida que a China e os EUA se aproximam de um acordo para encerrar uma batalha comercial de um ano, os comentários provavelmente alimentarão suspeitas de alguns no governo Trump de que Pequim não cederá em demandas para mudar seu modelo econômico liderado pelo Estado, deixando os EUA com um acordo ruim.

Pequim divulgou o plano "Made in China 2025" há cinco anos para tornar o país um líder nas fronteiras da manufatura. Autoridades do governo Trump chamaram o plano de ameaça à concorrência leal, afirmando que incentiva subsídios estatais para empresas domésticas e obriga a transferência de tecnologia de empresas estrangeiras com o objetivo de tirá-las do negócio.

Sob pressão de Washington, Pequim concordou em substituir o "Made in China 2025" por um novo programa que promete maior acesso para empresas estrangeiras. Em declarações aos repórteres na terça-feira, o ministro da Indústria e Tecnologia da Informação, Miao Wei, disse que a política industrial da China vai aderir ao conceito de "neutralidade competitiva", um princípio defendido pela administração Trump quando renegociou o Acordo de Livre Comércio da América do Norte. Sob esse conceito, os governos são proibidos de favorecer empresas estatais em detrimento das de propriedade privada. "Os problemas discriminatórios que tivemos no passado serão eliminados", disse Miao.

Até agora, há poucos sinais de que a nova política reduzirá significativamente os subsídios para empresas ou setores preferenciais. Um relatório separado divulgado na terça-feira pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, a principal agência de planejamento econômico do país, que lidera os esforços para redigir o novo plano industrial, disse que o governo ajudaria a desenvolver "vários clusters de indústrias estratégicas e emergentes". / REUTERS e DOW JONES

Estadão
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