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Resultado da cessão onerosa é "parte da explicação" para movimento recente do câmbio, diz Campos Neto

19 nov 2019 - 11h16
(atualizado às 13h48)
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira que parte da explicação para o movimento recente de valorização do dólar frente ao real tem relação com o resultado do leilão de excedente da cessão onerosa.

Presidente do BC, Roberto Campos Neto. REUTERS/Amanda Perobelli
Presidente do BC, Roberto Campos Neto. REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

"Como a entrada de recursos foi muito menor que a esperada, e muitos agentes do mercado se posicionaram para capturar esse dólar caindo com essa entrada, e a entrada não veio na mesma magnitude, você tem agora uma volta", afirmou Campos Neto em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

"Isso é parte da explicação. Parte é global, parte é pré-pagamento. Tem muito exportador que também está segurando, importador que está segurando", disse o presidente do BC. "São várias explicações."

Na segunda-feira, o dólar fechou acima de 4,20 reais pela primeira vez na história, com operadores citando preocupações com as negociações comerciais EUA-China e ainda o impacto da frustração com o leilão da cessão onerosa.

Realizado em 6 de novembro, o leilão arrecadou 70 bilhões de reais, valor recorde para um certame petrolífero mas abaixo do que era esperado.

No Senado, Campos Neto reiterou que, para o Banco Central, o que importa é como o valor do câmbio afeta a inflação. Ele destacou que a desvalorização recente do real não influenciou as expectativas de inflação, em meio a um cenário de entendimento de melhora da economia, melhora de percepção de risco e redução dos juros de longo prazo.

Campos Neto também adiantou que o BC já tem pronto projeto para alterar a tributação do hedge cambial. Como já foi anunciado, a ideia da proposta é que os ganhos e perdas com hedge contratado por investidores de longo prazo em infraestrutura possam se compensar, de forma que a taxação só aconteça sobre um eventual ganho líquido.

O presidente do BC também voltou a afirmar que o valor dos compulsórios --recursos que as instituições financeiras são obrigadas a recolher junto à autoridade monetária- são bastante elevados e que a intenção do Banco Central é promover novas reduções à medida que a economia crescer e aumentar a demanda por crédito.

FINTECHS

Campos Neto indicou que cerca de 60 fintechs poderão ser autorizadas no ano que vem, projeção feita a partir de conversas com advogados.

Em apresentação exibida na CAE, Campos Neto apontou que 13 fintechs de crédito já foram autorizadas pelo BC. Vinte pedidos seguem na fila.

Segundo Campos Neto, a tendência é que as fintechs atuem em nichos, colaborando para um processo de segmentação do mercado.

Em relação a iniciativas que vêm sendo gestadas no BC, ele afirmou que o projeto para assistência de liquidez para bancos com o uso de crédito privado como colateral terá como consequência a necessidade de um volume de compulsório muito mais baixo. Esse projeto vai começar a fazer efeito em um ano e meio a dois, disse Campos Neto.

Ele também estimou para o segundo semestre de 2020 a implantação faseada do open banking no Brasil. De acordo com o presidente do BC, o pagamento instantâneo também já estará em vigor "no fim do ano que vem".

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