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Cemig adia investimentos e vendas de ativos em meio a pandemia

18 mai 2020 - 15h44
(atualizado às 17h13)
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A estatal mineira Cemig decidiu adiar parte dos investimentos previstos para 2020 e postergar negociações para venda de ativos devido a incertezas geradas pela pandemia de coronavírus e seus impactos sobre os mercados, disseram executivos da companhia em teleconferência nesta segunda-feira.

Logo da Cemig em painel na bolsa de valores de São Paulo 
25/07/2019
REUTERS/Amanda Perobelli
Logo da Cemig em painel na bolsa de valores de São Paulo 25/07/2019 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

Com isso, os aportes da empresa de energia para este ano estão previstos agora em 1,75 bilhão de reais, queda de 13% ante os 2 bilhões originalmente programados.

O novo número leva em conta a postergação de 168 milhões de reais em investimentos em distribuição, 17 milhões nos negócios em geração e 81 milhões de reais na área de transmissão.

Os menores desembolsos em distribuição, no entanto, devem ser compensados à frente, com preservação do total previsto anteriormente para aplicação no setor entre 2020 e 2022, segundo apresentação divulgada pela companhia.

Os efeitos do coronavírus sobre a economia brasileira e mundial ainda terão reflexos sobre o plano de venda de ativos da Cemig, que vinha buscando se livrar de negócios não essenciais para reduzir o endividamento, disse o diretor financeiro, Leonardo George de Magalhães.

"Entendemos que não é o momento adequado para falar de alienação de ativos nesse ambiente, apesar de a companhia manter seu programa de desinvestimentos", afirmou.

Entre os ativos que a elétrica mineira ainda pretende vender estão uma participação na Light e na hidrelétrica de Belo Monte, entre outros.

Antes controladora da Light, que é responsável pela distribuição de energia na região metropolitana do Rio de Janeiro, a Cemig reduziu a fatia na empresa a 22,58% no ano passado, por meio de uma oferta secundária.

A participação restante na elétrica fluminense foi classificada como "ativo mantido para venda" no balanço da Cemig e gerou um impacto negativo de 609 milhões de reais no primeiro trimestre, devido à desvalorização das ações no período.

Os papéis da Light recuaram cerca de 60% entre janeiro e março, em meio a uma queda na bolsa brasileira em geral e preocupações de investidores em relação aos impactos da pandemia sobre as operações da empresa.

Mas o diretor financeiro disse que a Cemig deve conseguir reduzir sua alavancagem em 2020 mesmo sem contar com vendas de ativos.

Ele destacou que a companhia já obteve 100 milhões de reais em reduções de custos e ainda espera ser beneficiada com medidas do governo para apoiar distribuidoras de energia.

O Ministério de Minas e Energia tem buscado viabilizar mais de 10 bilhões de reais em empréstimos às distribuidoras para ajudar as empresas a lidar com efeitos da Covid-19 sobre o mercado, como uma forte queda no consumo e a elevação da inadimplência.

"Com a liquidez que já temos, mais o apoio do governo federal através dos empréstimos da Conta-Covid, e demais ações de redução de custos, vamos garantir redução de alavancagem da companhia mesmo que a gente não venda nenhum ativo nesse momento", disse Magalhães.

RISCO CAMBIAL

O diretor financeiro da Cemig também disse que a empresa pretende reduzir sua exposição cambial, após ter registrado perdas no primeiro trimestre devido aos impactos da dívida em moeda estrangeira.

Ele ressaltou, no entanto, que o atual momento de estresse nos mercados exige "parcimônia" nesse movimento.

"A administração da Cemig está atenta a essa questão e, passada a pandemia, vai tomar todas as ações necessárias para reduzir sua exposição cambial", afirmou Magalhães.

Após duas emissões de eurobonds nos últimos anos, a Cemig registrou um efeito negativo de 437,76 milhões de reais no balanço do primeiro trimestre devido à dívida em moeda estrangeira, mesmo com instrumentos de hedge.

No mesmo período de 2019, o efeito combinado da dívida externa e do hedge para a empresa havia sido positivo em 119,5 milhões de reais.

Os instrumentos financeiros utilizados pela Cemig para hedge da dívida em moeda estrangeira preveem proteção para valores do dólar entre 3,45 reais e 5 reais. Os juros da operação estão fixados em 142% do CDI.

A Cemig registrou prejuízo de 57 milhões de reais entre janeiro e março, ante lucro de 797 milhões no mesmo período de 2019, sob impacto da alta do dólar da desvalorização de sua fatia na Light´.

Se desconsiderados os efeitos não-recorrentes, a empresa controlada pelo governo de Minas Gerais teria registrado lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda ajustado) de 1,365 bilhão de reais, queda de 6,6% na comparação anual, segundo balanço divulgado na sexta-feira.

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