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Casino sobe após controladora obter proteção judicial

Rallye, que controla o dono do Pão de Açúcar e da Via Varejo, ganhou prazo de 6 meses para reorganizar dívida de € 2,9 bilhões

24 mai 2019 - 21h58
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As ações do grupo francês Casino, dono da rede Pão de Açúcar e da Via Varejo (união da Casas Bahia e Ponto Frio), fecharam esta sexta-feira, 23, em alta de 7,48%, a € 30,03, um dia após a Rallye, holding que controla a varejista francesa, ter obtido proteção da Justiça francesa contra credores.

Os papéis da Rallye, entretanto, tiveram forte queda de 61,25%, encerrando o dia a € 2,94. Com pesadas dívidas que beiram os € 3 bilhões, o empresário Jean-Charles Naouri, que comanda a Rallye e o Casino, ganhou seis meses para fazer a reorganização financeira dos seus negócios.

A Rallye tem dívida líquida de € 2,9 bilhões, dos quais € 2,7 bilhões são oriundos do Casino. O principal ativo da Rallye é a sua participação de 51,7% no grupo Casino. A Rallye, por sua vez, é controlada pela Fonciere Euris, Finatis e Euris - todas essas empresa estão nas mãos do presidente do Casino. "Não podemos descartar a possibilidade de ver o sr. Naouri perder o controle de toda a sua galáxia (de empresas)", diz Clement Genelot, analista da Bryan Garnier.

Nos últimos meses, o empresário tem realizado uma série de vendas de ativos não estratégicos do Casino fora da Europa para tentar reestruturar as dívidas de suas companhias. No Brasil, a alternativa seria vender sua participação na Via Varejo - um processo que se arrasta há cerca de dois anos.

Se não encontrar um comprador para a dona das Casas Bahia e do Ponto Frio, o Casino deverá vender cerca de 36% das ações que detém na companhia na Bolsa. Fundos de investimentos estão de olho no negócio. O empresário Michel Klein, sócio da Via Varejo, teria interesse em aumentar sua fatia.

Rivalidade

Já a venda do Grupo Pão de Açúcar (GPA) não está nos planos de Naouri, segundo fontes a par do assunto. O GPA pertencia ao empresário Abilio Diniz, que foi sócio do Casino e deixou a empresa varejista fundada pelo seu pai em 2013, depois de uma longa disputa societária que envolveu até uma tentativa de fusão entre o GPA e o Carrefour, principal rival do Casino.

Poucos tempo depois de deixar o Pão de Açúcar, Abilio Diniz tornou-se um dos principais acionistas do grupo francês Carrefour. No ano passado, uma aproximação entre os acionistas do Casino e Carrefour chegou a ser costurada, mas não foi levada adiante, segundo fontes próximas ao negócio.

Em comunicado ao mercado na quinta-feira, o Casino disse que foi informado pelo acionista de referência, Rallye, do lançamento de um procedimento de salvaguarda, mas que esses procedimentos não se referem ao Casino nem às suas operações. Não afetariam ainda seus funcionários e a execução de seu plano estratégico.

Embora o Casino tenha informado que seus negócios não serão afetados, analistas de mercado afirmam que há um impacto negativo sobre o grupo Pão de Açúcar. Em relatório, o BTG afirmou que a crise financeira do controlador do Casino poderá acelerar a reorganização dos negócios do grupo na América Latina.

Em nota, GPA e Via Varejo reafirmaram que o pedido de proteção aos credores da Rallye refere-se apenas aos acionistas do Casino e não tem nenhum impacto nas operações do grupo. As ações do grupo Pão de Açúcar e Via Varejo fecharam praticamente estáveis na sexta. /COM FERNANDO NAKAGAWA E REUTERS

Estadão
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