Teste: Renault Kwid Outsider é um aventureiro-visual
A versão Outsider do autodenominado “SUV dos compactos” tem design mais próximo do slogan publicitário, mas será que justifica o nome?
Quem quer comprar um carro aventureiro sabe que muitas vezes essa “aventura” se resume aos adereços visuais. Não diríamos que é o caso do Renault Kwid Outsider, mas é quase isso. Em termos técnicos, o carro pouco acrescenta às demais versões do Kwid. Porém, isso não significa que ele não cumpra alguns requisitos dos chamados carros aventureiros.
Para começo de começo de conversa, o Kwid ostenta três itens que nem mesmo alguns SUVs têm: ângulo de entrada de 24 graus, ângulo de saída de 40 graus e vão livre do solo de 180 mm. Esses três itens já foram suficientes para o carro ser homologado como “utilitário-esportivo compacto” no Inmetro. Como comparação, outros dois aventureiros da categoria, o Fiat Mobi Way (R$ 43.490) e o VW Up Xtreme TSI (R$ 56.890) têm 171 mm e 164 mm, respectivamente, de vão livre do solo. Isso também os tira da disputa nos ângulos de entrada e de saída. Além disso, o Kwid Outsider custa R$ 43.990.
Porém, esses atributos já vêm nas outras versões do Kwid, que são mais baratas. O que ele realmente acrescenta são as barras de teto, proteção do assoalho na frente e atrás, barras de proteção lateral, moldura dos faróis de neblina e rodas em preto brilhante. Além disso, os freios foram melhorados e ganharam discos ventilados, devido ao maior peso do carro. Por dentro, o Renault Kwid Outsider tem novo revestimento dos bancos e detalhes em laranja nas portas, no volante e na alavanca de câmbio.
Item | Conceito |
Nota (0 a 5) |
---|---|---|
Desempenho | médio | 2 |
Consumo | ótimo | 5 |
Segurança | bom | 3 |
Conectividade | bom | 3 |
Conforto | médio | 2 |
Pacote de Série | médio | 2 |
Usabilidade | bom | 3 |
Veredicto | bom | 2.8 |
O Kwid Outsider também se destaca na conectividade. Ele é o único carro de sua categoria a vir de série com espelhamento do smartphone. Para se ter uma ideia, o Mobi Way não tem sequer rádio, bluetooth ou entrada USB como equipamentos de série. Para se equiparar ao Kwid Outsider, o Mobi Way passaria a custar R$ 45.180. Porém, talvez pudesse ir um pouquinho mais longe com sua versão aventureira. Uma das grandes decepções do Kwid Outsider é a largura de seus pneus: 165 mm contra 175 mm do Mobi Way e 185 mm do Up Xtreme.
Ok, a gente sabe que a proposta do Kwid é ser barato e econômico, mas os pneus muito finos não combinam com uma versão aventureira. O contato da banda de rodagem com o piso é muito menor, portanto ele tem menos aderência. Na prática, o Kwid Outsider é um carro ruim para andar na chuva, por exemplo. Deixemos a lama para os SUVs. Mas em algumas situações de piso molhado o comportamento do Kwid Outsider deixa o motorista bastante inseguro. O jeito é tirar o pé e dirigir como se estivesse “pisando em ovos”.
Em resumo, o Renault Kwid Outsider é um exemplo do paradigma atual que movimenta a indústria automobilística: muito mais imagem e valor imaginário do que valor de uso. A belíssima chave dobrável do Kwid Outsider, que parece com a de um supercarro esportivo, é só um exemplo. Com certeza, ainda existe muito mercado para isso.
Principais itens de série
Barras de teto, skis frontal e traseiro, moldura do farol de neblina, proteção lateral, retrovisores elétricos, calotas na cor preta, detalhes em laranja no volante, câmbio, portas e bancos. Media Evolution com Android Auto, Apple Carplay e câmera de ré, abertura elétrica do porta-malas, rodas Flexwheel e chave dobrável.
O que nós gostamos
- A central multimídia é um grande diferencial nessa categoria, pois o Renault Kwid Outsider oferece coisas que alguns carros com o dobro do preço não dispõem.
- O visual mais aventureiro do Kwid Outsider deixou mais alinhado com a proposta de ser “o SUV dos compactos”.
- A proposta do carro é ser um SUV urbano, por isso 80% de suas peças foram produzidas exclusivamente para ele. No test-drive, ele encarou bem as irregularidades do piso e salta por lombadas sem se intimidar.
- O Renault Kwid tem 180 mm de vão livre do solo e minúscula distância entre o eixo das rodas e a extremidade do carro. Os ângulos de entrada (24o) e saída (40o) são bons e superior ao de alguns carros considerados SUVs autênticos.
- Ar-condicionado, direção elétrica, faróis de neblina e vidros elétricos são de série também são de série.
- A posição de dirigir elevada (583 mm entre o assento do banco e o solo) agrada quem não gosta de ficar afundado na cabine. A direção elétrica levíssima também agrada. E o volante tem ótima empunhadura.
- O porta-malas de 290 litros é um ponto favorável deste pequeno carro.
- Cabe uma bolsa feminina no porta-luvas do Renault Kwid. O tamanho dos porta-objetos das portas e do console central também são bons.
O que pode melhorar
- O câmbio do Renault Kwid não é o mais amigável nas trocas de marcha. Não é diferente nesta versão Outsider.
- O motor 3 cilindros 1.0 do Renault Kwid não tem gerenciamento inteligente de energia, com os demais da linha SCe da Renault.
- O Kwid Outsider tem rodas pretas brilhantes, mas essa solução desvalorizou o design. Poderia ser fosca ou trazer algum detalhe em laranja para ser mais atraente.
- O Kwid é muito estreito e a alavanca de câmbio bate na perna do motorista quando se usa a segunda marcha ou a ré.
Os números
- Ano: 2020
- Preço: R$ 43.990
- Motor: 1.0 flex
- Potência máxima: 70 cv a 5.500 rpm (e)
- Torque máximo: 96 Nm a 4.250 rpm (e)
- Câmbio: 5 marchas MT
- Comprimento: 3,680 m
- Largura: 1,579 m
- Altura: 1,474 m
- Entre-eixos: 2,423 m
- Peso: 806 kg
- Pneus: 165/70 R14
- Porta-malas: 290 litros
- Tanque: 38 litros
- 0-100 km/h: 14s7
- Velocidade máxima: 156 km/h
- Consumo cidade: 14,9 km/l (g)
- Consumo estrada: 15,6 km/l (g)