Copa reduziu em quase 40% operação de empresas de frotas
Jogos do Brasil na Rússia forçaram a redução da atividade de mil empresas brasileiras analisadas em levantamento
Não é mera força de expressão dizer que o Brasil parou nos dias de jogos da Seleção na Copa. De fato, muitas indústrias interromperam suas atividades e liberaram seus funcionários na hora das partidas. Um estudo da startup Cobli, especializada em gestão de frotas, telemetria e roteirização, verificou que as operações de empresa de frotas caíram até 38% nos horários dos jogos.
"Não houve aumento da atividade em outros dias que compensasse a perda com os jogos. Teve um impacto significativo na economia nesse segmento", atestou o engenheiro e sócio da Cobli, Rodrigo Mourad.
A pesquisa observou 1.000 empresas de 100 cidades e 50 indústrias diferentes, cujas atividades fim vão desde serviços de entrega e instalação a operações em fazendas e mineradoras. Alguns setores foram mais ou menos impactados pela Copa, segundo Mourad.
Na média, de acordo com a pesquisa, em um dia de jogo, houve redução de 16,2% na quantidade de quilômetros dirigidos pelos motoristas estudados em comparação a um dia comum. Nos horários das partidas, a queda atingiu 35%.
Mas houve casos de empresa com queda ainda mais brusca da atividade. A GaBmed, que distribui produtos médico-hospitalares, teve sua operação reduzida pela metade em dias de semana com jogos da Seleção. A coordenadora de logística Gabriela Ramos contou que a empresa refez o planejamento em função do trânsito em São Paulo em dias de Seleção em campo na Rússia.
"Fomos muito impactados. O trânsito era caótio. E tivemos que fazer jornada reduzida, pois muitos de nossos clientes trabalharam menos devido aos jogos", relatou.
A partir da fase de mata-mata, com o aumento do interesse na Copa, a redução média das atividades cresceu. A quilometragem rodada foi 20% menor ao longo do dia e 38% mais baixa na hora dos jogos do Brasil.
A partida com menor impacto na atividade das empresas de frotas foi a estreia brasileira na Copa, contra a Suíça, com diminuição de 10% na quilometragem rodada. Isso porque o jogo foi no domingo, quando historicamente menos motoristas trabalham e, consequentemente, menos quilômetros são percorridos.
Gráficos do estudo mostram queda da atividade
Brasil x Suíça, em um domingo (17 de junho), às 15h:
Brasil x Costa Rica, em uma sexta-feira (22 de junho), às 9h:
Brasil x Sérvia, em uma quarta-feira (27 de junho), às 15h:
Brasil x México, em uma segunda-feira (2 de julho), às 11h:
Brasil x Bélgica, em uma sexta-feira (6 de julho), às 15h:
Jogos da França também impactaram
Para algumas empresas, o impacto não foi só durante os jogos da Seleção, mas em toda a Copa. A empresa de fretamento Serra e Mar, que faz o translado de funcionários de outras empresas e de clientes de hotéis no estado do Rio de Janeiro, fez menos viagens em função da menor demanda da rede hoteleira durante o torneio. Dos seus clientes, 80% são franceses.
"Muitos franceses viajaram para acompanhar a Copa", explicou o gestor administrativo da Serra e Mar, Gabriel Medeiros. Além disso, segundo ele, em dias jogos do Brasil, algumas empresas liberaram os funcionários ou alteraram a rotina de entrada e saída. "Influenciou muito nosso trabalho e nosso faturamento", lamentou.