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Carro, medicamento, pão e até viagem de avião... Veja áreas impactadas pela alta do dólar

Empresários e representantes de categorias afirmam que novo patamar da moeda americana, ao contrário do que diz Paulo Guedes, pode trazer prejuízos para alguns negócios

13 fev 2020 - 17h34
(atualizado às 18h01)
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse na noite da última quarta-feira, 12, que uma taxa de câmbio mais alta é "boa para todo mundo" e que o dólar mais barato estava prejudicando as exportações.

O ministro afirmou que o Brasil estava "em um processo de desindustrialização acelerada". Segundo ele, "o juro é um pouco mais baixo, o que é bom para todo mundo. Vamos investir, consumir mais e, ao mesmo tempo, ter um câmbio um pouquinho mais alto, o que é bom para todo mundo. Mais exportação, mais substituições de importações".

Em evento em Brasília, Guedes defendeu dólar mais alto.
Em evento em Brasília, Guedes defendeu dólar mais alto.
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil - 12/2/2020 / Estadão

No entanto, alguns setores da economia já sentem o impacto da nova cotação do dólar, que nos últimos dias se estabeleceu acima dos R$ 4,30. Confira alguns ramos de negócio onde o dólar com cotação mais alta pode se traduzir em preço mais alto para o consumidor.

Automóveis

O tradicional mercado automotivo, por exemplo, já reclama publicamente do que considera um problema. Em entrevista ao Estado, o presidente para América do Sul da General Motors, Carlos Zarlenga, afirmou que um carro básico da montadora, como o Chevrolet Onix, tem hoje 40% de suas peças importadas. Com o dólar no atual patamar, essa diferença no preço será repassada ao consumidor. "Não tem o que fazer, dólar vai ser repassado", diz o executivo.

Levantamentos da Bright Consulting, especialista no setor, apontam que os automóveis estão ficando mais caros, pelo menos, 1,5% acima da inflação todos os anos. "Neste ano, o reajuste será maior", diz Zarlenga, que não descarta queda em volume de vendas decorrente disso.

Medicamentos

Também dependente das importações, o setor farmacêutico acompanha as altas do dólar com preocupação. Como 95% da matéria prima usada para a fabricação de medicamentos vêm de fora e os preços são fixados, as empresas já trabalham com a perspectiva de redução da margem de lucro ou de revisão de contratações.

"As empresas se programaram para operar com um dólar em, no máximo, R$ 4,10 este ano. O setor está preocupado e se preparando para absorver os aumentos. Dificilmente alguma empresa vai deixar de fazer um investimento programado, mas pode deixar de contratar funcionários para uma ação promocional, por exemplo", diz o presidente-executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini.

Aviação

A cotação da moeda americana tem influência direta nas despesas das companhias aéras com combustível. O querosene para aviação acompanha as oscilações internacionais do petróleo, lembra a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Há também impacto no custos do arrendamento e seguro das aeronaves, bem como a manutenção dos aviões, pois muitas peças são importadas.

Segundo a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), esses custos representam quase 50% das despesas das companhias aéreas brasileiras. Os custos com combustível, isoladamente, impactam em 31,4% do total.

Trigo

O setor de alimentação espera por um reajuste de preços das farinhas de ao menos 15%, já que o trigo é importado, tanto do Mercosul quanto de fora do continente.

As panificadoras, por sua vez, dizem que o consumidor brasileiro não aceitaria um aumento do pão agora, mas que essa posição poderá ser revista, se o dólar continuar subindo.

Combustíveis

A importação de gasolina pela Petrobrás aumentou 47,4% em 2019 ante 2018; a de diesel, em 18,6%. Como base nesse cenário, os importadores estimam que os preços já estejam defasados em R$ 0,17 por litro para o diesel e até R$ 0,19 por litro para a gasolina.

Estadão
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