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Câmbio inspira cautela com ações de empresas exportadoras

Segundo analistas, volatilidade recente do dólar leva a uma postura mais cautelosa em relação às empresas desse segmento; mercado modera otimismo com Bolsa

12 out 2018 - 07h11
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Enquanto as estatais estão "no olho do furacão" em meio as eleições presidenciais, os analistas traçam cenários para as empresas exportadoras, afetadas, principalmente, pela variação do câmbio. E segundo os profissionais, a volatilidade recente leva a uma postura mais cautelosa em relação às empresas desse segmento.

Para Felipe Silveira, analista da Coinvalores, a tendência é de depreciação do dólar no futuro próximo, já que a divisa está "cara" mesmo em relação a outras moedas que não o real. "Como as nossas top picks deixam claro, nossas recomendações estão muito mais voltadas para o mercado interno". A carteira da corretora não foi alterada essa semana, e tem Azul PN, Gerdau PN, Magazine Luiza ON, Rumo ON e Trisul ON.

Essa tendência aparece também na carteira da Guide Investimentos, que retirou Weg ON e Suzano ON das recomendações e optou pelo ingresso de B3 ON e Sabesp ON. Ainda compõem a carteira da corretora Cemig PN, IRB Brasil Re ON e Itaú Unibanco PN.

Ricardo Peretti, estrategista de Pessoa Física da Santander Corretora, projeta o dólar a R$ 3,80 ao final deste ano, patamar muito próximo do atual. "Em uma visão de curto prazo, e considerando que a cotação atual do dólar já é próxima à nossa projeção, esperamos que os investidores reduzam suas compras em ações dolarizadas, cujo desempenho foi favorecido pela disparada da moeda estrangeira entre agosto e setembro", diz o profissional.

"Vale lembrar que, no caso dessas empresas, a taxa de câmbio é monitorada devido a um grande conjunto de decisões: seguro de exportações, frete, custo de produtos (sobretudo químicos), máquinas e peças importadas, etc. Neste cenário eleitoral, o efeito do câmbio nos negócios é incondicional", diz Alexandre Faturi, analista da Nova Futura.

Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos, tem visão diferente de seus colegas, e aponta principalmente os bons fundamentos de empresas como Suzano e Vale, inclusive o bom momento dos preços globais de papel e celulose, e no caso da mineradora, forte geração de caixa e alavancagem sob controle. "No caso de Embraer e Braskem, temos um cenário de perspectiva novamente binária, com o candidato Fernando Haddad (PT) comentando da possibilidade de interrupção dos processos em andamento de transferência de controle", diz Suzaki.

A Nova Futura renovou totalmente sua carteira, com a entrada de AES Tietê Unit, Sabesp ON, Sanepar PN, Suzano ON e Vale ON. Saíram BRF ON, CVC ON, Petrobras PN, Usiminas PNA e Ultrapar ON.

Já a Magliano trocou Cemig PN e Klabin Unit por Cemig ON e Pão de Açúcar PN. No caso da estatal mineira de energia, a troca da ação PN por ON se justifica pela configuração das eleições para o governo de Minas Gerais, com o segundo turno disputado por dois candidatos que aumentam as chances de privatização da companhia.

Sobre Pão de Açúcar, a Magliano lembra que a ação acumula queda de mais de 7% em outubro, período no qual o Ibovespa subiu 5,5%. Com isso, o patamar do múltiplo do papel está atraente, na visão da corretora. "Empresa deve se beneficiar da retomada do consumo de produtos básicos após o resultado das eleições e principalmente em 2019", diz a Magliano.

Mercado financeiro modera otimismo

O mercado financeiro está um pouco mais cauteloso sobre o desempenho do Ibovespa na semana que vem, de acordo com os números do Termômetro Broadcast Bolsa, que contou com 30 participantes. Neste universo, a fatia dos que veem alta para a Bolsa representa 46,67%, abaixo dos 60,71% da pesquisa anterior.

Por outro lado, 30,00% acreditam que a próxima semana será de perdas, ante uma parcela menor, de 21,43%, no último Termômetro. Para 23,33%, a percepção sobre a Bolsa é de estabilidade (17,86% na anterior). O Ibovespa apurou avanço de 0,73% nesta semana.

O Termômetro tem por objetivo captar o sentimento de operadores, analistas e gestores para o comportamento da Bolsa na semana seguinte.

Na próxima semana, o mercado seguirá digerindo o noticiário eleitoral, com destaque para as pesquisas de intenção de voto para a Presidência no segundo turno. Na segunda-feira, será conhecida a pesquisa Ibope. Na agenda doméstica, estão previstos indicadores do setor de serviços e o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central. Na Bolsa, haverá vencimento de opções sobre ações na segunda-feira.

No exterior, as atenções estarão voltadas a possíveis novidades sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Ao longo da semana, será divulgada uma bateria de indicadores do país asiático, entre eles o PIB e de inflação. "O PIB chinês do terceiro trimestre deverá ser divulgado junto com os dados de produção industrial, investimentos em ativos fixos e vendas no varejo de setembro. Esses dados serão bastante relevantes para mensurar a intensidade da desaceleração em curso", disseram os economistas do Bradesco, em relatório.

Nos Estados Unidos, o destaque é a publicação da ata da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (banco central americano), do último dia 26.

Estadão
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