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Brasil vê pouco impacto em reabertura da China ao frango dos EUA

14 nov 2019 - 16h03
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A decisão da China de suspender a proibição de quase cinco anos a importações de carne de frango dos Estados Unidos terá impacto pouco relevante para a indústria do Brasil, maior exportador global, que vê espaço para todos com a grande demanda dos chineses por proteína animal, disse uma associação do setor.

Criação de aves em Fairmont, Carolina do Norte (EUA) 
10/06/2014
REUTERS/Randall Hill
Criação de aves em Fairmont, Carolina do Norte (EUA) 10/06/2014 REUTERS/Randall Hill
Foto: Reuters

Autoridades dos EUA afirmaram nesta quinta-feira que a decisão chinesa de reabrir o mercado à carne norte-americana deverá acrescentará 1 bilhão de dólares anualmente às exportações do país.

Contudo, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que está à frente da indústria do maior exportador global de carne de frango, recebeu com "tranquilidade" a notícia, tamanha é a demanda chinesa atualmente, com o país ampliando compras de várias carnes para lidar com oferta menor decorrente dos surtos de peste suína africana.

"A abertura do mercado para a carne de frango dos EUA deve contribuir para a diminuição da grande lacuna na oferta de proteína animal na China com a recente crise sanitária...", disse o presidente da ABPA, Francisco Turra, em nota à Reuters.

Segundo ele, "o impacto no fluxo total das exportações brasileiras para o país asiático não deve ser de grande relevância".

"Em alguns produtos, como asa de frango, a demanda norte-americana dificulta a exportação", acrescentou Turra.

Desde janeiro deste ano, a China assumiu a liderança entre os principais destinos das exportações da avicultura e da suinocultura do Brasil, disse a ABPA.

Entre janeiro e outubro, o país asiático importou 444,7 mil toneladas de carne de frango do Brasil (+22% em relação ao mesmo período do ano passado), segundo dados da ABPA. Do total exportado pelos brasileiro no ano, a China ficou com 13,3%.

As ações das empresas produtoras de carne de frango dos EUA dispararam com a notícia sobre a liberação chinês, incluindo os papéis da Tyson Foods, Sanderson Farms e Pilgrim's Pride, da brasileira JBS.

"A China é um importante mercado de exportação para os criadores de aves dos EUA, e estimamos que agora eles poderão exportar mais de 1 bilhão de dólares em aves e produtos avícolas a cada ano para a China", disse o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, em comunicado.

A alfândega da China informou nesta quinta-feira que suspendeu restrições à importação de carne de aves dos EUA, com efeito imediato.

O plano para suspender a proibição ao produto norte-americano foi anunciado pelo Ministério do Comércio da China no final de outubro, mas a publicação no site da administração aduaneira é um reconhecimento formal da reabertura do comércio.

A reabertura do mercado ocorre em momento em que a China enfrenta uma escassez sem precedentes de proteínas, depois da epidemia de peste suína africana matar milhões de porcos no país, maior consumidor global de carne suína.

O aval para a retomada do comércio acontece depois de o Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar dos EUA alterar o Registro Federal na semana passada para aprovar as importações de produtos derivados de aves abatidas na China.

As aprovações para o setor avícola dos dois lados ocorrem em meio a negociações entre os países para resolver uma guerra comercial de 16 meses, marcada pela imposição de tarifas retaliatórias de bilhões de dólares entre as nações.

Melhorar o acesso dos produtos agrícolas dos EUA ao mercado chinês tem sido uma parte crítica das negociações, com a remoção de barreiras não-tarifárias sendo vista como uma chave para alcançar o objetivo de Donald Trump de dobrar as vendas agrícolas para a China.

A China proibiu aves e ovos dos EUA em janeiro de 2015 devido a um surto de gripe aviária, e as importações caíram naquele ano para um quinto dos 390 milhões de dólares importados em 2014.

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