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Brasil exportará menos soja à China, mas tende a agregar valor com carnes, diz ministra

22 abr 2019 - 16h12
(atualizado às 16h18)
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As exportações de soja do Brasil à China "com certeza" diminuirão neste ano devido à peste suína africana na nação asiática, mas uma potencial expansão nos envios de carnes compensaria essa situação, disse nesta segunda-feira a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

Ministra da Agricultura, Tereza Cristina 
18/01/2019
REUTERS/Ueslei Marcelino
Ministra da Agricultura, Tereza Cristina 18/01/2019 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

O Brasil é o maior exportador mundial de soja, enquanto a China, o maior importador. Desde agosto, diversas províncias chinesas foram atingidas por surtos da doença altamente contagiosa entre os animais, mas que não afeta humanos.

Cálculos apontam que até 200 milhões de suínos podem morrer em razão da peste suína africana, impactando a demanda por ração feita a partir de grãos e oleaginosas, como soja e milho.

"Com certeza que diminuirão as nossas exportações de soja, mas nós vamos agregar valor. Em vez de vender soja a 500 dólares a tonelada, vamos vender a proteína a 2 mil dólares a tonelada, seja frango, bovino ou suíno", disse Tereza Cristina a jornalistas após reunião com lideranças do setor na sede da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

A ministra irá em maio à China, em uma missão oficial para fortalecer mercados que incluirá também passagens por Japão, Vietnã e Indonésia.

Tereza Cristina afirmou que defenderá a soja brasileira junto a autoridades da China, que está em tratativas com os Estados Unidos para colocar fim a uma guerra comercial que vem desde o ano passado.

Nenhum acordo entre as duas maiores economias do mundo foi formalmente fechado, mas os EUA detêm amplos estoques de soja e já têm enviado alguns lotes à China. Uma eventual resolução na disputa poderia complicar o Brasil, que acaba de colher sua safra.

"Nós vamos falar sobre nossos mercados principais, e a soja é um deles, dado que os Estados Unidos estão fechando um acordo no setor agropecuário (com a China)... O Brasil tem de ir lá e mostrar: 'Estamos aqui, sempre fomos bons parceiros, entregamos o que nos comprometemos, somos confiáveis'. Não podemos deixar o lugar vazio que alguém vem aqui e senta", comentou Tereza Cristina.

Há preocupações, porém, de que o acordo entre EUA e China acabaria resvalando também nas exportações brasileiras de carnes, além da soja.

Consultorias, associações e o próprio governo projetam exportações de soja do Brasil menores em 2019 na comparação com 2018, devido tanto à menor demanda externa e maior rivalidade com os EUA quanto à retração na produção nacional. A Conab, por exemplo, vê vendas totais de 70 milhões de toneladas, após recorde de 84 milhões no ano passado.

CARNES

A ministra da Agricultura afirmou ainda que a China tende a enviar outra missão técnica ao Brasil para inspecionar unidades produtoras de carnes.

No ano passado, inspetores chineses visitaram algumas plantas de proteínas no Brasil e agora demandam informações adicionais para darem o aval a dezenas de unidades que querem exportar para lá.

Conforme a ministra, as respostas a esses questionamentos serão apresentadas durante a missão oficial no próximo mês.

"Eles (chineses) pediram para levar os relatórios com as novas perguntas, os novos questionamentos. Então já estamos mandando para discutir lá com eles... Estamos levando as informações de outras plantas... A gente acredita que será marcada uma nova visita ao país para fazer vistoria", disse ela.

O Brasil é o maior exportador mundial de carnes de frango e bovina.

No fim do ano passado, a ABPA projetou que os embarques de carne suína e de frango do Brasil devem crescer de 2 a 3 por cento neste ano, após um 2018 marcado por vendas menores e abaixo do esperado. A alta nas vendas incorporaria uma potencial expansão em regiões como Japão, Coreia do Sul e China.

Pelos dados mais recentes da associação, as vendas de carne suína no primeiro trimestre do ano apresentaram aumento de quase 1,5 por cento na comparação anual.

Entre outros assuntos, a ministra disse que haverá reunião ainda nesta semana com representantes de caminhoneiros para se discutir a possibilidade de a categoria contratar fretes juntos à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para operações que envolvam escoamento de grãos, por exemplo.

Anteriormente, a Conab já contratou alguns fretes, como parte de medidas anunciadas pelo governo anterior para pôr fim à paralisação do ano passado. Agora a ministra vislumbra a possibilidade de realizar essas operações de maneira mais organizada.

Conforme ela, caminhoneiros têm reclamado da falta de trabalho, já que empresas adquiriram frotas próprias após o tabelamento de fretes.

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