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Bolsonaro admite que procurou Petrobras sobre diesel e diz que discutirá assunto com petroleira na 3ª

12 abr 2019 - 14h03
(atualizado às 14h57)
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O presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta sexta-feira que telefonou para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, por causa do reajuste de 5,7 por cento anunciado pela estatal no preço do diesel e afirmou que terá de ser convencido do percentual em uma reunião que convocou para a terça-feira com representantes da estatal.

Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto
09/04/2019 REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto 09/04/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

A Petrobras havia anunciado o reajuste do diesel nas refinarias na quinta-feira, mas recuou à noite, após Bolsonaro telefonar para o presidente da petroleira questionando o percentual.

"Na terça-feira convoquei todos da Petrobras para me esclarecerem por que 5,7 por cento de reajuste quando a inflação projetada para este ano está abaixo de 5 (por cento). Só isso, mais nada. Se me convencerem, tudo bem. Se não me convencerem, nós vamos dar a resposta adequada para vocês", disse Bolsonaro, em entrevista no Macapá, após participar da inauguração de um aeroporto na cidade.

O presidente disse que ficou surpreso com o índice de reajuste previsto e também está preocupado com o impacto que ele poderia ter para os caminhoneiros. No ano passado, essa categoria deflagrou uma greve justamente por causa do preço do combustível e do custo dos frete.

"Não sou economista, já falei. Já falei que não entendia de economia. Quem entendia afundou o Brasil, tá certo? Os entendidos afundaram o Brasil. E eu estou preocupado também com o transporte de carga no Brasil, com os caminhoneiros. São pessoas que realmente movimentam riquezas de norte a sul, de leste a oeste, que têm que ser tratadas com o devido carinho e consideração. E nós queremos um preço justo para o óleo diesel", disse.

O presidente se queixou do peso dos impostos sobre os combustíveis, entre eles o ICMS, e disse que os governadores têm de ser cobrados também. Ressalvou, no entanto, que os preços não serão reduzidos por "canetaço".

"Nós temos que ver de quem é a responsabilidade, porque o Brasil não pode continuar com essa política de preços altos de combustíveis. Mas não pelo canetaço e não pela imposição do chefe do Executivo, em hipótese alguma isso vai existir", afirmou.

As declarações de Bolsonaro intensificaram a queda nas ações da Petrobras, que já haviam iniciado em forte baixa após o recuo da estatal no reajuste do preço do diesel e as informações de que o presidente interferiu diretamente causando o recuo.

Às 14:48, as ações preferenciais da Petrobras operavam em queda de 7,25 por cento, para 25,97 reais. No mesmo horário, o Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, tinha queda de 1,85 por cento.

Mais cedo, uma fonte disse à Reuters que o recuo da estatal no reajuste do diesel se deveu à pressão de Bolsonaro, que defendia uma alta menor. O episódio levantou incertezas quanto à independência da estatal no que tange a sua política de reajustes de combustíveis. [nL1N21U0TS]

O movimento ocorre também diante de uma recente insatisfação de caminhoneiros em razão dos valores do diesel e dos fretes. No ano passado, a categoria organizou uma greve histórica por causa da alta do combustível, que gerou desabastecimento e impactou no desempenho da economia.

A paralisação também teve como resultado a renúncia do então presidente-executivo da Petrobras, Pedro Parente.

Procurado pela Reuters, o ministro da Economia, Paulo Guedes, que está em Washington, não foi encontrado. A assessoria do ministério informou que não vai se manifestar.

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