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Bolsonaro acerta reunião com Trump e não confirma encontro com Xi

Principal tema de encontro do presidente brasileiro com o americano amanhã deve ser a entrada do Brasil na OCDE

26 jun 2019 - 22h09
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As mudanças de última hora na agenda do presidente Jair Bolsonaro em Osaka, onde ocorre o encontro dos países que formam o G-20, foram saudadas pela comitiva brasileira. O compromisso mais celebrado foi uma reunião bilateral de Bolsonaro com o presidente dos EUA, Donald Trump. Um encontro com o líder chinês, Xi Jinping, ainda dependia de confirmação.

A reunião com Trump pretende selar a aproximação com o americano, iniciada desde antes da posse presidencial do brasileiro. Em março, nos jardins da Casa Branca, Bolsonaro mostrou alinhamento total de seu governo às políticas de Trump e evitou tomar um lado na guerra comercial travada entre o presidente dos EUA e a China - um dos temas que o mundo observa com atenção em Osaka.

Jair Bolsonaro e Donald Trump fazem pronunciamento durante visita do brasileiro à Casa Branca.
Jair Bolsonaro e Donald Trump fazem pronunciamento durante visita do brasileiro à Casa Branca.
Foto: Isac Nóbrega/Agência Brasil - 19/3/2019 / Estadão Conteúdo

Trump e Xi devem se encontrar no sábado para mostrar em que pé estão as negociações entre os dois países. O resultado terá poder para encerrar ou para intensificar a escalada de tarifas dos dois lados.

No início da semana, a agenda de Bolsonaro tinha a previsão de um encontro com Xi, também à margem da cúpula. Apesar de já ter criticado abertamente o governo chinês, o brasileiro passou a adotar, desde que assumiu o governo, tom mais moderado para falar do maior parceiro comercial do Brasil.

A atualização de agenda do presidente vai exigir, contudo, que Bolsonaro dê um sinal importante. Foi a comitiva chinesa que pediu a reunião com Bolsonaro, que ocorreria na sexta-feira. O encontro bilateral foi um dos primeiros a ser confirmado, mas a equipe de Xi solicitou uma alteração do horário o que fez o time do Brasil deixar o compromisso em aberto.

A pouca flexibilidade na agenda do brasileiro - que deixa no ar a reunião com Xi - não impediu, no entanto, a inclusão às pressas dos compromissos com Trump e uma reunião com o Grupo de Lima. Tradicionalmente, as reuniões do bloco que pressiona pela saída de Nicolás Maduro, na Venezuela, têm a presença do chanceler Ernesto Araújo. Mas, desta vez, o próprio Bolsonaro representará o Brasil.

O País tem apoiado a estratégia americana, que reconheceu a presidência interina de Juan Guaidó, em oposição a Maduro em janeiro. Os EUA tentam aumentar a pressão sobre o regime chavista por meio de sanções econômicas e contam com Grupo de Lima como aliado na região.

O ceticismo de Bolsonaro sobre o investimento chinês no Brasil foi explorado na edição especial do Japan Times sobre o G-20. O jornal traz um pequeno perfil com foto dos líderes que se encontrarão na cidade a partir desta sexta-feira, 28.

Sobre o presidente do Brasil, o texto menciona que, católico com o nome do meio Messias, que significa "salvador", ele chamou o cargo presidencial de sua missão de Deus. O jornal afirma que Bolsonaro é um oficial da reserva que tomou posse em janeiro com a promessa de reprimir a criminalidade e facilitar as leis de controle de armas para que as pessoas comuns pudessem se defender. "O político de 64 anos é conhecido por apoiar o conservadorismo nacional."

Do lado dos Estados Unidos, a reunião com Bolsonaro não é a prioridade. A jornalistas no início da semana, uma fonte do alto escalão do governo americano não mencionou o Brasil - nem a Venezuela - entre os temas prioritários da viagem de Trump. Questionado sobre a possibilidade de um encontro com líderes da América Latina, como o brasileiro, o negociador americano afirmou que "em encontros assim, é normal" que haja interação com os participantes.

Também de última hora, o Brasil agendou um encontro com o presidente francês, Emmanuel Macron, e garantiu reunião bilateral com pelo menos um dos europeus presentes em Osaka. A agenda do presidente inclui ainda reuniões com Narendra Modi, primeiro-ministro indiano; com o premiê de Cingapura, Lee Hsien-Loong; com Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita; e com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe.

Com Trump, um dos temas que o presidente brasileiro pretende tratar é a entrada do País como membro da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Trump se comprometeu a apoiar a entrada do Brasil, na reunião na Casa Branca, mas de lá para cá a delegação americana oscilou nas demonstrações de apoio.

Em maio, os diplomatas americanos externaram o apoio brasileiro em reunião em Paris, mas para isso os EUA precisarão negociar com os europeus uma decisão sobre a adesão de novos membros. Em Osaka, Bolsonaro também terá reunião com o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría.

A chegada de Bolsonaro estava prevista para esta madrugada no Aeroporto de Kansai, onde os passageiros da América do Sul são recebidos com uma placa grande com um alerta sobre o vírus da zika. O aviso vale também para algumas nações africanas, da América Central e da Ásia, mas a placa em letras garrafais é direta para o Brasil e seus vizinhos.

A prefeitura da cidade também já avisou que tirou as latas de lixo do centro da cidade, medida corriqueira nesses tipos de evento para evitar atentados terroristas. Também montou um esquema especial para o trânsito a partir de amanhã até o dia 1.º e sugere aos cidadãos e visitantes que usem mais o trem, serviço de transporte que será menos afetado por mudanças de tráfego.

Comitiva. A comitiva brasileira é mais enxuta do que o tradicional nesta reunião das 20 maiores economias do mundo. Bolsonaro vai se reunir com líderes e presidentes de instituições, como o Banco Mundial, sem a companhia do chanceler Araújo e também sem o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Araújo ficou com a incumbência de representar o País em Bruxelas. Já Guedes, após ficar de fora da reunião financeira do G-20, no início do mês, em Fukuoka, também desistiu de participar do encontro de líderes em Osaka, neste final de semana. Em seu lugar, irá ao Japão representando a pasta o secretário executivo Marcelo Guaranys.

Em semana decisiva para a votação da reforma da Previdência, Guedes preferiu permanecer em Brasília para acompanhar os desdobramentos do processo no Congresso Nacional. Ele também está focado na definição da meta de inflação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em um momento em que os bancos centrais das principais economias do mundo sinalizam um novo ciclo de afrouxamento monetário por causa da atividade e inflação sem força. O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, também deve acompanhar o pai na viagem.

Estadão
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