PUBLICIDADE

Bolsas de NY sobem, com EUA-China, curva de juro e crítica da Casa Branca ao Fed

29 mar 2019 - 18h42
Compartilhar
Exibir comentários

Os mercados acionários americanos encerraram o pregão desta sexta-feira, 29, em alta, em um cenário que se deu em todo o primeiro trimestre do ano. O otimismo em relação a um possível acordo entre Estados Unidos e China voltou a se fazer presente, assim como as pressões da Casa Branca sobre as políticas do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Além disso, após quatro pregões marcados pela inversão da curva de rendimentos dos Treasuries de curtíssimo prazo (três meses) e longo prazo (dez anos), o spread entre os dois juros voltou a ficar positivo, dando aval para nova valorização das bolsas em Nova York.

Em Wall Street, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,82%, para 25.928,68 pontos, com alta trimestral de 11,15%, a maior desde o primeiro trimestre de 2013. O S&P 500, por sua vez, avançou 0,67%, para 2.834,60 pontos, e apresentou alta trimestral de 13,07%, a maior desde o período entre julho e setembro de 2009. O índice eletrônico Nasdaq teve ganho de 0,78%, para 7.729,32 pontos, e, no trimestre, apresentou alta de 16,49%, a maior desde o primeiro trimestre de 2012.

O primeiro trimestre do ano foi marcado por diversas rodadas de negociações comerciais entre autoridades americanas e chinesas. Uma nova série de conversas ocorreu nesta semana e, de acordo com o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, as negociações foram importantes e terão prosseguimento na próxima semana, quando uma delegação comandada pelo vice-primeiro-ministro da China, Liu He, irá a Washington para se encontrar com Mnuchin e com o representante comercial americano, Robert Lighthizer. Novamente, papéis de empresas mais sensíveis às relações comerciais sino-americanas foram favorecidos: no setor industrial, a Boeing subiu 1,86% e a Caterpillar teve alta de 2,36%. Entre as techs, a Intel avançou 1,11% e a Apple ganhou 0,65%.

Outro assunto que predominou no trimestre e que voltou a ter destaque justamente nesta sexta-feira foi a relação entre a Casa Branca e o Fed. Após duras críticas por parte do presidente Donald Trump, o governo americano havia deixado o banco central de lado diante da postura mais "dovish" adotada pelo Fed. Contudo, nos últimos dias, o indicado de Trump ao conselho de diretores da autoridade monetária, Stephen Moore, destacou que as taxas de juros deveriam ser cortadas em 50 pontos-base em relação aos níveis atuais. Hoje, o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Larry Kudlow, ecoou esse pedido ao dizer que Trump deseja uma redução dessa magnitude nos Fed funds.

A guinada "dovish" do Fed foi um dos fatores que motivaram a inversão da curva de juros da T-bill de três meses e da T-note de dez anos, uma característica que costuma prever recessões econômicas nos EUA. Após quatro sessões consecutivas com a curva invertida, o spread entre esses dois rendimentos voltou a ficar positivo nesta sexta-feira, o que deu certo alívio para ações de bancos, que foram fortemente pressionadas nos últimos dias. Enquanto o JPMorgan subiu 0,52%, o Citigroup ganhou 0,39%. Entre os seis maiores bancos americanos, porém, o Wells Fargo viu seus papéis caírem 1,57% um dia após anunciar a saída de seu presidente-executivo, Tim Sloan.

"O mercado está em alerta por causa da recente fraqueza dos rendimentos dos Treasuries", disse o estrategista-chefe de mercados da Prudential Financial, Quincy Krosby. De acordo com ele, as ações de bancos, credores e outras instituições financeiras subiram, mas em um nível contido, diante da possibilidade de novas inversões na curva de juros.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade