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Bolsas de NY fecham mistas, com tensões comerciais e postura de BCs

7 ago 2019 - 19h21
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As bolsas de Nova York encerraram a sessão desta quarta-feira, 7, sem direção única. Os mercados foram influenciados pela percepção de agravamento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Por outro lado, houve também foco na expectativa de postura dovish dos bancos centrais no futuro próximo, após decisões nesse sentido na região da Ásia e da Oceania e em meio a declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Chicago, Charles Evans.

O índice Dow Jones recuou 0,09% para 26.007,07 pontos, enquanto o S&P 500 ganhou 0,08%, aos 2.883,98 pontos. Já o Nasdaq avançou 0,38% para 7.862,83 pontos, revertendo as amplas perdas registradas na segunda-feira, mas ainda fechando abaixo da marca psicológica de 8 mil pontos.

O segmento de energia do S&P 500 acumulou perdas de 0,76%, com o forte recuo do petróleo pressionando gigantes como ConocoPhillips (-1,68%), Valero (-1,34%) e ExxonMobil (-0,65%). Por outro lado, o avanço de 0,64% do setor tecnológico contribuiu para impulsionar os índices, com ganhos da Apple (+1,04%), Microsoft (+0,44%), Visa (+1,65%) e MasterCard (+1,75%).

Os papéis da Walt Disney (-4,94%) estiveram entre as principais baixas, após a companhia registrar queda significativa no lucro no terceiro trimestre fiscal, segundo balanço publicado na terça após o fechamento do mercado.

O dia foi de perdas e ganhos no mercado acionário, com o índice VIX de volatilidade do S&P 500 chegando a subir mais de 17%, enquanto investidores monitoravam sinalizações de atritos entre Washington e Pequim. Na manhã desta quarta, o presidente americano Donald Trump voltou a criticar a China pelo Twitter, afirmando que os asiáticos admitiram a desvalorização artificial do yuan e que os EUA estão "no topo" da disputa comercial.

Na análise do LPL Research, o tom acusatório de Trump dificulta o progresso das negociações, e um prolongamento da disputa comercial pode prejudicar a reeleição do presidente em 2020. "A pressão sobre Trump pode se intensificar se houver maior desaceleração econômica global, alta dos preços aos consumidores e prejuízo dos lucros corporativos", avalia o estrategista-chefe de investimentos do LPL, John Lynch.

Trump também voltou a atacar o Fed, taxando o banco central como "incompetente" por manter, em sua percepção, os juros mais elevados do que deveriam. Ainda nesta quarta-feira, Charles Evans saiu em defesa do Fed, criticando "ataques que minam a confiança pública" no banco central. Por outro lado, o dirigente, com direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, levantou a hipótese de mais cortes de juros em 2019, para estimular o crescimento da inflação rumo à meta de 2%.

Contribuindo para o aumento das pressões sobre o Fed, os bancos centrais da Nova Zelândia, Tailândia e Índia decidiram reduzir juros, em meio a preocupações com incertezas econômicas globais. "Trump exige que o Fed corte juros 'mais e mais rápido', quando o real motivo para o relaxamento monetário do bancos centrais são as políticas comerciais desastrosas de Trump que estão descarrilando o comércio global", afirma Derek Holt, vice-presidente do Scotiabank.

O impacto das pressões por relaxamento monetário e a queda nos retornos dos bônus se refletiram no setor de serviços financeiros, que acumulou nesta quarta as maiores baixas do S&P 500, incluindo JPMorgan (-2,17%), Wells Fargo (-2,39%) e Citi (-1,68%). O segmento financeiro tende a apresentar maior sensibilidade a variações nos juros, que interferem diretamente nos custos operacionais por meio do spread bancário.

Estadão
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