PUBLICIDADE

Bolsas de Nova York fecham em queda após alta da inflação dos Estados Unidos

Investidores temem que alta do dado leve o banco central americano a endurecer as medidas de estímulos adotadas durante a pandemia

12 mai 2021 - 17h47
(atualizado às 17h49)
Compartilhar
Exibir comentários

As Bolsas de Nova York fecharam em queda nesta quarta-feira, 12, após a inflação americana vir acima do esperado e o déficit orçamentário dos Estados Unidos apontar um cenário preocupante. O mercado asiático ficou misto, à espera da divulgação dos dados da maior economia do mundo, mas os índices da Europa subiram com a ajuda das petroleiras.

O CPI (índice de preços ao consumidor) subiu 0,8% em abril e 4,2% nos últimos 12 meses, a maior alta para o período desde 2008. O valor é o mais alto para um período de doze meses, desde 2008. O presidente da distrital de Atlanta do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Raphael Bostic, afirmou que a volatilidade na inflação deve durar ao menos até setembro, até que a trajetória dos preços fique mais clara. "Se [a inflação] subir de forma estável em torno de 2,3%, não vou me preocupar. Mas se continuar crescendo para 2,5%, 2,8%, 3,0% ao ano, será algo que olharei com cuidado", disse.

O avanço da inflação gera preocupação nos investidores, que temem uma postura mais dura do Fed para evitar o sobreaquecimento da economia dos EUA. Além disso, o movimento pode gerar uma reação em cadeia, com outros bancos centrais também alterando suas políticas monetárias pró-estímulos.

Além disso, o déficit orçamentário dos EUA, quando as despesas são maiores que as receitas, também preocupou. O dado ficou em US$ 1,9 trilhão entre outubro e abril, os primeiros sete meses do atual ano fiscal, no momento em que o governo continua a gastar além do que arrecada para lidar com a covid-19. O resultado é recorde para o período de sete meses e representa um avanço de 30% na comparação com igual período do ano anterior, segundo os números do Departamento do Tesouro.

Bolsas de Nova York

O mercado de Nova York despencou após a divulgação da inflação americana. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram 1,99%, 2,15% e 2,67% cada. A queda foi incentivada ainda pelo disparada nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, que são fortalecidos pelas projeções de alta da inflação e também pela chance do Fed endurecer as medidas de estímulos, incluindo a alta dos juros.

Hoje, o rendimento do papel com vencimento para trinta anos subiu 2,404%, enquanto a opção com vencimento para dez anos chegou perto de 1,7%. Por serem uma opção de investimento mais segura, a alta nos rendimentos ajudam a promover também a fuga dos ativos de risco, como as Bolsas.

Bolsas da Ásia

No continente asiático, a expectativa pelos dados da economia americana afetaram os índices, com a Bolsa de Tóquio em queda de 1,61% e Seul em baixa de 1,49%. Já Taiwan despencou 4,11%. Na contramão, os índices chineses de Xangai e Shenzhen subiram 0,61% e 0,88% cada, enquanto Hong Kong ganhou 0,78%.

Petróleo

Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta hoje, principalmente após a Agência Internacional de Energia (AIE) apontar que o excesso de oferta gerado durante a pandemia diminuiu, com o mercado operando em equilíbrio. Ainda hoje, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) mostrou queda de 426 mil barris nos estoques de petróleo nos EUA na última semana, ante previsão de recuo de 2,2 milhões dos analistas.

Em resposta, o WTI com entrega prevista para junho fechou em alta de 1,23%, a US$ 66,08, enquanto o do Brent para julho avançou 1,12%, a US$ 69,32.

Bolsas da Europa

O clima foi positivo no velho continente. A Comissão Europeia elevou as projeções de crescimento, esperando agora que a zona do euro cresça 4,3% em 2021 e 4,4% em 2022. Já a produção industrial da zona do euro teve leve avanço de 0,1% em março, com chance de melhorar mais no segundo trimestre. No entanto, foi a alta do petróleo que ajudou no bom desempenho dos índices. A British Petroleum subiu 3,51%, a Royal Dutch Shell ganhou 3,32% e a francesa Total teve alta de 2,29%.

Em reposta, o índice Stoxx-600, que concentra as principais empresas da região, subiu 0,30%, enquanto Londres avançou 0,82%, Frankfurt teve ganho de 0,20% e Paris registrou alta de 0,19%. Milão e Madri ganharam ambos 0,23%, e Lisboa avançou 0,39%. /MAIARA SANTIAGO, MATHEUS ANDRADE, SÉRGIO CALDAS E GABRIEL CALDEIRA

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade