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Bolsa sobe 1,3% e dólar tem leve queda de 0,1% após aprovação de PEC no Senado

Medida, que vai destravar o auxílio, foi aprovada com as contrapartidas fiscais, o que ajudou a manter o bom humor da B3; moeda no americana, no entanto, foi pressionada pela queda do mercado de Nova York

4 mar 2021 - 17h44
(atualizado às 19h22)
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A Bolsa brasileira fechou em alta de 1,35%, aos 112.690,17 pontos nesta quinta-feira, 4, pressionada pela queda consistente dos índices de Nova York, no dia em que o Senado aprovou o texto da PEC que vai destravar o auxílio, mantendo contrapartidas fiscais, essenciais para assegurar o respeito ao teto de gastos. No câmbio, o dólar, assim como o mercado americano, foi pressionado pelo cenário econômico americano e terminou a R$ 5,6582, leve queda de 0,11%.

Os senadores estipularam em R$ 44 bilhões o limite para o custo total da retomada do benefício. O governo ainda não divulgou, porém, detalhes da volta do auxílio, como os valores, a quantidade de prestações e nem quando começará o pagamento. O texto agora segue para votação da Câmara. Na máxima do dia, com a aprovação da PEC Emergencial no Senado, o índice chegou a subir forte aos 144,4 mil pontos.

"Seguindo as notícias sobre o fiscal, o Ibovespa tem apresentado volatilidade impressionante no intradia, com a cautela que prevalece sobre a economia, a partir do governo. A aprovação da PEC em dois turnos no Senado dá um respiro, mas as negociações continuarão a ser acompanhadas de perto, agora na Câmara", observa Naio Ino, responsável pela mesa de trading de equities da Western Asset.

No entanto, a aprovação da PEC com contrapartidas fiscais ficou em segundo plano, após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, dizer que não quer um "aperto persistente" nas condições financeiras. As declarações foram insuficientes para conter o movimento de altas recentes nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, ao menos hoje. O rendimento da opção com vencimento para dez anos, por exemplo, subiu 1,5% hoje.

Powell também disse que a volatilidade recente no mercado títulos do Tesouro americano chamou sua atenção "notavelmente", mas que qualquer alta da inflação no curto prazo será transitória, pois a economia americana ainda tem um longo caminho a percorrer até a recuperação da crise gerada pela pandemia. O tema tem causado mal estar nos ativos, que temem uma debandada de investidores com o aumento no rendimento dos títulos públicos dos EUA, um dos ativos mais seguros do mundo.

"Ao revelar preocupação com a inflação e com os rendimentos dos títulos do Tesouro americano, os investidores começam a colocar na conta um aumento precoce dos juros, e isso se reflete na inclinação dos vencimentos de 10 anos", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Em consequência disso, em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam com quedas de 1,11%, 1,34% e 2,11% cada.

O desempenho na B3 foi amparado em boa progressão das ações de bancos, com Bradesco PN e Banco do Brasil ON em altas de 3,87% e 3,62% cada, e de Petrobrás ON e PN, em altas de 4,29% e 4,86% cada, apoiadas na alta de mais de 5% do barril do Brent. Na ponta do Ibovespa, Cosan subiu 8,68%, à frente de Hering, com 8,62% e de Rumo, com 7,36%. Nesta primeira semana de março, o índice avança 2,41%, segurando as perdas do ano a 5,32%.

Câmbio

O câmbio teve novo dia de forte volatilidade, oscilando 14 centavos entra a máxima e a mínima. Pela manhã, prevaleceu o otimismo com a aprovação da PEC no Senado, que hoje foi também aprovada com folga no segundo turno. Com isso, o dólar chegou a cair para R$ 5,54. Perto do final do pregão, o alerta de Jerome Powell sobre a recuperação ainda lenta da economia americana provocou movimento de fuga de ativos de risco, pressionando as moedas de emergentes. O dólar para abril fechou com alta de 0,88%, a R$ 5,6730.

No mercado de moedas, houve forte aceleração do dólar, ante divisas fortes e emergentes, com o euro caindo abaixo de 1,20 por dólar. No mercado doméstico, o dólar foi as máximas, em R$ 5,68. "Powell não conseguiu frear a alta dos retornos dos títulos do Tesouro", comentam os estrategistas do canadense TD Bank. Números melhores que o previsto nos dados de emprego dos EUA, que serão divulgados amanhã, podem pressionar ainda mais as taxas dos Treasuries e o dólar, comentam nesta tarde. O TD prevê a criação de 300 mil vagas em fevereiro.

O economista-chefe da Frente Corretora de Câmbio, Fabrizio Velloni, diz que a falta de clareza em Brasília está deixando o mercado muito carente de informação para ter algum direcionamento, por isso os movimentos de forte oscilação nos últimos dias. "A curva de dólar está com uma volatilidade impressionante", disse ele, brincando que parece um eletrocardiograma de um paciente à beira de um enfarte. "É preciso ficar mais claro qual rota o governo vai tomar. E não tem clareza, e ainda a sinalização do presidente e do ministro da Economia são difusas, o que passa insegurança para o mercado."/ LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

Estadão
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