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Bolsa praticamente zera as perdas e encerra aos 102 mil pontos; dólar fica a R$ 5,45

Cenário político e fiscal do País deixou o mercado tenso, após Paulo Guedes admitir que houve uma debandada na equipe econômica com a saída de Salim Mattar e Paulo Uebel

12 ago 2020 - 16h30
(atualizado às 18h36)
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Com a ajuda de Nova York, a Bolsa de Valores de São Paulo, aB3, conseguiu zerar as perdas no final do pregão desta quarta-feira, 12, para encerrar com baixa de 0,06%, aos 102.117,79 pontos, após um dia marcado pela tensão dos investidores. Hoje, o mercado observou atento a "debandada" no Ministério da Economia e o risco do rompimento do teto de gastos - clima que melhorou com a manutenção do veto à ampliação do BPC. Esse cenário também pesou sobre o dólar, que desacelerou, mas ainda fechou com alta de 0,66%, cotado a R$ 5,4512.

Entre os investidores nesta quarta, o temor é o de que, com a saída dos secretários Salim Mattar e Paulo Uebel do Ministério da Economia, o teto de gastos fique ameaçado dentro do governo, já que nos últimos dias, tem crescido a pressão por parte de 'conselheiros', para que Bolsonaro consiga driblar a regra. Além disso, a 'debandada' também pode colocar em risco os programas de privatização e desburocratização do governo, o que também preocupa.

"Há várias questões em aberto, para o lado positivo ou negativo, a serem acompanhadas no curto prazo. A primeira delas é como o Guedes sairá disso, se mais forte ou enfraquecido politicamente, a depender de como manejará a situação, o quão problemática será", diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Nesse cenário de incerteza, os ânimos apenas se acalmaram quando o Congresso optou por manter o veto à ampliação do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que tem o potencial de aumentar em R$ 20 bilhões os gastos do governo com o programa em 2021. A notícia, somada a alta generalizada do mercado acionário de Nova York, deu novo fôlego para a B3, que na mínima do dia cedia aos 100.697,78 pontos.

No fechamento de hoje do Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, Vale ON subia 2,02%, enquanto Petrobrás PN e ON mostravam ganhos, respectivamente, de 1,73% e 1,52% - o resultado veio em linha com o visto nos contratos futuros de petróleo, onde o WTI para setembro (referência no mercado americano) avançou 2,55%, a US$ 42,67 o barril, no maior nível em cinco meses. Já o Brent para outubro (referência no mercado europeu) subiu 2,0%, a US$ 45,43 o barril.

Também subiram Marfrig, com 4,77%, JBS, com 2,57% e Klabin, com 2,38%. Com os resultados de hoje, a Bolsa acumula perda de 0,64% na semana e de 0,77% no mês. No ano, cede 11,70%.

Câmbio

Seguindo dinâmica na qual pesou muito o noticiário doméstico, o real perdeu valor frente ao dólar e foi na contramão do movimento de valorização de moedas de pares emergentes. Hoje, o Banco Central atuou por duas vezes e chegou a vender a oferta total de 20 mil contratos de swap cambial, que equivale a venda de dólares no mercado futuro, no montante de US$ 1 bilhão - na soma das duas etapas. Mas, ainda assim, o mercado absorveu e a moeda americana seguiu em alta logo depois. O BC não atuava nesse formado no mercado de câmbio desde o dia 29 de junho passado.

Para Álvaro Bandeira, sócio e economista-chefe do banco digital ModalMais, há tempos os ativos brasileiros vêm apresentando dinâmica própria por causa do estresse no governo. "O questionamento em voga é como o Brasil sai de um pós-crise, mais populista ou ainda liberal".

Bolsas do exterior

As Bolsas de Nova York fecharam em alta nesta quarta, apoiadas pelo otimismo com uma possível vacina contra a covid-19 e também pela alta das ações do setor de tecnologia, com destaque para as altas de 3,32% e 2,86% de Apple e Microsoft. Por lá, Dow Jones subiu 1,05%, S&P 500 saltou 1,40% e Nasdaq avançou 2,13%.

A possibilidade de uma vacina também animou o mercado europeu, onde o Stoxx 600 subiu 1,11%. Já a Bolsa de Londres teve alta de 2,04%, a de Frankfurt avançou 0,86% e a de Paris ganhou 0,90%. Milão, Madri e Lisboa subiram 1,13%, 0,45% e 1,017% cada.

Já nos mercados asiáticos, preocupou a lentidão nas negociações para os estímulos fiscais prometidos pelo governo, que fez os chineses Xangai Composto e Shenzhen Composto caírem 0,63% e 1,26%, enquanto o Taiex cedeu 0,86% em Taiwan. Mas nem tudo foram perdas: o japonês Nikkei subiu 0,41%, o sul-coreano Kospi avançou 0,57% e o Hang Seng teve ganho de 1,42% em Hong Kong. Já a Bolsa australiana caiu 0,11%./MAIARA SANTIAGO, LUÍS EDUARDO LEAL E SIMONE CAVALCANTI

Estadão
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