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Bolsa fecha em queda após sinais contraditórios do governo sobre texto da reforma da Previdência

Onyx Lorenzoni chegou a dizer que proposta que será enviada ao presidente Bolsonaro será 'muito diferente' da versão obtida em exclusividade pelo 'Estado'; ações têm fôlego no final do pregão com fala de Guedes

5 fev 2019 - 10h40
(atualizado em 6/2/2019 às 08h34)
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Após dois dias consecutivos renovando máximas históricas no fechamento, o Ibovespa sucumbiu e passou todo o pregão desta terça-feira, 5, apontando perdas. No entanto, no meio da tarde, conseguiu algum fôlego para encerrar a sessão de negócios acima da marca dos 98 mil pontos, aos 98.311,20 (-0,28%). O movimento negativo foi na contramão dos principais índices do mercado acionário em Nova York. Já o dólar à vista fechou em queda de 0,15%, cotado em R$ 3,6644, próximo à mínima do dia.

O estopim para arrastar o Ibovespa foi a queda das ações do Itaú Unibanco, após o mercado se frustrar com o resultado "morno" do banco e suas estimativas lucro líquido recorrente do Itaú somou R$ 25,733 bilhões e suas projeções para 2019. Os papéis da instituição têm o maior peso, em torno de 10%, na carteira teórica do Ibovespa.

Na segunda etapa do pregão, entretanto, declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), entraram no radar dos investidores que se animaram disparando ordens de compra. No mesmo horário da entrevista, o Ibovespa desacelerou a queda enquanto as movimentações com os contratos futuros viraram para o positivo.

Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença Corretora, resume o dia: "pela manhã, o mercado acordou com o governo não falando a mesma língua sobre a reforma da Previdência. A minuta vaza, mas o núcleo político do governo parece não se entender. A comunicação do governo não está unânime, há uma guerra de egos e o mercado repercute."

Depois das declarações do ministro e do parlamentar, continua o profissional de renda variável, o mercado teve uma leitura melhor sobre a postura tranquila do ministro. "O que agrada é não bater boca e trabalhar focado em prol da Previdência", completou.

Maia defendeu que a idade mínima para aposentadorias de homens e mulheres seja a mesma, de 65 anos para ambos, conforme o documento prévio preparado pela equipe econômica a que o Broadcast teve acesso. Mas, para além disso, afirmou que o objetivo é garantir votos suficientes para passar as novas regras em dois meses.

Guedes, por sua vez, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro fará um "cálculo político" para decidir o que fica na proposta de reforma da Previdência. Ele indicou que a proposta será dura o suficiente para "resolver o problema". O objetivo é garantir uma economia de ao menos R$ 1 trilhão - mas citou duas simulações, de que essa economia seja obtida em 10 anos ou 15 anos. O ministro disse que há "duas ou três" versões alternativas da proposta.

No final do dia, entre as blue chips, Itaú Unibanco fechou com queda de 4,26%, Vale ON recuou 0,09% e as units do Santander perderam 1,05%. Petrobrás valorizaram 0,63% (ON) e 0,08% (PN) na contramão da cotação do petróleo no mercado internacional. Já Bradesco PN avançaram 0,04% e Banco do Brasil ON, 2,92%.

Os destaques de alta no pregão foram os papéis da BRF, que reagiram positivamente à notícia de que Ivan Monteiro, ex-presidente da Petrobrás foi aprovado pelo conselho e ocupará a vice-presidência financeira e de relações com investidores da companhia de alimentos. Os papéis da companhia avançaram 6,5%.

O pregão também foi positivo para os papéis das companhias aéreas. O governador João Doria anunciou nesta terça-feira a criação do Programa São Paulo pra Todos, que prevê a redução da alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incide sobre o combustível de aviação em São Paulo. A alíquota, que hoje é de 25%, cairá para 12% e vai baratear o custo operacional das empresas aéreas. Com isso, suas ações subiam: Gol (PN) +2,26% e Azul (PN) +1,45%.

Estadão
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