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Black Friday: Data pode potencializar Transtorno do Comprar Compulsivo; entenda

Conheça os principais sintomas da oniomania e descubra se você é um viciado

26 nov 2019 - 13h47
(atualizado em 30/10/2020 às 19h21)
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Algumas épocas do ano ou eventos podem servir como gatilhos emocionais. Se uma pessoa que teve algum trauma ou vive em sofrimento psicológico se depara com situações específicas, pode reviver o passado ou ficar obcecada. A Black Friday que ocorre no mês de novembro pode gerar ansiedade e um sentimento irresistível de compra.

O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) realizaram um levantamento revelador.

De acordo com o estudo, seis a cada dez consumidores aproveitam a oferta para fazer compras por impulso. Nem a crise econômica é capaz de freá-los. As aquisições mais realizadas são roupas, calçados e acessórios.

Quando a impulsividade se torna um problema é chamada de Transtorno do Comprar Compulsivo ou oniomania. A síndrome foi descrita pela primeira vez no início do século 20 e está correlacionada aos transtornos de humor, obsessivo-compulsivo, do impulso e até alimentares.

Se você sente um desejo irresistível de comprar, está sempre tentando se equilibrar em dívidas maiores que a sua renda, se sente que precisa comprar algo para 'se animar', o sinal de alerta foi aceso.

"O comércio tem suas ferramentas para estimular o consumo e é preciso ficar atento e se preparar psicologicamente para comprar de forma racional", alerta a psicóloga Géssyca Saturnino.

O ato de comprar pode representar a tentativa de um indivíduo de preencher um vazio, driblar frustrações e espantar a tristeza. Este é o momento ideal para entender o seu estado emocional de momento antes de realizar a compra. "É preciso cuidado e entender o porquê você está indo às compras. Para aproveitar as ofertas, comprar algo necessário ou para esquecer os problemas? Ter consciência do seu estado emocional vai te ajudar a não gastar mais do que o necessário", diz a especialista.

Jovem vence compulsão por compras abrindo brechó

Há um ano e meio, a publicitária Camila Scarpa, de 35 anos, percebeu que estava viciada em compras. "Eu tinha muitas coisas, mas sempre sentia que faltava algo, por isso comprava demais", afirma.

Ao se deparar com 250 itens, incluindo roupas dela, da filha, bolsas e outros acessórios, decidiu montar um brechó. "A oportunidade despertou a união de sonhos, que envolve trabalhar com um público feminino e desafogar um problema e uma carência que eu tinha, de entender que não precisava consumir daquele jeito", conta a empresária.

Hoje, ela toca o Dondoca Vende Tudo, que tem perfil no Instagram e uma loja física na região do ABC Paulista.

A publicitária Camila Scarpa, fundadora do brechó Dondoca Vende Tudo.
A publicitária Camila Scarpa, fundadora do brechó Dondoca Vende Tudo.
Foto: Divulgação / Estadão

Principais sinais e sintomas do comprar compulsivo

A ansiedade desencadeada pela necessidade do consumo é um sinal clássico do Transtorno do Comprar Compulsivo. Essa sensação só acaba após adquirir o produto. E, assim como se boicota uma dieta com um docinho, neste caso, o sentimento de prazer termina rapidamente, dando lugar à culpa e ao endividamento excessivo.

Em casos mais graves, o comprar vira uma obsessão e, a seguir, um vício. Apesar de todas as críticas sociais, de familiares e amigos, a pessoa continua o ato, chegando a realizar compras escondida.

Fique atento aos seguintes sintomas para procurar ajuda psicológica:

- Consumo para aliviar emoções ruins, se acalmar ou ficar 'feliz';

- Não conseguir resistir ao impulso de comprar;

- Pensamentos constantes sobre compras e consumo de produtos que não são necessários ou que serão pouco usados;

- Gastar mais do que o planejado, aumentando as dívidas;

- Críticas de pessoas próximas em relação ao comprar;

- Isolamento social no momento de adquirir produtos, tentando esconder os objetos que comprou.

O que fazer caso você se arrependa da compra?

Para tentar minimizar os efeitos do comprar compulsivo, além de buscar psicoterapia, é preciso verificar quais dispositivos legais o consumidor possui, caso queira devolver o produto que comprou por impulso.

Por isso, a reportagem do E+ conversou com o advogado Ageu Camargo, especialista em Direito do Consumidor e professor do curso de Direito da Universidade UNG. Confira as dicas:

- Levando em conta que tem muita gente que compra por impulso, o consumidor pode se arrepender da compra e pedir o dinheiro de volta, mesmo sem nenhum defeito de produtos e outros?

O Código de Defesa do Consumidor assegura aos consumidores a possibilidade de se arrepender das compras realizadas fora do estabelecimento comercial, como aquelas feitas através de aplicativos de celulares ou pelos sites da internet, no prazo de sete dias. Esse prazo começa a partir do recebimento do produto na residência do consumidor, independentemente se o produto apresenta algum defeito ou não. O consumidor não precisa explicar ao fornecedor os motivos do arrependimento, bastando apenas informar o desejo de cancelar a compra e pleitear a restituição dos valores pagos de forma atualizada.

- Qual dica poderia dar para os consumidores que ficam ansiosos com a Black Friday?

O consumidor deve selecionar previamente os produtos pelos quais tem interesse, realizando pesquisa do valor do produto ao longo do ano. Hoje, existem várias ferramentas na internet que mostram qual foi o preço do produto ao longo do ano. Deste modo, o consumidor poderá saber se o desconto ofertado é real ou não. Para não cair em ciladas, o consumidor deve realizar o consumo consciente, adquirindo apenas produtos que necessariamente precisa, evitando compras por impulso. É importantíssimo pesquisar a reputação da loja escolhida. O site "Reclame Aqui" é uma boa ferramenta nesta tarefa.

Estadão
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