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Avanço do coronavírus na Itália e na Coreia derruba bolsas no mundo todo

Descoberta de novos casos da doença fora da China causa mais preocupação entre analistas e investidores sobre impactos para a economia global

24 fev 2020 - 22h19
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A segunda-feira foi de forte estresse nos mercados financeiros internacionais. O avanço do novo coronavírus na Itália (onde foram registradas sete mortes), na Coreia do Sul (com também sete mortes confirmadas) e no Irã mostra que a doença já não está mais circunscrita aos limites da China. A avaliação é de que, se essa propagação começar a crescer, os efeitos na economia global podem ser catastróficos.

"O coronavírus pode até estar desacelerando na China continental, mas o grande salto registrado no fim de semana em vários países deve provocar reavaliações nas estimativas de crescimento global em 2020", disse Ryan Detrick, estrategista sênior da gestora LPL Financial. "Poderemos ver uma rápida diminuição dos lucros e das perspectivas de crescimento."

De fato, essas preocupações fizeram com que as bolsas de valores de todo o mundo tivessem um dia de pânico generalizado. A Bolsa de Milão registrou a maior queda, de 5,43%. Frankfurt caiu 4,01% e Paris, 3,94%, no pior dia para as bolsas europeias desde 2016.

Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York recuou 3,56%, entre outras quedas globais (ver quadro abaixo). No Brasil, o mercado financeiro estava fechado, em razão do carnaval. Mesmo assim, ações de empresas brasileiras negociadas em Nova York tiveram forte queda.

"O resultado de hoje significa que os mercados não esperavam que isso se tornasse uma grande questão fora da China", disse Craig Erlam, analista sênior da Oanda, empresa de análise de dados financeiros. "Os investidores vão ficar muito mais sensíveis agora."

Na Itália, a projeção dos economistas é de que o produto interno bruto (PIB) caia entre 0,5% e 1% este ano, por conta do surto da doença.

Cautela no mercado com o coronavírus

O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse que ainda é cedo para estimar a extensão dos impactos do coronavírus sobre a economia global, mas que a disseminação do vírus é "preocupante".

"Baseado em tudo o que vimos, é gerenciável, mas a situação pode mudar. Em três ou quatro semanas teremos melhores dados", disse, em entrevista à rede CNBC após reunião do G-20 em Riad, na Arábia Saudita. "Não acho que as pessoas deveriam entrar em pânico. Mas, por outro lado, é preocupante."

Para a presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Cleveland, Loretta Mester, o coronavírus está piorando as perspectivas econômicas de curto prazo para a China, com potenciais consequências no restante do mundo.

Segundo ela, o efeito do vírus no país pode ser maior do que o causado pelo Sars (síndrome respiratória aguda grave) em 2003, pois a China hoje é um player mais relevante na economia global e um eventual corte de gastos de consumidores do país ou redução no turismo envolvendo a China podem causar mais prejuízos do que há 17 anos.

Loretta ressaltou, no entanto, que hoje o gigante asiático tem mais recursos para lidar com o problema e que o governo se adiantou para tomar atitudes no início da epidemia.

China vai flexibilizar política monetária

O Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês) anunciou que vai flexibilizar sua política monetária e injetar liquidez no mercado, numa tentativa de encorajar o crédito e auxiliar a economia do país a se fortalecer, em meio aos impactos do coronavírus. A informação foi dada por Chen Yulu, um dos vice-presidentes do banco, durante coletiva de imprensa de autoridades da área econômica.

O PBoC também estuda reduzir os compulsórios bancários (recursos das instituições financeiras que ficam retidos no banco central) para liberar mais recursos para empréstimos a empresas com dificuldades, disse Chen.

O BC chinês considera, ainda, permitir que os três grandes bancos estatais do país criem políticas para auxiliar pequenas manufaturas, exportadoras e criadores de porcos, setores que sofreram mais com os efeitos do coronavírus. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Estadão
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