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Assembleia aprova venda de divisão de aviação comercial da Embraer para Boeing

26 fev 2019 - 11h32
(atualizado às 15h06)
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A venda do controle da divisão de aviação comercial da Embraer para a Boeing foi aprovada nesta terça-feira por assembleia de acionistas da fabricante brasileira, que ficará com apenas 20 por cento de sua principal geradora de recursos.

14/08/2018
REUTERS/Paulo Whitaker
14/08/2018 REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Reuters

A assembleia contou com participação de detentores de cerca de 67 por cento das ações em circulação da Embraer e 96,8 por cento dos votos considerados como válidos foram favoráveis ao negócio, informou a companhia brasileira.

Porém, sindicatos de metalúrgicos da empresa em São Paulo afirmaram que vão pedir a suspensão dos efeitos da assembleia, alegando que ocorreu de maneira irregular.

Além da venda de 80 por cento da divisão de aviação comercial, o negócio inclui a formação de uma joint-venture para promoção e venda do cargueiro KC-390. Neste caso, a Embraer ficará com 51 por cento das ações da parceria para o cargueiro e a Boeing com o restante.

A assembleia só foi realizada na data marcada desta terça-feira depois que a presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, Terezinha Cazerta, derrubou durante a madrugada liminar que impedia a realização da reunião dos acionistas. A liminar tinha sido pedida por sindicatos de metalúrgicos, que afirmam que o negócio representa uma ameaça aos interesses nacionais.

Essa intervenção de Cazerta motivou os sindicatos de metalúrgicos de São José dos Campos, Araraquara e Botucatu, em São Paulo, a considerarem que a assembleia ocorreu em "ambiente irregular".

"A juíza chamou para si uma decisão que obrigatoriamente deveria ser tomada pelo desembargador Souza Ribeiro, que já havia sido sorteado para julgar o caso Boeing-Embraer. A medida adotada pela juíza é inconstitucional. Com base nesse fato, os sindicatos pedirão a suspensão dos efeitos da assembleia", afirmou o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que abriga a principal fábrica da Embraer no país.

A operação também era questionada pela Associação Brasileira de Investidores (Abradin), que defendia que a transação deveria ter disparado uma oferta pública a todos os acionistas da Embraer.

O presidente da Abradin, Aurélio Valporto, afirmou que a entidade vai avaliar que medidas vai tomar após a assembleia. Segundo ele, acionistas detentores de cerca de 430 milhões de ações estavam presentes na assembleia. Destes, um quarto se manifestou, sendo 96,8 por cento dessa parcela se mostrando favorável ao negócio.

"Na verdade a aprovação foi feita por 13 por cento dos votos do total de acionistas porque o resto são acionistas que não foram, gente que se absteve e no fim foi 96,8 por cento dos que votaram. Acontece que esses 96,8 por cento equivalem a 13 por cento dos acionistas totais", disse Valporto.

Para o vice-presidente-executivo de Finanças da Embraer, Nelson Salgado, alvo de questionamentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por causa da forma como a empresa divulgou informações ao mercado sobre as negociações, os acionistas da Embraer "reconheceram os benefícios da parceria com a Boeing na aviação comercial e na promoção do avião multimissão KC-390". Além disso, os acionistas "compreenderam as oportunidades que existem nos negócios da aviação executiva e defesa", acrescentou.

Por volta de 14:20, as ações da Embraer subiam 3,2 por cento, a 20,02 reais. Mais cedo, os papéis mostravam valorização de 4,3 por cento, a 20,24 reais, perto da máxima da sessão, de 20,29 reais.

Em 2018, a ação da Embraer acumulou valorização de 9 por cento. A Embraer anunciou formalmente tratativas com a Boeing em meados do ano passado.

A transação avalia a divisão de aviação comercial da Embraer em 5,26 bilhões de dólares e contempla um valor de 4,2 bilhões de dólares pela participação de 80 por cento da Boeing.

Os negócios de defesa e jatos executivos e as operações de serviços da Embraer associados a esses produtos permanecerão como uma empresa independente e de capital aberto.

Em meados de janeiro, a Embraer informou que espera que suas receitas caiam em cerca de 50 por cento em 2020 diante da separação da divisão comercial do restante da empresa. A companhia também afirmou que espera reverter um fluxo de caixa negativo de 2018, com o efeito da entrada de recursos da Boeing e previu fluxo positivo de 1 bilhão de dólares com a conclusão da operação.

Com o acordo, os acionistas da Embraer receberão cerca de 35 por cento dos recursos da Boeing.

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