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Apreensão com reforma da Previdência derruba Ibovespa abaixo de 92 mil pts

27 mar 2019 - 17h10
(atualizado às 17h52)
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O Ibovespa fechou em queda de mais de 3 por cento nesta quarta-feira, para baixo dos 92 mil pontos, com agentes financeiros enxergando maiores riscos para a reforma da Previdência, e com crescente receio com o ritmo de crescimento da economia global.

Homem limpa rua na frente do prédio da B3, em São Paulo. 21/3/2019. REUTERS/Nacho Doce
Homem limpa rua na frente do prédio da B3, em São Paulo. 21/3/2019. REUTERS/Nacho Doce
Foto: Reuters

Índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa caiu 3,57 por cento, a 91.903,40 pontos, na mínima do dia. O giro financeiro da sessão somou 17,89 bilhões de reais.

O alívio da véspera, quando o Ibovespa subiu 1,76 por cento e quebrou série de cinco pregões de perdas, durou pouco, após deputados aprovarem uma PEC que reduz a margem de manobra do governo com o Orçamento, o que pode ser visto como sinal de insatisfação com o Planalto.

Em meio à falta de avanços da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, agentes financeiros entenderam a votação como mais um sinal de que falta condução política do governo no Congresso, o que pode atrasar a tramitação do texto e implicar maior desidratação da proposta.

"O Executivo não mostra disposição para conversar com os parlamentares", disse Pedro Menezes, membro do comitê de investimento de ações e sócio da Occam Brasil Gestão de Recursos, no Rio de Janeiro.

"A impressão que fica é que o presidente Jair Bolsonaro não define corretamente suas prioridades e não há sinalização de que isso vai mudar", afirmou. "O mercado não tinha na conta a inércia do presidente. E agora vai esperar atos concretos, não vai mais se levar por simples falas."

No final da tarde, Bolsonaro afirmou à Band que é necessário aprovar a reforma da Previdência ou o país quebra e disse que deve se encontrar com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) na volta de viagem a Israel. Disse ainda que, da sua parte, não tem briga com ninguém.

"O presidente optou por não baixar a temperatura da situação entre Executivo e Legislativo, levando um mercado já fragilizado para uma correção ainda mais acentuada", disse o estrategista Dan Kawa, sócio na TAG Investimentos, em nota a clientes.

Mais cedo, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, admitiu que o governo cometeu erros na relação com o Congresso, mas disse que não via a aprovação da PEC, que torna o Orçamento mais impositivo, como uma derrota do governo.

Apostas positivas ligadas às mudanças das regras das aposentadorias ajudaram o Ibovespa a tocar 100 mil pontos na semana passada. Desde então, o ganho acumulado do índice de mais de 10 por cento no ano até dia 18 recuar a menos de 5 por cento.

A participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, em comissão do Senado não acalmou os ânimos, principalmente com o comentário de que de quem não tem apego ao cargo, embora tenha ponderado que não tem a irresponsabilidade de sair na primeira derrota.

A pressão vendedora também encontrou respaldo no viés negativo em moedas de mercados emergentes, em meio a receios sobre desaceleração econômica. Em Wall Street os três principais índices fecharam no vermelho.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN caiu 4,51 por cento, após forte alta na véspera, contaminada pela maior desconfiança com o ritmo da pauta da reforma previdenciária, além de fraqueza dos preços do petróleo no mercado externo.

- VALE cedeu 1,35 por cento, com agentes financeiros na expectativa do balanço do quarto trimestre, previsto para após o fechamento do pregão.

- BANCO DO BRASIL recuou 5,54 por cento, em dia de queda em bancos, com BRADESCO PN caindo 3,46 por cento, ITAÚ UNIBANCO PN perdendo 3,39 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT cedendo 4,83 por cento.

- GOL PN fechou em queda de 8,71 por cento, diante da alta do dólar frente ao real. Ainda no radar, a Câmara dos Deputados concluiu votação de projeto que permite controle de aéreas por estrangeiros.

- ELETROBRAS ON caiu 7,23 por cento, antes da divulgação do balanço, aguardado para após o fechamento, com o clima mais complicado em Brasília adicionando apreensões sobre uma esperada capitalização da elétrica.

- USIMINAS PNA cedeu 7,41 por cento, liderando as perdas do setor siderúrgico, com CSN em baixa de 5,11 por cento e GERDAU PN caindo 3,87 por cento.

- SUZANO valorizou-se 1,87 por cento, única alta do Ibovespa, favorecida pela valorização do dólar, além de repercussão positiva do encontro com investidores na véspera.

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