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Apple se acerta com rival Samsung para avançar em streaming

Com acordo, companhia comandada por Tim Cook reforça estratégia de turbinar receitas com serviço, frente a vendas mais fracas de iPhone

8 jan 2019 - 05h11
(atualizado às 08h00)
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Historicamente, a Apple não participa da Consumer Electronic Show (CES), umas das principais feiras de eletrônicos do mundo. Mas, na edição deste ano, que abre nesta terça-feira,8, para o público, a companhia conseguiu roubar os holofotes. A empresa comandada por Tim Cook se juntou à rival Samsung para turbinar a sua plataforma de vídeos, enquanto as vendas de iPhone esfriam.

O anúncio ocorreu na noite de domingo. As empresas revelaram que os televisores das linhas 2018 e 2019 da fabricante sul-coreana terão acesso ao iTunes, plataforma da Apple para locação de filmes e programas de TV. Antes do anúncio, os únicos aparelhos de outros fabricantes capazes de acessar os conteúdos eram computadores com Windows.

Homem passa em frente a loja da Apple em Pequim
Homem passa em frente a loja da Apple em Pequim
Foto: Thomas Peter / Reuters

A parceria reforça a ideia de que a Apple se prepara para mergulhar de vez no segmento de streaming de vídeos, competindo com Netflix e Amazon. Atualmente, o iTunes já permite baixar filmes, seriados e alguns programas de TV produzidos pela própria Apple, mas rumores apontam que a companhia criada por Steve Jobs deve lançar em breve um novo serviço de vídeos sob demanda.

"Isso é mais uma evidência de que a Apple está determinada a mudar sua estratégia de focar em hardware para trabalhar com parceiros com o objetivo turbinar sua receita de serviços", escreveu o analista Gene Munster, da Loupventures.

Público maior

A chegada a aparelhos de outros fabricantes é fundamental para a reforçar o novo serviço, com ampliação do público. Tradicionalmente, os serviços da Apple estão ligados aos dispositivos da empresa. Hoje, calcula-se que a base ativa de iPhones, por exemplo, gire em torno de 700 milhões de usuários, enquanto o número de assinantes de serviços da Apple é de cerca de 330 milhões. Com a parceria, a tendência é o crescimento desse número, e, por isso, a escolha pela Samsung parece acertada.

A gigante coreana é a principal fabricante de TVs do mundo - um estudo da consultoria IHS Markit mostrou que a companhia tinha 29% do mercado global entre janeiro e junho de 2018. O número cresce para 46,5% quando é considerado o papel no mercado global da LG, que também anunciou parceria com a Apple.

"Para a Samsung, a parceria é importante, pois ela ganha conhecimento em apps, uma área que não vai bem", diz Fabro Steibel, diretor executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio).

Analistas acreditam que o novo serviço de streaming é fundamental para a estratégia da Apple de ampliar a receita da divisão de serviços. No último trimestre fiscal, esse segmento da companhia teve receita de US$ 10,8 bilhões, cifra que Tim Cook pretende dobrar até 2020.

Nos últimos três meses, a Apple perdeu US$ 423 bilhões em valor de mercado, movimento puxado pela desaceleração nas vendas de iPhone. No último dia 3, as ações da empresa despencaram 10%. No meio do caos, porém, Cook decidiu celebrar o avanço da divisão de serviços.

Mais conexões

Além da parceria pelo iTunes com a Samsung, a Apple também fechou acordo com LG e Vizio para que os aparelhos dessas fabricantes tenham compatibilidade com o protocolo AirPlay 2. Ele permite que dispositivos exibam conteúdo transmitido por aparelhos da Apple, como fotos, vídeos e podcasts. Até então, essas TVs conversavam apenas com dispositivos Android. Esse recurso estará disponível em 190 países.

Não é a primeira vez que a Apple decide abrir as portas de seus serviços para turbinar segmentos de seu interesse. Em 2003, a companhia decidiu tornar o iTunes compatível com o Windows.

Na época, o programa vendia arquivos MP3 e era a única maneira de carregar músicas no iPod, principal aposta da empresa. Deu certo: com o Windows, o iPod chegou a gerar mais da metade da receita da Apple.

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