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Após relatos de possíveis atividades ilícitas envolvendo bancos, mercados internacionais têm queda

Papéis do HSBC e do Standard Chartered sofreram baixas de 5,33% e 6,18%, respectivamente, atingindo os menores níveis desde 1995 e 2002; tombo veio após relatos de que bancos britânicos movimentaram amplas somas de fundos ilícitos

21 set 2020 - 07h20
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SÃO PAULO E LONDRES - As Bolsas da Ásia fecharam em baixa generalizada nesta segunda-feira, 21, após relatos sobre atividades ilícitas derrubarem as ações dos bancos britânicos HSBC e Standard Chartered em Hong Kong. Além disso, o banco central chinês decidiu manter juros de referência inalterados pelo quinto mês consecutivo.

Na avaliação da Capital Economics, o próximo movimento da China deverá ser de elevar as LPRs, possivelmente no começo do próximo ano, uma vez que a segunda maior economia do mundo já voltou em boa parte aos patamares em que estava antes da crise do coronavírus e o PBoC está relutante em manter uma política monetária acomodatícia por mais tempo que o necessário.

Bolsas da Ásia

O índice Hang Seng liderou as perdas, com queda de 2,06% em Hong Kong, a 23.950,69 pontos. Os papéis do HSBC e do Standard Chartered sofreram baixas de 5,33% e 6,18%, respectivamente, atingindo os menores níveis desde 1995 e 2002. O tombo veio após relatos de que os dois bancos britânicos movimentaram amplas somas de fundos ilícitos por quase duas décadas.

Na China continental, o Xangai Composto caiu 0,63%, a 3.316,94 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto recuou 0,52%, a 2.208,30 pontos. O PBoC - como é conhecido o BC chinês - deixou hoje inalteradas suas taxas de juros de referência para empréstimos de curto e longo prazos pelo quinto mês seguido. A chamada LPR de um ano permaneceu em 3,85% e a LPR para empréstimos de cinco anos ou mais longos ficou em 4,65%.

Em outras partes da Ásia, o índice sul-coreano Kospi teve baixa de 0,95% em Seul nesta segunda-feira, a 2.389,39 pontos, e o Taiex caiu 0,63% em Taiwan, a 12.795,12 pontos. Já a Bolsa de Tóquio não operou, devido a um feriado nacional no Japão.

Na Oceania, a Bolsa australiana também ficou no vermelho, pressionada por ações de grandes bancos domésticos e de mineradoras. O S&P/ASX 200 recuou 0,71% em Sydney, a 5.822,60 pontos.

Bolsas da Europa

Já abalados pela crise causada pela pandemia de coronavírus, os bancos europeus amargam fortes perdas nesta manhã, levando um mau humor generalizado aos mercados locais. Perto das 7h, o índice intercontinental recuava 2,57%, a 359,32 pontos com todos os pregões no terreno negativo. A queda já é a maior desde julho. O setor bancário cedia 4,95%, acumulando baixa de 42,95% no ano, por causa de um escândalo revelado no fim de semana, e o de viagens e lazer tinha desvalorização de 5,34% hoje e de 37,13% desde o início de 2020 em função do recrudescimento da covid-19.

A aversão ao risco dos investidores da região disparou nesta manhã por causa de relatos de que os bancos britânicos HSBC e Standard Chartered movimentaram mais de US$ 2 trilhões de fundos ilícitos por quase duas décadas. As ações do Chartered recuavam 5,18% e as do HSBC, 5,86%. De acordo com o FactSet, no início do pregão, as ações do HSBC haviam caído para o menor nível em mais de 25 anos. A perda se alastra por outras instituições, porém, porque também há indícios de operações ilegais semelhantes em relação a outros bancos europeus, como o Barclays (-6,57%) e o Deutsche Bank (-6,40%), por exemplo. As instituições financeiras já amargam quedas desde o início da pandemia com o aumento de provisões para sustentar os bancos durante uma possível enxurrada de inadimplência no setor.

Às 6h40, no horário de Brasília, todas as Bolsas europeias registravam perdas significativas: Londres (-3,29%), Frankfurt (-2,95%), Paris (-2,87%), Milão (-3,04%), Madri (-3,36%) e Lisboa (-1,86%). No mercado cambial, o euro era cotado a US$ 1,1785, ante US$ 1,1852 do fim da tarde de sexta-feira, e a libra era comercializada a US$ 1,2847, de US$ 1,2917 do mesmo período.

Petróleo

Os contratos futuros do petróleo operam em baixa de mais de 2% na madrugada desta segunda-feira, após relatos de que a Líbia poderá logo restaurar parte de sua oferta ao mercado. A commodity também acompanha a fraqueza dos mercados acionários, num momento de aversão a risco causado por alegações de irregularidades contra dois grandes bancos britânicos, o HSBC e o Standard Chartered. Às 5h40 (de Brasília), o barril do petróleo WTI para novembro caía 2,27% na Nymex, a US$ 40,38, enquanto o do Brent para o mesmo mês recuava 2,06% na ICE, a US$ 42,26.

Relatos de atividade ilícita em bancos britânicos

Ações do HSBC e do Standard Chartered operam em forte baixa em Londres e em Hong Kong nesta segunda-feira, após relatos da mídia de que os dois bancos britânicos movimentaram amplas somas de fundos ilícitos por um longo período, apesar de indícios de sua origem duvidosa.

As alegações, feitas pela BuzzFeed News em parceira com organizações noticiosas que incluem o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, pela sigla em inglês), se baseiam em documentos vazados sobre transações de mais de US$ 2 trilhões ocorridas principalmente entre 2011 e 2017.

Os documentos foram submetidos à Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCEN), órgão do Departamento do Tesouro dos EUA, e detalham operações supostamente ligadas a crimes financeiros, como lavagem de dinheiro. "Assumimos nossa responsabilidade de combater crimes financeiros de forma extremamente séria e temos investido substancialmente em nossos programas de conformidade", disse o Standard Chartered ao The Wall Street Journal. Procurado, o HSBC ainda não se pronunciou sobre a alegação. Os recursos ilícitos teriam sido movimentados num período de quase duas décadas, segundo a Reuters.

Estadão
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