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Após GM, sindicalistas temem aperto de mais empresas

Centrais sindicais se reunirão para discutir conjuntura e tentar agir juntas; caso pode afetar mais trabalhadores além de metalúrgicos

30 jan 2019 - 08h00
(atualizado às 09h25)
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A notícia de que a GM poderá paralisar seus investimentos no Brasil – o que significaria encerrar as atividades no futuro – caso não tenha mais apoio governamental e “sacrifícios” de trabalhadores, revendedores e fornecedores deixou tensos sindicalistas de todo o País. Eles temem que outras montadoras tomem a mesma atitude.

Nesta sexta-feira (1), dirigentes metalúrgicos das centrais sindicais se reunirão em São Paulo para tentar elaborar um plano de ação comum. Apesar de as centrais serem bastante distintas entre si, há no meio a perspectiva de que cheguem a um acordo sem grandes problemas.

Recentemente, durante as reformas econômicas tocadas pelo governo Michel Temer, as entidades conseguiram consensos internos para se opor às propostas. Na reunião desta semana é esperada uma dinâmica semelhante.

Logo da GM em frente à fábrica de São José dos Campos (SP)
Logo da GM em frente à fábrica de São José dos Campos (SP)
Foto: Roosevelt Cassio / Reuters

Com cinco fábricas no Brasil – São Caetano (SP), São José dos Campos (SP), Mogi das Cruzes (SP), Joinville (SC) e Gravataí (RS) –, a GM comunicou no dia 18 deste mês a seus funcionários que cogitava deixar o país caso não tivesse algumas exigências atendidas. O caso foi revelado pelo Terra.

Além de benefícios de governos, revendedores e fornecedores, a empresa quer que os funcionários aceitem um arrocho. Para os trabalhadores de São José dos Campos, por exemplo, quer redução de custos trabalhistas em 28 pontos.

A lista inclui diminuição do piso salarial, fim do transporte fretado para a fábrica, terceirização irrestrita na linha de produção, entre outras exigências.

Mesmo a planta de Gravataí, onde é fabricado o carro de maior sucesso da montadora – o Onix – e que paga salários e benefícios bastante inferiores aos de São José dos Campos, está na mira da empresa. A pauta da organização para essa fábrica tem 21 exigências.

Caso tenha sucesso nessa negociação, a GM conseguirá baixar seus custos e ganhará uma vantagem para competir com as concorrentes. Dessa forma, outras empresas poderão seguir a montadora americana, fazendo exigências parecidas a seus trabalhadores.

O governo de São Paulo, onde ficam três das cinco unidades da GM, sinalizou que antecipará créditos do ICMS para a empresa. Outras montadoras com fábricas no Estado resolveram pedir o mesmo ao Palácio dos Bandeirantes.

Na fábrica da Mitsubishi em Catalão (GO), corre um boato sobre demissões que assusta os funcionários. Nesta terça-feira (29) o sindicato local realizou uma assembleia sobre o tema. O caso não está necessariamente relacionado à decisão da GM, mas mostra que há temores sobre a manutenção de empregos em outras firmas da indústria automobilística.

No encontro em São Paulo, os dirigentes sindicais também vão avaliar a situação de operários de outras indústrias. O mercado de autopeças, por exemplo, poderá ser afetado. O ramo inclui trabalhadores como os do tecido e do plástico, não só metalurgia.

Entenda o caso

A GM passa por uma grande reestruturação global, que inclui fechamento de fábricas. No comunicado enviado por e-mail aos funcionários em meados de janeiro, a empresa colocava a possibilidade de encerrar os investimentos no Brasil nesse contexto.

Por aqui, o movimento não se trataria de um fechamento imediato de plantas. Sem novos aportes, porém, as fábricas fechariam aos poucos. Os modelos de carros feitos atualmente ficariam ultrapassados com o passar dos anos, sem reposição por veículos novos e mais competitivos. Em algum momento a produção seria inviabilizada.

A empresa é fabricante do carro líder em vendas do Brasil, o Onix. Mesmo assim, está tendo prejuízos desde 2016. Segundo o comunicado enviado aos trabalhadores, a operação em toda a América do Sul está ameaçada.

Inicialmente, alguns tinham a impressão de que a GM não cogitava realmente executar esse plano. Estaria blefando para conseguir vantagens. Essa impressão foi desfeita na primeira reunião entre a empresa e sindicalistas. Os representantes dos trabalhadores saíram do encontro dizendo que a ameaça era para valer.

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Fonte: Redação Terra
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