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Apesar da recuperação econômica, emprego continua 6,4% abaixo do nível pré-pandemia; leia análise

Para Paulo Peruchetti, economista do Ibre/FGV, mercado de trabalho continua fragilizado; trabalhadores informais e menos qualificados são os mais prejudicados

30 jul 2021 - 14h50
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A pandemia da covid-19 teve um impacto muito negativo sobre o mercado de trabalho brasileiro. Um aspecto importante dessa crise foi o fato de que milhões de trabalhadores desistiram de procurar emprego, o que resultou em uma queda sem precedentes da força de trabalho em 2020. Além disso, após apresentar um crescimento médio de 1,7% ao ano entre 2017 e 2019, o emprego recuou 7,9% ano passado, influenciado por quedas fortes na indústria e principalmente no setor de serviços. Diferentemente de recessões anteriores, os trabalhadores informais foram mais atingidos que os formais, e as ocupações de baixa escolaridade foram particularmente afetadas.

Os dados da Pnad Contínua divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que em 2021 o mercado de trabalho continua muito fragilizado. Apesar de vários indicadores apontarem para uma melhoria da atividade econômica nos últimos meses, o emprego tem se recuperado de forma mais lenta, encontrando-se 6,4% abaixo do nível observado em fevereiro de 2020, influenciado principalmente pela fraca recuperação do setor de serviços.

Em consequência, a taxa de desemprego permanece elevada (14,6% no trimestre móvel terminado em maio de 2021, alcançando 14,8 milhões de desempregados). Somando-se o elevado contingente de mão de obra que se encontra subutilizada (32,9 milhões de pessoas), os dados evidenciam que os desafios para o mercado de trabalho são imensos.

Diante do elevado grau de incerteza, a recuperação do mercado de trabalho deverá ocorrer principalmente por meio de ocupações informais, reproduzindo o padrão observado no período anterior à pandemia.

Além disso, os trabalhadores de menor escolaridade provavelmente terão grande dificuldade de inserção na força de trabalho, devido ao avanço de tecnologias que favorecem os trabalhadores mais qualificados, como o aumento do trabalho remoto. Isso reforça ainda mais a necessidade de capacitação da mão de obra para o mercado de trabalho.

* É ECONOMISTA E PESQUISADOR DO ??INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (IBRE/FGV)

Estadão
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