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Aneel critica parada de plataforma da Petrobras

Agência questiona manutenção no período de seca, o que pode levar a alta de energia

26 jul 2018 - 04h11
(atualizado às 08h26)
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A Petrobras informou que iniciou nesta quarta-feira, 25, a parada programada da plataforma de Mexilhão, na Bacia de Santos, que vai durar 45 dias e reduzir a oferta de gás natural no mercado brasileiro. Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), as usinas térmicas que recebem o combustível, localizadas no Nordeste e Sudeste, também vão parar para manutenção, sendo substituídas por outras fontes de energia (usinas térmicas de outras empresas, por exemplo), para garantir a segurança do abastecimento do sistema elétrico.

Tanques de combustível da Petrobras na refinaria de Paulínia
01/07/2017
REUTERS/Paulo Whitaker
Tanques de combustível da Petrobras na refinaria de Paulínia 01/07/2017 REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Reuters

Apesar da previsão de normalidade no abastecimento energético do País, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criticou a decisão da Petrobras de fazer a manutenção em pleno período de seca, quando as usinas térmicas são mais demandadas. "Essa condição sugere que, sob a ótica do setor elétrico, o momento escolhido para a parada não tenha sido o mais adequado, visto que o sistema demanda a geração térmica para preservar água nos reservatórios até a chegada do próximo período úmido", disse a Aneel em relatório emitido na segunda-feira passada para o ONS.

A agência pede ao operador que esclareça os motivos pelos quais a manutenção da plataforma foi programada para o período do ano em que o sistema demanda maior geração térmica. A Aneel solicita também ao ONS que informe as medidas que deverão ser tomadas para garantir o atendimento da carga, principalmente na Região Nordeste, bem como os impactos de tais medidas na manutenção dos níveis dos reservatórios e no custo total de operação do sistema.

A estatal alega que a parada da plataforma de Mexilhão foi necessária para fazer obras que aumentem a capacidade de escoamento de gás no sistema de gasodutos da Rota 1 do pré-sal, para atender à produção futura da Bacia de Santos. Além de melhorias da estrutura logística, "as obras também servirão para atender às inspeções obrigatórias de segurança, estabelecidas pelo Ministério do Trabalho", disse, sem dar detalhes.

A empresa informou ainda que se reuniu durante esta semana com distribuidoras de gás natural para apresentar as ações realizadas no sentido de evitar qualquer impacto no fornecimento do combustível. "As ações e soluções tomadas pela Petrobras estão dentro das regras contratuais e garantem o abastecimento de gás natural no Brasil. O cronograma de paradas das termoelétricas foi discutido e articulado junto ao ONS, também de forma antecipada, buscando o mínimo impacto possível ao setor", explicou a Petrobras em nota.

"A parada de Mexilhão possibilitará a interligação submarina de novo trecho do gasoduto ao já existente, permitindo separação da produção de gás do pré-sal e do pós-sal. Durante o período de parada da plataforma, estão sendo realizados melhoramentos também na unidade de tratamento de gás de Caraguatatuba, incluindo a adequação do sistema e automação e implantação de estruturas para futuras conexões de estações de medição", concluiu a estatal.

Tarifas

O uso de térmicas mais caras, no entanto, não deverá afetar de imediato os consumidores, porque as contas de luz já estão na chamada bandeira tarifária nível 2, a mais cara, que gera custos adicionais para custear a operação de térmicas em momentos de escassez na geração hídrica.

Mas as distribuidoras de energia já têm se queixado à Aneel de que a arrecadação com as bandeiras tarifárias não é suficiente para cobrir todos os seus custos, como com a compra de energia térmica, conforme publicado pela agência Reuters nesta semana.

Com mais térmicas a óleo, de alto custo, a pressão sobre o caixa das distribuidoras deverá aumentar, segundo o sócio da comercializadora FDR Energia, Erick Azevedo. "Bandeira vermelha já ia ter de qualquer jeito... mas piorou a situação para as distribuidoras, vai aumentar a conta do déficit delas", afirmou.

Uma das possibilidades para resolver o problema das distribuidoras seria elevar o sobrecusto associado às bandeiras tarifárias, mas as empresas têm sugerido à Aneel também algumas soluções alternativas para evitar um impacto tarifário imediato.

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