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Andav vê alta de até 10% na safra 18/19 do país apesar de atraso em venda de insumos

27 jul 2018 - 14h25
(atualizado às 15h34)
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A produção de grãos do Brasil na safra que começa a ser plantada em setembro (2018/19) poderá aumentar entre 8 e 10 por cento, com crescimento de área semeada e um incremento da colheita de soja e milho, em condições normais de clima, avaliou o presidente-executivo da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav).

Trabalhadores em lavoura de soja em São Desidério, na Bahia
21/03/2018
REUTERS/Roberto Samora
Trabalhadores em lavoura de soja em São Desidério, na Bahia 21/03/2018 REUTERS/Roberto Samora
Foto: Reuters

A expansão da área ocorrerá diante da demanda firme da China pela soja brasileira, em meio a uma guerra tarifária com os Estados Unidos, após duas safras recordes seguidas da oleaginosa, nas quais produtores obtiveram boas rentabilidades.

O crescimento se daria apesar de dúvidas relacionadas ao câmbio, em ano eleitoral, que têm atrasado os negócios de insumos agrícolas, afirmou o executivo da Andav, Henrique Mazotini, em entrevista Reuters.

"Apesar das incertezas, temos uma certeza: o agricultor vai plantar, e ele vai plantar mais... Temos contatos nos Estados, e o agricultor está comprando uma nova área ou ele está arrendando terras", afirmou Mazotini.

Ele comentou que a soja dará impulso à produção, mas também haverá um incremento de milho na próxima temporada. A segunda safra do cereal, semeada após a colheita da oleaginosa, em 2019, fará uma diferença importante, ressaltou o dirigente.

A safra total de grãos e oleaginosas do Brasil em 2017/18 está estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 228,5 milhões de toneladas, redução de cerca de 4 por cento na comparação com a recorde de 2016/17.

A safra 2017/18 poderia ter sido maior não fosse um recuo de cerca de 15 milhões de toneladas na produção de milho ante 16/17, afetada principalmente pela seca no outono/inverno. Já a soja, colhida no verão, atingiu uma nova marca histórica de quase 119 milhões de toneladas.

"A soja é o carro chefe, o produtor já se definiu na soja (para 2018/19), não se definiu na primeira safra de milho, mas já se definiu na safrinha (segunda safra). Isso representa negócio feito...", afirmou Mazotini.

Contudo, o executivo da Andav vê um atraso nos negócios de insumos (sementes, defensivos e fertilizantes) este ano, em meio a problemas gerados pela greve dos caminhoneiros e também à instituição uma tabela de frete, mas as oscilações do câmbio igualmente têm pesado na decisão dos agricultores.

Muitos insumos agrícolas têm suas cotações atreladas ao dólar, que está atualmente na faixa de 3,70 reais, cerca de 50 centavos acima do registrado no mesmo período do ano passado, diante das preocupações eleitorais.

Agora, se um candidato comprometido com o mercado ganhar as eleições, o dólar pode cair e impactar o preço da soja quando a decisão de plantio já estará somada, causando um desencontro entre custos e o valor do produto agrícola, segundo especialistas.

Dessa forma, a venda antecipada dos três principais insumos está em 50 por cento do previsto, ante pelo menos 60 por cento no mesmo período do ano passado.

Na avaliação de Mazotini, a melhor forma de o produtor se precaver das oscilações do câmbio é fechar negócios já.

"Travar vendas agora seria bom para os dois lados", afirmou ele, admitindo que custos maiores decorrentes de questões como a tabela do frete, por exemplo, poderiam levar o agricultor a optar por uma safra com um pacote tecnológico de insumos mais barato.

A Andav deve discutir mais o tema, inclusive com a divulgação de uma pesquisa junto ao setor, em seu congresso anual, em São Paulo, entre 13 e 15 de agosto.

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