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Ambiente externo e disputas do governo levam dólar a R$ 3,97

Já o Ibovespa, principal índice de ações brasileiro, fechou em queda de 0,65%, aos 94.388,73 pontos

7 mai 2019 - 10h41
(atualizado às 18h56)
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A conjugação de ambiente global de aversão a risco com temores de diluição da reforma da Previdência, na esteira de disputas internas no governo Jair Bolsonaro, fez com que o dólar subisse mais um degrau nesta terça-feira, emendando o segundo pregão consecutivo de alta. Com valorização de 0,29%, a moeda americana fechou cotada a R$ 3,9694. Na semana, o dólar já sobe 0,77%, o que leva a valorização acumulada em maio a 1,23%.

No mercado de ações, o índice Bovespa teve novo pregão de perdas nesta terça-feira, determinada mais uma vez pela aversão ao risco no mercado internacional. Sem defesas contra a má influência das bolsas de Nova York, o principal índice de ações brasileiro fechou em queda de 0,65%, aos 94.388,73 pontos. Os negócios na B3 somaram R$ 15,1 bilhões.

Dólar

A moeda americana iniciou os negócios em alta e chegou a correr até a máxima de R$ 4 ainda pela manhã. Operadores notaram um forte movimento especulativo com dólar futuro, desencadeado pelo aguçamento das tensões entre as alas militar e olavista do governo.

A percepção de balbúrdia no governo, que dava força à tese de a falta de articulação política, prenunciava uma tramitação acidentada da reforma na Comissão Especial, levando a uma desidratação acentuada do texto do governo. O movimento especulativo ainda contava com o pano de fundo externo de valorização global do dólar, em meio a um movimento de aversão ao risco provado pelas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.

As apostas a favor da moeda americana amainaram ao longo da tarde. A corrida ao dólar até os R$ 4 trouxe exportadores ao mercado e deu início a um movimento de realização de lucros de posições comprados. "O mercado aproveitou essa confusão no governo e a alta lá fora para testar a barreira dos R$ 4. Foi mais um movimento especulativo. Bastou bater nessa resistência de R$ 4 para trazer os vendedores e o dólar voltar", diz Marcos Trabbold, diretor operacional da B&T Corretora.

Além da moderação dos ganhos da moeda americana no exterior, operadores citaram como pontos que contribuíram para a perda de fôlego do dólar o início dos trabalhos da comissão especial da Câmara e a MP dos Ministérios. O relator da reforma da Previdência na comissão, Samuel Moreira (PSDB-SP), propôs um plano de trabalho com realização de 10 audiências públicas até o dia 29 de maio.

Já o parecer do relator da MP dos Ministérios em Comissão Mista do Congresso, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), trouxe, em concordância com o governo, a recriação dos ministérios das Cidades e Integração Nacional. Abre-se espaço no governo a ser ocupado por partidos do Centrão, fundamentais para a tramitação da reforma no Congresso.

Para o operador de câmbio Cleber Alessie, da H.Commcor, na ausência de um sinal inequívoco de força do governo no Congresso, a moeda americana tende a se manter pressionada e oscilar conforme o vaivém do ambiente externo. "O mercado está míope, com foco na Previdência. Mas já não há aquele otimismo do início do ano. Lá fora, estão recalibrando as posições com essa questão da China e dos Estados Unidos, o influencia o mercado local", diz Alessie.

Bolsa

O temor de intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China manteve-se no centro das atenções e justificou as perdas em todos os mercados acionários de relevância no mundo. A queda do Ibovespa foi considerada "positiva" entre operadores, se comparada às perdas superiores a 2% registradas pelas bolsas americanas. Na mínima do dia, o índice chegou aos 92.749,70 pontos, numa queda de 2,38%.

"Hoje a queda do Ibovespa esteve muito mais ligada ao exterior do que a fatores internos, até porque já tivemos momentos piores no que diz respeito a ruídos políticos. A sinalização de Donald Trump contra os produtos chineses criou um movimento global, com quedas das commodities e perdas superiores a 2% nas bolsas de Nova York", afirma Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos.

O noticiário em torno da reforma da Previdência foi monitorado, mas sem destaque para o mercado de ações. São duas as expectativas para a quarta-feira: a definição do cronograma da comissão especial da Câmara que analisa a matéria e a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, na sessão do colegiado, prevista para o período da tarde.

Na análise por ações, um dos principais destaques do dia foi Itaú Unibanco PN. Segunda ação de maior peso na composição do Ibovespa (9,88%), o papel caiu 1,12% e respondeu pelo maior volume de negócios na B3 (R$ 909,9 milhões). Petrobras PN caiu 1,57%, alinhada às perdas dos preços do petróleo no mercado internacional. Foram poucos os destaques de alta entre as blue chips. Entre eles estiveram Banco do Brasil ON (+0,24%) e Vale ON (+0,08%).

Estadão
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