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ENTREVISTA-Ainda faltam 50 votos para Previdência, mas apoio da população cresce e vai ajudar, diz Marun

4 jan 2018 - 14h35
(atualizado às 14h38)
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Com apenas um ano pela frente, o governo do presidente Michel Temer ainda conta com a mudança de disposição dos parlamentares para aprovar a reforma da Previdência entre fevereiro e março deste ano, mas o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admite que faltam pelo menos 50 votos para o governo chegar ao mínimo necessário para aprovação na Câmara.

Carlos Marun no Palácio do Planalto
21/02/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Carlos Marun no Palácio do Planalto 21/02/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Em entrevista à Reuters nesta quinta-feira, o ministro disse que aposta em uma virada na disposição da população em relação à necessidade da reforma, o que se refletiria no Congresso.

"A população começa a entender que a reforma é necessária, majoritariamente. Já temos menos de 50 por cento da população contra a reforma, em dezembro. Tenho expectativa que numa próxima pesquisa, até o final de janeiro, o percentual que não acha a reformas necessária esteja abaixo 30 por cento. Isso vai gerar reflexo positivo nos parlamentares", garantiu.

Depois de gastar munição para defender o presidente Michel Temer contra duas denúncias apresentadas pelo ex-procurador da República Rodrigo Janot --que terminaram bloqueadas pela Câmara dos Deputados-- o governo tem pouco espaço de negociação com os partidos da base, especialmente em um ano eleitoral.

Marun diz, no entanto, que os argumentos contra a reforma estão se esgotando.

"São pouquíssimos os argumentos que se colocam. Não existe mais um combate à reforma com argumentos, existe um combate à reforma com constrangimento. Tentando constranger deputados", disse. "Não é mais o argumento que está faltando. Existe sim uma preocupação com a questão eleitoral, que é justa. Não estou criticando, é normal."

No final, analisa o ministro, uma mudança de perspectiva da população, que o governo estaria acompanhando com pesquisas, levaria aos 308 votos necessários para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição na Câmara.

A reforma da Previdência esteve sempre no centro das prioridades do Palácio do Planalto. Na ânsia de marcar seu governo como "reformista", o presidente chegou a dizer que teria um projeto pronto 30 dias depois de assumir o mandato, ainda como interino, em maio de 2016.

A realidade se revelou mais difícil que o esperado, mas o governo mantém a aposta, convencido de que a aprovação da reforma pode levar o país a crescer mais de 3 por cento este ano.

"A aprovação trará ao Brasil um período de grande crescimento econômico. Com a aprovação vamos passar de 3 por cento. Isso é um impacto que vai ser sentido pelas pessoas", disse Marun. "Aliás, já começa a ser sentido. Tivemos o melhor Natal dos últimos anos, não é à toa."

Questionado sobre se as negociações para aprovar o texto não podem desidratá-la a tal ponto que seja necessário fazer uma nova mudança daqui a alguns anos, Marun nega. Os pontos centrais --idade mínima e equiparação dos regimes de Previdência pública e privada--, diz, garantem um fôlego que pode chegar a 20 anos.

Uma vez aprovada a reforma agora, se houver um entendimento de que é preciso mexer de novo no tema antes de 20 anos isso poderia ser feito na reavaliação do teto de gastos, em 10 anos.

"Mas não vamos ter que reformar a Previdência no ano que vem, o que vai acontecer se não fizermos nada (agora)", afirmou.

"Aí vem o grande perigo de se eleger alguém dizendo que é contra a reforma da Previdência. Quando lhe mostrarem as contas públicas ele vai saber que vai ter que fazer no primeiro semestre de 2019", afirmou Marun, para o caso de o Congresso não aprovar a reforma agora em 2018.

"Aí se consolidaria um novo estelionato eleitoral e o Brasil não merece viver uma situação dessas novamente", acrescentou.

Marun admite o risco de as mudanças não serem aprovadas, mesmo com toda a negociação e pressão do governo. Mas afirma que colocou sua própria vida política em risco ao aceitar capitanear as negociações. Deputado federal, o gaúcho eleito por Mato Grosso do Sul desistiu de se candidatar à reeleição para aceitar o cargo de ministro da Secretaria no último ano de governo.

"O risco existe, mas é pequeno. Eu estou muito confiante. Eu coloquei inclusive minha vida política nesse projeto. Se não der certo... mas eu estou muito convencido que podemos aprovar", garantiu.

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