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Agroconsult corta previsão para safra de soja do Brasil em 4,2% por tempo ruim

10 jan 2019 - 15h18
(atualizado às 17h03)
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A safra de soja 2018/19 do Brasil, já em colheita, deverá totalizar 117,6 milhões de toneladas, projetou nesta quinta-feira a Agroconsult, em um corte de 4,2 por cento ante a estimativa anterior, de 122,8 milhões, em razão da irregularidade climática há mais de um mês.

 REUTERS/Roberto Samora
REUTERS/Roberto Samora
Foto: Reuters

Produtores e representantes já vinham cortando suas expectativas para a safra do maior exportador global da oleaginosa em virtude das temperaturas elevadas e chuvas abaixo da média.

Mais cedo nesta quinta-feira, foi a vez de a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) citar "danos irreversíveis" e reduzir sua estimativa para 118,8 milhões de toneladas.

"Tudo leva a crer que a safra recorde do ano passado não será repetida", afirmou o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, durante coletiva em São Paulo para apresentar o Rally da Safra 2019, expedição agrícola que percorrerá diversos Estados do país nas próximas semanas avaliando as lavouras.

Em 2017/18, o Brasil produziu 119,3 milhões de toneladas de soja.

"Mais importante que a falta de chuvas foi o nível de temperatura extremamente alto alcançado em algumas regiões, o que encurtou o ciclo da soja em algumas regiões, reduzindo o peso do grão", destacou Pessôa, acrescentando que só em Mato Grosso do Sul e Paraná as perdas somadas já chegam a 3,5 milhões de toneladas.

"Onde já tivemos quebra foi em São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Piauí", disse, citando encurtamentos de ciclos de uma semana a até 10 dias em certas áreas produtoras.

Dados do Agriculture Weather Dashboard, do Refinitiv Eikon, mostram que nos últimos dois meses choveu abaixo da média em diversos Estados, desde Paraná e Mato Grosso do Sul, passando por Mato Grosso e Goiás até a fronteira agrícola do Matopiba, composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Em Mato Grosso, líder nacional em produção de soja, há áreas com chuvas de mais de 150 milímetros aquém do normal, como no sudeste do Estado. No Paraná, o segundo maior produtor, os receios se voltam para a porção oeste, onde choveu até 88,3 milímetros a menos.

A falta de chuvas em bons volumes e altas temperaturas afetaram as lavouras em importante momento de desenvolvimento.

Para Pessôa, o viés é de baixa para a safra de soja, já que ainda há riscos climáticos.

Ele explicou que as lavouras apresentaram enraizamento não tão profundo neste ano em algumas regiões em razão justamente de chuvas em bom volume na fase de plantio. Assim, quando as condições ficaram adversas, houve maior estresse sobre as plantas.

Como resultado de uma esperada safra menor e de estoques enxutos após exportações recordes de cerca de 84 milhões de toneladas em 2018, a Agroconsult estima agora embarques de cerca 73 milhões em 2019, quantidade que pode ser diminuída caso ocorram mais cortes na previsão de safra.

O sócio-diretor destacou ainda que a rentabilidade do sojicultor em 2018/19 tende a ser menor, com preços mais baixos, e que a queda do dólar ante o real vem reduzindo o ritmo de vendas.

"Temos algo como 40, 45 por cento da soja comercializada. Não é por conta da guerra comercial (entre China e EUA) que estamos com a comercialização paralisada. Se formos colocar na balança, o fator mais restritivo é o câmbio... Acho que vamos retomar essa comercialização à medida que a colheita se intensifica", afirmou.

Segundo ele, em torno de 50 milhões de toneladas de soja devem colhidas só em fevereiro, contra 30 milhões há um ano.

MILHO

Para o milho, a Agroconsult estima uma safra total de 95,6 milhões de toneladas, divididas em 27 milhões na primeira, colhida no verão, e 68,6 milhões na segunda, a "safrinha", que fica para meados do ano.

Em 2017/18, a produção foi de 80,8 milhões de toneladas, sendo 26,8 milhões na primeira safra e 54 milhões na segunda -esta foi particularmente prejudicada por adversidades climáticas.

O sócio-diretor da Agroconsult disse que a área plantada com milho neste ano deverá aumentar 5,1 por cento, para 17,4 milhões de hectares, com produtores de olho em uma esperada "janela ideal" para semeadura.

A Agroconsult estima exportação de 31 milhões de toneladas de milho neste ano, após cerca de 23 milhões em 2018, mas Pessôa ponderou que a concretização desse volume dependerá de preço na Bolsa de Chicago e câmbio.

"Vistos hoje, esses 31 milhões são mais um desejo, mais um olhar pelo lado da demanda, do que uma tendência mesmo de exportação. Estamos com um desafio", concluiu.

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