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Agenda econômica do governo ainda está longe de adotar um perfil 'verde', dizem especialistas

Último painel do Summit ESG, evento online realizado pelo 'Estadão', trouxe análise sobre as iniciativas socioambientais no governo brasileiro

18 jun 2021 - 15h02
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Se o Ministério do Meio Ambiente pretende "passar a boiada", a agenda econômica do governo brasileiro ainda está distante de adotar um perfil "verde". Questões como a tributação do carbono e o incentivo a programas de empregos sustentáveis, por exemplo, ainda não conseguem avançar com mais afinco no Brasil. Essas reflexões fizeram parte do último painel do Summit ESG, evento online promovido pelo Estadão, que teve como convidados Alberto Bombig, editor da Coluna do Estadão, e Pedro Fernando Nery, consultor de economia no Congresso e colunista do jornal, e mediação da jornalista da Karla Spotorno.

"Falamos tanto de reforma tributária, mas nunca entra a mudança de tributação do consumo ou que tipo de emprego o governo vai subsidiar. Poderíamos estar imaginando algo nesse sentido ao olhar para o futuro", disse Nery.

Para Bombig, o atraso nas políticas sobre os temas não é surpresa porque a agenda ambiental do governo "vai na contramão" do que apontam os especialistas. "Pode parecer pouco, mas, para o meio ambiente, os resultados de uma coisinha pequena que mexe em Brasília são literalmente devastadores."

Em relação à pauta de governança, Bombig apontou a importância da transparência na gestão pública. Citando a aprovação pela Câmara da proposta que flexibiliza a Lei de Improbidade Administrativa, ele afirmou que o debate sobre reformulações é "importante e lícito". No entanto, essa discussão não deve ser feita de maneira acelerada - o que, neste caso, acabou desprezando a própria comissão que foi criada para debater o assunto. "Faltou transparência. A união de A a Z da classe política de todos os partidos, de uma maneira açodada, para diminuir o controle da sociedade civil não indica boa coisa", disse.

Último painel do Summit ESG discutiu iniciativas socioambientais do governo brasileiro.
Último painel do Summit ESG discutiu iniciativas socioambientais do governo brasileiro.
Foto: Reprodução / Estadão

Ainda na agenda ESG, Pedro Nery destacou a atribuição do governo diante do aspecto "social". Apesar do "ímpeto eleitoreiro", ele apontou como positivo o aumento do Bolsa Família para R$ 300.

Entretanto, de acordo com os convidados, há uma discordância entre o presidente Jair Bolsonaro e a agenda do ministro da Economia, Paulo Guedes, que emperra o avanço das pautas. Entre discussões sobre o auxílio emergencial e o impacto econômico da pandemia, segundo Nery, "o difícil mesmo é pensar em uma política (assistencial) permanente". Antes, é preciso entender como esse "embate político" vai ser resolvido, pontuou Bombig.

Nesse contexto, eles veem o governo investindo em pautas "mais simpáticas" na rotina pré-eleição ainda este ano, sendo difícil andar com reformas mais estruturais. Segundo eles, afetado pela pandemia, Jair Bolsonaro deve apostar em "campanhas otimistas" ao pensar em 2022.

Estadão
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