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AES quer acelerar expansão no Brasil após acordo com BNDES por AES Tietê

29 jul 2020 - 17h30
(atualizado às 19h27)
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A norte-americana AES Corp pretende acelerar a expansão de sua unidade de energia renovável no Brasil, AES Tietê, após ter chegado nesta semana a um acordo com o BNDES para a compra de parte das ações do banco estatal na companhia que envolveu cerca de 1,27 bilhão de reais.

04/06/2019. REUTERS/Rodrigo Garrido
04/06/2019. REUTERS/Rodrigo Garrido
Foto: Reuters

O crescimento da AES Tietê focará possíveis aquisições de ativos eólicos, podendo aproveitar eventuais oportunidades surgidas com a crise do coronavírus, e a busca por contratos de longo prazo para desenvolver usinas de geração limpa que atendam diretamente à demanda de clientes, disse à Reuters nesta quarta-feira o chefe da AES na América do Sul, Julian Nebreda.

O executivo confirmou ainda que a AES pagará 17,15 reais por ação no negócio fechado com o BNDESPar, o que representa um total de 1,265 bilhão de reais por 18,5% do capital social da AES Tietê.

"A operação confirma nossa confiança no mercado brasileiro, na economia do Brasil e nas oportunidades que o mercado brasileiro oferece. O modelo da Tietê representa o futuro do setor elétrico e é o que a AES quer fazer globalmente", disse Nebreda, em conversa por vídeo-conferência.

Após a conclusão do negócio, a AES Tietê deverá migrar para o segmento de listagem Novo Mercado da bolsa paulista B3, que exige padrões mais elevados de governança corporativa e determina que as empresas devem ter apenas ações ordinárias em circulação, com direito a voto.

Nebreda disse que essa migração deverá envolver a conversão de todas ações da geradora em ordinárias, com possibilidade de que detentores de papéis preferenciais recebam o mesmo número de papéis ordinários.

"Nós vamos para o Novo Mercado com uma relação de troca de um para um... os termos de troca não vão ter desconto, nem prêmio", afirmou.

CRESCIMENTO

O executivo também disse que o grupo norte-americano pretende agora acelerar o crescimento no Brasil por meio da AES Tietê, o que poderá envolver aquisições principalmente de ativos eólicos que já possuem contratos para venda da produção.

"Estamos concentrando M&A (fusões e aquisições) em projetos eólicos... o mercado eólico brasileiro é muito disperso, tem muito investidor que tem um projeto, dois. Acho que há uma grande oportunidade de consolidação. Nós queremos jogar esse papel de consolidar, há muita oportunidade."

A empresa já tem avaliado alguns possíveis negócios, principalmente envolvendo ativos com contratos fechados em leilões de energia realizados pelo governo, no mercado regulado, acrescentou Nebreda, embora a compra de projetos novos ("greenfield") não seja descartada.

Especialistas têm apontado nos últimos meses que a crise econômica esperada como consequência da pandemia de coronavírus deverá favorecer possíveis compras de ativos de energia, uma vez que algumas empresas perderão condições de tocar obras ou precisarão fazer caixa.

Segundo Nebreda, que preside o conselho da AES Tietê, o apetite da empresa será principalmente por parques eólicos com potência de entre 250 megawatts e 350 megawatts em capacidade.

De outro lado, a companhia buscará apostar no que vê como "o futuro" do setor elétrico, com tecnologias como baterias e o desenvolvimento de soluções para fornecer energia ininterruptamente ("24x7") a clientes como grandes empresas.

A elétrica anunciou recentemente negócios nesses moldes --um para fornecimento de energia à mineradora Anglo American por 15 anos e um para construção de uma usina eólica para a Unipar Carbocloro. Parques eólicos resultantes desses acordos somarão investimentos de quase 1,3 bilhão de reais.

"Isso está acontecendo no Brasil e no mundo inteiro", disse Nebreda, ao acrescentar que o país tem grande potencial para novos negócios nesses moldes e que mesmo a crise do coronavírus não impedirá o desenvolvimento do mercado.

A AES Tietê possui atualmente 3,7 gigawatts em capacidade instalada, sendo cerca de 2,7 gigawatts em hidrelétricas e o restante em usinas eólicas e solares construídas ou adquiridas mais recentemente.

Antes do negócio com o BNDESPar, a empresa chegou a ser alvo de ofertas de incorporação da elétrica brasileira Eneva.

Mas o conselho da AES Tietê rejeitou uma proposta da rival em abril, sob o argumento de que ela subavaliava a companhia e não fazia sentido estratégico, dado o foco da AES em renováveis.

A Eneva, que opera térmicas a carvão e gás natural, ainda tentou negociar a compra da fatia do BNDESPar na geradora renovável para lançar uma nova oferta de incorporação da AES Tietê, mas viu a proposta ser recusada pelo banco estatal.

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