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Ações e moeda argentinas desabam 30% com queda em chance de reeleição de Macri

12 ago 2019 - 15h17
(atualizado às 18h36)
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As ações e a moeda da Argentina despencaram 30% nesta segunda-feira, com temores de um possível retorno às políticas intervencionistas, depois que o ortodoxo presidente Mauricio Macri perdeu por uma margem muito maior do que a esperada para a oposição nas primárias presidenciais.

Operação de câmbio entre dólar e peso argentino em Buenos Aires 
22/01/1999
REUTERS/Rickey Rogers
Operação de câmbio entre dólar e peso argentino em Buenos Aires 22/01/1999 REUTERS/Rickey Rogers
Foto: Reuters

O peso recuperou parte das perdas, negociado a 52,15 por dólar, depois de ter caído para uma mínima histórica de 61,99 por dólar. O banco central vendeu 50 milhões de dólares de suas próprias reservas para defender a taxa de câmbio.

O principal índice de ações do país registrou a maior queda de sua história, com todos os componentes no vermelho, enquanto o custo de proteção contra um calote da dívida soberana da Argentina disparou quase 1.000 pontos-base.

Desafiando expectativas, o candidato de oposição Alberto Fernández --cuja companheira de chapa é a ex-presidente Cristina Kirchner-- dominou as primárias com uma margem maior do que a esperada, de 15,5 pontos percentuais, comprometendo as chances de reeleição de Macri.

Fernández disse que buscará "retrabalhar" o acordo do tipo standby de 57 bilhões de dólares da Argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI) se vencer a eleição geral de outubro.

A preocupação do mercado é que haja descontinuidade da atual política e volta do intervencionismo, conforme experimentado anteriormente pelo governo de Kirchner.

A vitória dos peronistas Fernández e Kirchner "abre caminho para o retorno do populismo de esquerda que muitos investidores temem", disse a consultoria Capital Economics em nota.

"O que não está claro é exatamente como Fernández e Kirchner pretendem conduzir a política econômica se chegarem ao poder", disse Alejo Czerwonko, estrategista de mercados emergentes da UBS Global Wealth Management.

As preocupações continuam altas e têm a ver com questões como a composição da equipe econômica --quem vai supervisionar seu desenho e implementação, qual a relação que o novo governo terá com o FMI, entre outros, disse Czerwonko.

Embora os ativos argentinos devam permanecer pressionados no futuro próximo, Czerwonko, da UBS, concorda com alguns analistas segundo os quais o medo de contágio a outros mercados latino-americanos e mercados emergentes ainda é baixo, já que os problemas da Argentina são "autoinfligidos e muito idiossincráticos".

De acordo com Win Thin, chefe global de estratégia cambial da Brown Brothers Harriman, em termos de negociação global o mercado cambial da Argentina não tem impacto mensurável. Ele não espera um contágio em mercados emergentes.

"É um mercado muito pequeno", disse Thin. "Desde que Macri reabriu os mercados, adotou algumas medidas pró-mercado, tem havido pouca atividade no peso e ativos argentinos em geral", completou.

Macri assumiu o poder em 2015 com promessas de recuperar o país por meio de uma onda de liberalização. Mas a recuperação prometida não se materializou e a Argentina está em recessão, com inflação de mais de 55%.

Uma forte crise financeira no ano passado afetou o peso e forçou Macri a tomar um empréstimo junto ao FMI em troca da promessa de equilibrar o déficit argentino.

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