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A crise do Coronavírus: os reflexos e legados na economia brasileira

Economista elenca três pontos essenciais para que o país possa sair da pandemia com maior agilidade e menos sequelas

23 mai 2021 - 09h02
(atualizado em 24/5/2021 às 16h11)
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Comércio durante a pandemia
Comércio durante a pandemia
Foto: Shutterstock / Finanças e Empreendedorismo

Com a alta propagação do Coronavírus e o surgimento de novas cepas ainda mais transmissíveis e agressivas, o mundo todo vive hoje um momento extremamente difícil, delicado e caótico. Número de vidas perdidas batendo recorde a cada 24h, hospitais cheios, desemprego nas alturas, lockdown: esses são alguns dos assuntos mais discutidos atualmente nos noticiários brasileiros e que afetam toda a nação.

A situação atual do cenário econômico brasileiro está diretamente ligada aos reflexos que a pandemia da Covid-19 causou e vem causando no país. Para explicar um pouco mais a fundo sobre o atual momento econômico do país, o Finanças & Empreendedorismo conversou com Ulisses Ruiz de Gamboa, que é professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica. 

Para ilustrar o momento em que o país se encontra, Gamboa utilizou uma analogia simples, mas que reflete bem a situação. Segundo ele, economicamente, o Brasil é um paciente que saiu da UTI e, quando estava saindo do hospital, foi atropelado por um caminhão. "O Brasil já não vinha com um crescimento bom, visto que ele caminhava nos últimos anos (2017, 2018 e 2019) em um cenário de recuperação econômica. Veio a pandemia e o que aconteceu? Provocou um duplo choque econômico no Brasil, já que ela não só fez cair a produção, por conta da falta de insumo e necessidade de isolamento, como também ocasionou uma queda brutal de renda e emprego. Ou seja, tanto a produção como o gasto privado (consumo) caiu totalmente", explica.

De acordo com Gamboa, os prognósticos econômicos do ano passado eram ainda mais tenebrosos do que foi a realidade e apontavam para uma queda de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Contudo, o país fechou 2020 com uma queda de 4,1%, o que, segundo o economista, só aconteceu por conta das medidas econômicas adotadas durante o ano, como a implementação do Auxílio Emergencial e os benefícios liberados como socorro às empresas.

Porém, essas medidas, ainda assim, não conseguiram segurar todas as "pontas" deste momento. "Só 15% das micro e pequenas empresas conseguiram crédito empresarial e essa, sem dúvidas, economicamente falando, foi a classe empresarial mais afetada. Poucos tem estrutura de delivery, venda online. E são essas empresas que são as principais geradoras de atividade econômica no país, são elas as que mais empregam e que são responsáveis por 73% do PIB", explica Gamboa.

Alguns dos reflexos dessa realidade é o altíssimo índice de desemprego, a crise avassaladora no setor de serviços e as pessoas de baixa renda vendo sua renda ficando cada dia menor. "É uma situação extremamente complicada. A pobreza dobrou, vemos gente que não morava na rua indo para a rua, o desemprego altíssimo. A saúde vem em primeiro lugar, é o bem mais precioso, mas precisamos estabelecer políticas que sejam compatíveis para também salvar a economia. O grande problema é que a nossa situação fiscal já era muito precária, mas em 2020, com a queda de arrecadação e o Auxílio, a situação fiscal piorou", lamenta Gamboa, frisando a dificuldade que o governo vem encontrando em equilibrar as contas públicas e reforçando que este equilíbrio é realmente muito difícil na situação atual. 

Há luz no fim do túnel?

O caminho a percorrer dentro do túnel ainda é longo, mas como feixe de luz no fim de toda essa situação, o economista fala de três pontos que ele vê como essenciais para que o país possa passar dessa pandemia com maior agilidade e com menos sequelas: a imunização, o auxílio aos trabalhadores informais e o crédito aos micro e pequenos empresários. 

"Estamos vivendo uma política econômica de tempos de guerra. Não dá para pensar em longo prazo, tem que cuidar do hoje. Só temos que tomar cuidado para que isso não seja uma desculpa para aumentos permanentes de despesas públicas", alerta Gamboa. 

Daqui para frente

Para este ano, a expectativa é que o PIB tenha um aumento ainda neste primeiro trimestre de 2021, contudo, para que o país realmente continue seguindo em frente, social e economicamente, o economista acredita que é de extrema importância que a vacinação seja acelerada. "A vacinação vai ter que ser acelerada. Estamos vivendo uma catástrofe humana. Vidas estão sendo perdidas, famílias estão sendo desmembradas", pontua.

Gamboa ainda finaliza com um apelo: "A gente precisa pensar no outro. Eu entendo a fadiga do isolamento, o cansaço de toda essa situação. Eu mesmo queria poder estar conversando com os amigos, me reunindo com as pessoas. Mas precisamos pensar no outro, e não só da boca para fora! Pensar na tua família, teu vizinho, as pessoas do trabalho. Precisamos ter uma maior responsabilidade com a vida do outro".

Finanças e Empreendedorismo
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