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5G deve crescer mais rápido do que o previsto, dizem especialistas 

Em debate da organização Esfera Brasil, executivos do setor e representantes do governo afirmaram que a nova tecnologia de telecomunicação deve se disseminar no Brasil de forma acelerada

16 set 2021 - 18h49
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SÃO PAULO - A ativação do 5G tende a acontecer mais rápido do que o previsto dentro das metas do edital para o leilão, estimou o presidente da Nokia Brasil, Ailton Santos. "Acredito em uma adoção mais rápida do que aquilo que tem sido anunciado. Quem chega primeiro tem mais chance de prosperar. Então, as operadoras devem se antecipar e nos surpreender rapidamente", avaliou o executivo, durante debate sobre o 5G organizado pela organização Esfera Brasil.

O edital do leilão do 5G está em fase final de apreciação pelo conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e prevê que a ativação do sinal deve ocorrer até julho de 2022 nas capitais - embora esse prazo ainda possa ser revisto devido aos atrasos na definição do certame.

Santos projetou que o setor industrial vai correr para adotar aplicações capazes de melhorar os níveis de produtividade dentro de suas plantas. Ele lembrou que o 5G vai oferecer velocidades mais altas de tráfego de dados e níveis menores de latência. Isso permitirá o corte de desperdícios na produção, diminuição de prazos e ganhos de eficiência de modo geral, abrindo espaço para o desenvolvimento da chamada 'economia de precisão', explicou.

"O 4G trouxe muitas novas aplicações e tirou da equação as empresas que não conseguiram se adaptar. O 4G não foi apenas opção, mas necessidade para empresas. Agora, o 5G vai trazer o mesmo desafio para as indústrias", comparou o presidente da Nokia Brasil. "A indústria também vai se mexer para evoluir mais rápido do que se imagina".

O secretário de telecomunicações do governo federal, Artur Coimbra, calculou que o Brasil terá aproximadamente 20 milhões de dispositivos funcionando em ecossistemas de 'internet das coisas' - isto é, tráfego de dados entre aparelhos sem a necessidade de conexão humana. "Esperamos um grande aumento na produtividade da indústria diante dessa grande possibilidade de automação", frisou Coimbra, que também participou do debate.

O secretário citou que, desde 2013, há um crescimento no número de conexões por redes móveis em substituição às conexões por redes fixas. Isso aconteceu porque o uso de computadores de mesa cedeu espaço para tablets e, principalmente, smartphones.

O mercado móvel tem um longo caminho pela frente, na visão de Coimbra, o que será beneficiado pela chegada da internet móvel de quinta geração. "O 5G ajudará a levar internet rápida para localidades e segmentos que têm dificuldade de acesso à internet em redes fixas", disse o secretário. Esse é o caso de empresas localizadas em regiões com pouca ou nenhuma disponibilidade de redes de fibra óptica até condomínios residenciais em prédios antigos, sem dutos para passagem de redes.

Já o presidente da Oi, Rodrigo Abreu, disse no mesmo evento esperar três ondas de novidades a partir do 5G. "São três grandes de blocos de aplicação que vão se desenvolver a partir da nova conectividade", comentou o executivo. A primeira delas é o aperfeiçoamento de aplicações que já existem, como serviços de streaming, aplicativos variados e conexões em ambientes de aglomerações, por exemplo.

A segunda onda será a da internet das coisas, com a massificação de plantas industriais conectadas, cidades inteligentes, monitoramento de lavouras, entre outros. Por fim, a terceira onda é aquela que depende de um ecossistema mais conectividade mais desenvolvido, chegando até cirurgias à distância e carros autônomos. "Essa deve demorar um pouco mais para acontecer", disse Abreu.

O presidente da Qualcomm, Luiz Tonisi, concordou que ainda não existe uma entidade - empresa ou setor econômico - que vai emergir como o "grande campeão" na era do 5G. Na sua visão, as novidades em termos de aplicações vão ficar mais claras ao longo dos próximos anos, à medida que a nova geração de internet esteja disponível em larga escala.

A Qualcomm tem parceria com o BNDES em um fundo nacional para estudos e testes de internet das coisas, com objetivo de contribuir para o desenvolvimento de aplicações que façam sentido para a matriz econômica do País. "Fala-se que o 5G vai gerar um ganho de US$ 1,2 trilhão para a economia brasileira até 2025. Mas de onde isso virá", questionou Tonisi durante o debate.

Daí a importância de promover estudos das novas aplicações, defendeu. Esse movimento, combinado com a atração de capital privado de investidores em startups, tem potencial para multiplicar os unicórnios no Brasil - startups com processos disruptivos e avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.

Estadão
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