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Rio de Janeiro: em 2021, três a cada quatro chacinas aconteceram durante operações policiais

As informações apontam ainda que a região do Grande Rio registrou 4.653 trocas de tiro no ano passado, uma média de 13 tiroteios por dia; 181 agentes de segurança foram baleados e 82 morreram

12 jan 2022 - 11h50
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Imagem mostra diversos militares durante operação policial no Rio de Janeiro
Imagem mostra diversos militares durante operação policial no Rio de Janeiro
Foto: Imagem: Reprodução/Agência Brasil / Alma Preta

Dados do Relatório Anual 2021, do Instituto Fogo Cruzado, mostram que três a cada quatro chacinas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro aconteceram durante ações e/ou operações policiais. Entre as 61 chacinas de 2021, 46 ocorreram durante essas operações, resultando em 195 mortos.

De 2020 para 2021, o número de mortes em chacinas ocorridas na região metropolitana do Rio apresentou aumento de 50%. Em 2020, o instituto registrou 170 mortes. Já em 2021, o quantitativo subiu para 255 óbitos. Para o Fogo Cruzado, considera-se chacina todo episódio em que três ou mais civis são assassinados em uma mesma situação.

Outros dados do relatório destacam que houve 4.653 tiroteios no Grande Rio no período analisado, uma média de 13 tiroteios por dia. Ao todo, 2.098 pessoas foram baleadas. Além disso, 181 agentes de segurança foram baleados na Região Metropolitana em 2021.

Tiroteios

De acordo com o relatório, os tiroteios na Região Metropolitana do Rio de Janeiro se mantiveram praticamente estáveis no ano passado. Foram 4.653, em comparação com 4.585 em 2020. Dos 4.653 tiroteios, a motivação foi identificada em 1.985 deles. Os principais motivos dos disparos foram ações ou operações policiais (1.354), homicídios ou tentativas de homicídio (348), roubos ou tentativas de roubo (276), disputas (114) e brigas (32).

Em média, 32% das trocas de tiro (1.510) aconteceram em um raio de 300 metros de uma unidade de saúde. Cerca de quatro tiroteios por dia próximos a essas unidades foram registrados, sendo um deles durante ação policial. O Instituto Fogo Cruzado aponta ainda que das 4.190 unidades de saúde presentes na região metropolitana do Rio, 1.688 delas foram afetadas por tiroteios no seu entorno.

Em 2021 também houve 444 tiroteios ou disparos de arma de fogo próximos a corredores de transportes, número quase igual ao de 2020 (440).

Locais afetados

As informações afirmam que a zona norte da capital fluminense foi a mais impactada pela violência armada, concentrando mais tiroteios (1.418) do que a zona oeste, centro e zona sul juntos. Além disso, os tiroteios nas rodovias do Rio correspondem a 62% (274) dos registros. Em seguida, vieram BRTs (125), trens (108), metrô (33) - somente a parte não subterrânea da Linha 2, entre a Cidade Nova e a Pavuna -, e VLT (3).

Dos 21 municípios que fazem parte da região metropolitana, a cidade do Rio concentra 54% dos tiroteios (2.510). Em seguida aparecem São Gonçalo (649), Duque de Caxias (322), Belford Roxo (279) e Niterói (253). Os cinco bairros mais afetados foram, na ordem: Praça Seca, Vila Kennedy, Tijuca, Olavo Bilac (em Duque de Caxias) e Complexo do Alemão.

Crianças e adolescentes

A violência armada não poupou nem os mais jovens, segundo o relatório. Em 2021, 17 crianças e 43 adolescentes foram baleados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Desse número, quatro crianças e 15 adolescentes não resistiram e morreram. Em 2020, foram 22 crianças e 40 adolescentes baleados no Grande Rio.

"Muito se fala na proteção de crianças e adolescentes, mas quase nada é feito para garantir isso. Os dados mostram que eles estão sendo feridos, mortos, que têm problemas psicológicos, mas pouco ou nada é feito por aqueles que têm o dever constitucional de garantir um crescimento saudável e com direitos garantidos para estes pequenos cidadãos", declara a diretora do Instituto Fogo Cruzado, Cecília Olliveira, por meio de nota oficial.

Policiais não saem ilesos

Ao todo, 181 agentes de segurança foram baleados no Grande Rio em 2021. Entre as vítimas, 82 morreram. Os Policiais Militares foram a categoria mais afetada pela violência armada, representando 77% do total de baleados.

Cecília Oliveira lembra que, atualmente, o plano de segurança do Rio de Janeiro não consta em nenhum lugar. "Isso dificulta que jornalistas, pesquisadores e gestores públicos cobrem medidas que poupam a vida dos agentes de segurança pública, já que não temos sequer um plano de segurança para nos basear", completa.

Em 2020, 142 agentes de segurança foram baleados, sendo 54 mortos e 88 feridos. Em 2021, esse número subiu para 181, sendo que 82 morreram, 52% a mais do que em 2020.

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Alma Preta
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