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Do nascer ao conhecimento: Priorização de quem você realmente é

A série "Estudantes na Alma Preta" traz as histórias de jovens da rede estadual de ensino da Bahia narradas a partir da perspectiva deles

16 dez 2021 - 11h12
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Foto: Imagem: Alma Preta Jornalismo / Alma Preta

O que você sabe sobre sua história?

Descobrir quem você realmente é e o que você quer para você e para sua vida requer muita força e coragem, porque admitir erros e defeitos não é para muitos. Ao longo da caminhada da vida, nós percebemos que tudo que precisamos e merecemos é o conhecimento, visto que o que ganhamos jamais nos pode ser retirado.

O primeiro conhecimento que adquirimos quando crescemos é o que somos. Diferente de todas as outras crianças que foram para escola com 3/4 anos, eu fui com 5. Eu já sabia ler e escrever porque a minha mãe era professora e naquela época estava desempregada e me concebeu todo ensinamento. Demorei 1 ano para ir à escola porque naquela época os meus pais estavam desempregados e o melhor que me pudesse ser oferecido eles queriam poder me dar.

Então, no ano seguinte meu pai começou a fazer alguns trabalhos como pedreiro, conversou com a diretora da escola ABC da Emília (escola particular) e com ajuda do meu padrinho que comprou todos os meus materiais e o que faltava, eu fui. Cheguei lá e por já saber escrever e ler, algumas professoras queriam me adiantar, os meus pais preferiram me deixar passar por toda aquela fase e entender a situação e como diferia ter algo melhor.

Foi lá que cresci, estudei até o quinto ano do ensino fundamental 1. Lá era minha segunda casa e fui muito bem ensinada, acolhida. Nesse período, descobri o amor pela leitura, comecei a criar coleções de revistinhas, principalmente da "Turma da Mônica", as minhas favoritas, nesse caminho eu me apaixonei por medicina, a minha mãe havia feito um curso técnico de enfermagem e eu sempre brincava com o seu estetoscópio, falava que iria cuidar de muitas crianças e até hoje busco pelo meu sonho.

No ensino fundamental 2 eu passei a estudar na cidade de Alagoinhas, que fica a 8 km de distância, no colégio Dimensão, onde estudava por uma bolsa escolar, estudei lá até o nono ano do ensino Fundamental 2, a qual tem grande importância na minha formação escolar e pessoal. Contudo, foi lá que comecei a ter experiências com a escrita, passei por alguns momentos difíceis e tudo que me aliviava era escrever.

No oitavo ano, a professora Railza, que dominava a matéria de Recursos Humanos nos fez a proposta de escrever um livro; a qual haveria de ser desenvolvido pelo tema abuso de drogas, na escrita desse livro, com a experiência e a nota recebida me tornei mais próxima das palavras, foi uma experiência que guardarei para vida toda, mudou o meu conceito existente e ajudou no ganho de responsabilidade, maturidade de vida.

No ano de 2019 entrei para o ensino médio. No meu conceito essa era uma enorme conquista, mas foi um ano tóxico, estava em um âmbito escolar tóxico e em relacionamentos sejam eles amizades ou pessoal. Comecei a estudar no Centro Territorial de Educação Profissional do Litoral Norte e Agreste Baiano (Cetep/Lnab), onde estou completando o terceiro ano e faço curso técnico de Nutrição e Dietética. Nesse ano tive a minha primeira experiência no Enem, confesso que não estudei, mas, percebi que o que eu quisesse fazer eu conseguiria.

Foi também nesse ano, na aula de metodologia do trabalho científico, que foi proposto a criação de projetos científicos pela professora Tânia Pinto do Santos Souza, que eu e a Ariele de Oliveira tivemos a ideia de inovar e citar um tema que tenha muita importância na sociedade e precisa ser tratado; a prevenção do suicídio. O nosso projeto se chama "Believe" e tem como intuito conscientizar e sensibilizar as pessoas para evitar o acontecimento do ato.

Hoje em dia, a professora Tânia Pinto é nossa orientadora oficial e o nosso projeto está em andamento, nas buscas de mais informações e melhoria; também estamos participando de Feiras Nacionais e atualmente estamos na FECIBA (Feira Nacional de Ciências da Bahia).

Prestes a acreditar que tudo seria melhor, a Covid-19 chegou, o nosso projeto ficou impedido de realizar todas as ideias propostas, tivemos que nos reinventar e não falo só do projeto, mas do pessoal. A partir daquele momento encerrei ciclos e fui em busca da minha saúde física e mental, estável. Me afastei das redes sociais e de pessoas que só me atrasaram e não me arrependo, aquilo estava sendo mais do que eu podia aguentar.

Diante a tantos traumas desanimaram, mas fiquei confiante que aquele era o caminho certo. Ao me colocar em primeiro lugar e colocando tudo que eu quero e acredito, comecei a me perguntar em como pessoas preferem priorizar os outros do que a si mesmas. Me pergunto porque elas se deixam tanto em segundo plano, quando a pessoa mais importante que existe é si própria?

Estamos numa sociedade onde o ego é maior que tudo e se priorizar é um problema. Buscando melhorar, comecei a me alimentar melhor, a praticar exercícios, como a ioga, me permiti a entrega do silêncio e menos julgamento, só eu e eu. Se priorizar não deveria ser um problema, nem muito menos se afastar do que não te faz bem, tanto pessoas quanto coisas e lugares. Devemos pensar: isso vale a pena, eu mereço isso? Isso não é uma competição de quem vai mais longe ou quem merece mais, é conhecimento de si mesmo.

Sobre a autora: Geovana Acelino é uma jovem de 18 anos, moradora da cidade de Aramari, na Bahia, e estudante do Ensino Médio no CETEP - Centro Territorial de Educação Profissional.

Alma Preta
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